quarta-feira, setembro 08, 2021

“A Arte da Guerra”


Esta semana, naturalmente, o “A Arte da Guerra” é dedicado ao 11 de Setembro. Pode ver e ouvir clicando aqui: https://fb.watch/7UO8uDOKD0/

5 comentários:

Luís Lavoura disse...

naturalmente, o “A Arte da Guerra” é dedicado ao 11 de Setembro

Não vejo nada de natural nessa escolha. O 11 de Setembro já foi há vinte anos. Já interessa muito pouco. Já estou farto de ouvir falar dele.

Joaquim de Freitas disse...

Venderam-nos e ao mundo inteiro, a visão convencional: os ataques de 11 de Setembro foram realizados por 19 muçulmanos fanáticos agindo sob as ordens de Osama bin Laden, o fundador e líder da Al-Qaeda, que, supostamente, estava refugiado e protegido pelo regime talibã no Afeganistão; e a invasão tornou-se necessária quando eles teimosamente se recusaram a entregá-lo às autoridades americanas.

Todos lemos isso, Senhor Embaixador.

A administração Bush então iniciou uma campanha de bombardeio e invasão do Afeganistão, afirmando a necessidade de capturar ou matar Bin Laden e esmagar a sua organização terrorista para que eles não pudessem lançar outro ataque mortal à pátria americana.
(Esta lenga lenga será repetida um pouco mais tarde para justificar a invasão do Iraque, por causa das AMD….)
O problema com esta narrativa é que a alegação de que o Talibã teimosamente se recusou a entregar Bin Laden não é verdadeira.
A CNN informou em 21 de Setembro de 2001,
“O Talibã... recusou-se a entregar Bin Laden sem provas ou provas de que ele estava envolvido nos ataques da semana passada aos Estados Unidos. ... O embaixador talibã no Paquistão... disse sexta-feira que deportá-lo sem provas equivaleria a um "insulto ao Islão".

A CNN também forneceu uma explicação para a "recusa" do Talibã, relatando: "O próprio Bin Laden já negou ter algo a ver com os ataques, e autoridades talibãs disseram repetidamente que ele não poderia estar envolvido nos ataques".

Assim, os talibãs não estavam realmente se recusando a entregá-lo, mas sim exigindo que certas condições fossem satisfeitas antes de fazê-lo. Isso não é incomum. Os governos têm rotineiramente normas probatórias que devem ser cumpridas antes de concederem um pedido de extradição. Bush, no entanto, não estava de bom humor diplomático, e disse ao Talibã que "as exigências não estavam abertas a negociações ou discussões".

(Procedeu da mesma maneira para recusar o resultado da inspecção da ONU ,das famosas AMD, no Iraque, porque o que queria era “INVADIR”. Ponto.)

A recusa da administração Bush em colocar qualquer evidência sobre a mesa tornou extremamente difícil, se não impossível, para o Talibã entregar Bin Laden. O Washington Post publicou uma matéria em Outubro de 2001 que citava Milton Bearden, um ex-funcionário da CIA, que disse que o Talibã precisava de uma "fórmula que salva o rosto". Enquanto a administração Bush dizia: "Desista de Bin Laden", os talibãs diziam: "Faça algo para nos ajudar a desistir dele."

Mesmo depois que as bombas americanas começaram a cair em Outubro, o Talibã tentou negociar oferecendo entregar Bin Laden a um terceiro país se os Estados Unidos cessassem as hostilidades e fornecessem evidências de sua culpa.

Mas Bush permaneceu inflexível, dizendo: "Não há necessidade de discutir inocência ou culpa. Sabemos que ele é culpado." O London's Guardian, relatando esta história, publicou um artigo intitulado "Bush rejeita oferta talibã para entregar Bin Laden".

O caso do governo dos EUA contra Osama bin Laden não foi bom o suficiente para levar ao tribunal, mas foi bom o suficiente para levar o país à guerra, uma guerra que matou ou mutilou inúmeras pessoas que não tinham absolutamente nada a ver com os ataques de 11 de Setembro.

E culminou vinte anos mais tarde na vergonhosa retirada de Biden , que Trump lhe trouxe numa bandeja, plena de armadilhas nas quais Biden caiu.

Pobres dos afegãos e dos soldados que, mais uma vez, partiram defender o indefensável, para remeter o Afeganistão sobre numa bandeja aos Talibã.

Jaime Santos disse...

Os EUA foram atacados por uma organização terrorista sediada no Afeganistão, a administração Bush não dispunha na altura senão de provas indiretas sobre a responsabilidade moral de Bin Laden e da Al-Qaeda nos ataques, os americanos reclamam por sangue e os Taliban pedem provas para extraditar Bin Laden...

Segundo o posso entender, o Joaquim de Freitas considera que muito naturalmente os americanos deveriam sentar-se e esperar que as autoridades policiais descobrissem essas provas...

O 11 de Setembro foi um ato de guerra (pior do que Pearl Harbour, onde o que foi atacado foi uma base militar), não um mero caso de polícia. Sabe o que é que a invasão da Afeganistão foi? Uma ação exemplar que visava antes de tudo liquidar a estrutura da Al-Qaeda.

E já se sabe que a ocupação teve enormes custos em vidas humanas, militares e civis, mas pelo menos uma coisa boa emergiu dela, durante 20 anos muita gente viveu livre dos Taliban.

Presume-se que ter vivido sob o seu jugo seria também a alternativa que o Joaquim de Freitas recomendaria... Mesmo para quem é um admirador da Ostalgie, olhe que viver na RDA não é a mesma coisa que viver num regime medieval.

Claro, a monarquia constitucional afegã teria sido preferível a estes dois cenários, mas ninguém mandou o PM afegão depor o Rei e aos comunistas afegãos deporem-no (matando-o) por sua vez... Sim, a origem da tragédia afegã está na imposição de valores externos às tradições afegãs no longínquo ano de 1978... Putin parece que tem má memória, um problema que afeta a generalidade dos líderes políticos.

Nada que no fundo o preocupe, claro. O meu caro vive numa democracia de que escarnece (exceto para elogiar a oferta hoteleira que ela lhe proporciona) e ela dá-lhe todo o direito de o fazer... Até pode abandoná-la e regressar (ou não), não exatamente uma coisa a que os alemães orientais (ou os afegãos) pudessem ou possam aspirar...

https://www.youtube.com/watch?v=fH_T0vIZaGo

A fazer lembrar aquela citação latina que diz que quem clama inocência a uma acusação que não foi feita, admite a culpa :) ...

Joaquim de Freitas disse...

Quando a cegueira não permite ver mais longe, debita-se comentários como o precedente de Jaime Santos.

Vejamos um pouco mais longe:

Um bando de maltrapilhos terroristas abjectos voltou ao poder em Cabul, graças à América. E mais bem armados que nunca.

O escritor Christopher Hitchens, falando em 2003,capturou o espírito da época. "Vendo as torres caírem em Nova York, com civis incinerados nos aviões e nos edifícios", disse ele, senti algo que não entendi no início. "Eu só estou um pouco envergonhado para dizer-lhe que este era um sentimento de alegria." Aqui estamos então, pensava eu, numa guerra até o fim entre tudo o que amo e tudo o que odeio. Vamos ganhar e eles vão perder.'

Só que, os americanos não ganharam. O perigo que o terrorismo jihadista representava para os EUA
, embora sério, nunca foi verdadeiramente existencial; A Al Qaeda desmoronou logo após o seu maior triunfo. No entanto, os danos que 11 de Setembro fez aos Estados Unidos foi mais profundo do que muitos pessimistas previram.

Os ataques, e a resposta, catalisaram um período de declínio que pôs a América no enlouquecido poder que são hoje. A América lançou uma cruzada global de má fé para incutir democracia no mundo muçulmano e acabou com a sua própria democracia em farrapos

Bin Laden não construiu a armadilha em que a América caiu. Ela construiu-a ela mesmo. Por todo o mal que 11 de Setembro fez à América, inicialmente não conseguiu o que Bin Laden pretendia.

Ele esperava que um enorme movimento antiguerra exigiria a retirada das tropas americanas de países de maioria muçulmana. Ele odiava a América, mas não entendia nada.
O grupo se despedaçou após o colapso do regime talibã, e a maioria dos seus principais líderes foram mortos ou capturados”. Aqueles que sobreviveram esconderam-se e perderam a capacidade de realizar grandes assaltos no exterior. A América poderia ter se declarado o vencedor da guerra no final de 2001, poupando inúmeras vidas, trilhões de dólares e a sua honra nacional.
Em vez disso, permaneceram no Afeganistão e invadiram o Iraque, onde a guerra semeou o caos que permitiria a ascensão do EI. Com o tempo, o ISIS, originalmente um spinoff da Al Qaeda, veio para eclipsar o grupo fundado por Bin Laden.
Mas isso não significa que Bin Laden falhou. Hoje, a Al Qaeda reconstituiu-se — agora é muito maior do que era há duas décadas. E os Estados Unidos em Setembro de 2021 estão em péssima forma. Há 20 anos, eram crédulos e perdidos. Agora estam azedos, desconfiados e sem ideais perceptíveis.
"O avanço da liberdade é o apelo do nosso tempo; é o apelo do nosso país", disse George W. Bush em 2003. Mas esta época de jingoísmo agressivo, perfil étnico, paranoia crescente, tortura, prisões secretas, soldados sem garra, civis mortos e sonhos imperiais frustrados deixaram a liberdade em debandada globalmente e “à la maison” !
O próprio partido político de Bush radicalizou contra a democracia. A fé na liberdade humana curvou-se para a estupidez dos anti-vaxxers.
Desde 11 de Setembro, mais americanos foram mortos por terroristas de extrema-direita do que por jihadistas. Supremacistas brancos recrutaram veteranos desiludidos da guerra contra o terror e encorajaram os seus apoiadores a juntarem-se aos militares para ganhar experiência táctica. Das 569 pessoas que o Departamento de Justiça acusou na insurreição de 6 de Janeiro, pelo menos 48 têm laços militares. Eles ressurgirão ainda um dia. O Sr. Jaime Santos verá. Ou não!
Quer instruir-se? Leia "Reign of Terror: Como o 9/11 Desestabilizou a América e Produziu Trump". Pois ! '
(Continua, com a permissao do Senhor Embaixador)

Joaquim de Freitas disse...

(SUITE)

A loucura que tomou conta deste país após o 11 de Setembro com a ascensão de um presidente que, entre outras coisas, fez campanha com a promessa de acabar com a imigração muçulmana e trazer de volta a tortura.
"A condição dolorosa de não paz nem vitória, contra um inimigo visto como praticamente sub-humano, exigia vingança"
Para "Trump foi o seu instrumento. Declarando a sua candidatura presidencial, perguntou: "Quando foi a última vez que os EUA ganharam em alguma coisa?".
Agora, como o 20º aniversário de 11 de Setembro chega com o Talibã de volta ao poder no Afeganistão, a América está cara a cara com a sua derrota. Faz-lhe mal, Sr. Jaime Santos?
Eu relativizo:
Na verdade, o colapso imediato do governo apoiado pelos AMERICANOS provavelmente salvou muitas vidas afegãs. Se uma vitória talibã era inevitável, como os analistas de inteligência assumiram, provavelmente é melhor que tenha acontecido sem um longo cerco a Cabul.
Mas a falta de um intervalo decente entre a retirada da América e uma vitoria do Talibã, além de ser uma tragédia para os afegãos aliados dos americanos, revelou a guerra mais longa da América como pior do que fútil. Não perderam apenas para o Talibã. Deixaram-os mais fortes do que os encontraram.
Imenso desperdício. Vinte anos atrás, políticos e intelectuais americanos, traumatizados por um acto sem precedentes de assassinato em massa entenderam mal o que o 11 de Setembro representava.
Inflamaram a estatura dos seus inimigos para corresponder à sua necessidade de vingança. O Sr. Jaime Santos vai até comparar com Pearl Harbour…
Lançaram guerras arrogantes para refazer o mundo e em vez disso, gastando cerca de US$ 8 trilhões no processo, deram cabo do que lhes restava de credibilidade.
Deixaram terroristas piores do que aqueles que se propuseram combater.

PS) Visitou os EUA alguma vez? Eu andei por là duas dezenas de anos, para o meu trabalho.Tenhio là muitos amigos. Um deles escreveu-me hà dias o que segue: "Hani Azzam
Thank you Joaquim, as usual you are right on. In my opinion the American group calling themselves the Neocons headed by Pearl and fifteen others all in control of the American administration. They were all Zionists in the total Blind Support of the Zionist state of Israel. They made America fight their wars for them, get rid of any one in opposition of the Zionist State, that is why Saddam and later Gaddafi. In Iraq, president George W. Bush was responsible for the assassination of 1, 400 thousand innocent Civilians, 500,000 were children. Oil had very little to do with it, the Americans were already in control of all the oil!"

Bernardo Pires de Lima

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