domingo, dezembro 06, 2020

Alguém sabe responder?

A pergunta que seria óbvia, se não fôssemos todos hipócritas: se, em Portugal, é proibido - em qualquer lugar, em qualquer circunstância - conduzir a 121 km/hora ou mais, por que razão é autorizada a venda de viaturas que podem ultrapassar essa velocidade?

25 comentários:

Anónimo disse...

pague e não bufe, não seja chato.

também é permitida a venda de armas e não pode andar para aí a dispará-las para cima do próximo.

também é permitida a venda de veneno, mas não pode adoçar com ele o chá do próximo.

Anónimo disse...

De acordo com este brilhante raciocínio, só os alemães é que poderiam produzir automóveis potentes, é isso? Porque esse limite existe em todo o lado... exceto nas autoestradas alemãs.
Dito isso, o Trabant não chegava aos 120km/h. Acho que os alemães deveriam voltar a construir Trabant, para exportar para todo o mundo. Tente vender essa ideia à Wolkswagen, pode ser que fique rico...

Anónimo disse...

Se um pneu rebentar a 120 km/hora, vou parar às couves. Tenho tido sorte. O bom estado dos mesmos ajuda. Os pneus esses negligenciados...
Sempre que as condições atmosféricas forem adversas, é reduzir a velocidade, sejam quais forem os limites locais e manter a distância de segurança. É irrelevante qual a velocidade máxima a que me é permitido circular.

Um dos meus carros, fazia pipipipi...quando excedia os 120, mas, desliguei aquela função irritante. Voltei a ativar quando o passei à miudagem cá de casa.

Luís Lavoura disse...

Entre outras coisas, porque as pessoas que fazem as leis em Portugal querem que haja sempre uma classe especial de cidadãos, na qual classe eles se incluem, que tenham mais direitos do que os outros. Incluindo o direito de ser "acelera".
Repare o Francisco que um país onde todos os carros tivessem um limite de velocidade de 120 seria um país onde ninguém poderia dar nas vistas andando na fila da esquerda, com todas as luzes acesas, a 150. Seria um país sem classes sociais na estrada. Isso seria uma coisa muito triste para muito boa gente, incluindo para quem faz as leis.
Há um país assim: os EUA. Nos EUA, quase toda a gente circula à mesma velocidade (inferior a 120). Basicamente, não há aceleras.

jj.amarante disse...

Transcrevo a primeira parte dum texto do Rui Tavares, sobre a relação de "dialógica" que o cristianismo medieval tem com a lei, escrito a propósito da lei do aborto mas que se aplica directamente aos 120km/h das auto-estradas:
«
Da vontade de não ser levado a sério
Rui Tavares
Público, 27 de Janeiro de 2007

No meu tempo de faculdade, a única maneira de ainda ter aulas com o professor José Mattoso era inscrevermo-nos numa cadeira opcional de História das Religiões na Idade Média. Eu fui um dos sortudos que assistiram a essas aulas - e uma em particular é o ponto de partida para esta crónica. Naquele dia o professor comentava um catecismo medieval irlandês e, de passagem, notou como muitas das suas interdições sobre alimentação e sexualidade eram praticamente impossíveis de cumprir, seja pelo seu grau de pormenor, seja pela profusão de dias sagrados (e respectivos interditos) que quase chegavam a ocupar um terço do ano. Tal não nos devia espantar, dizia o professor, pois o cristianismo medieval tem uma relação que se poderia chamar de "dialógica" com o ideal da lei. O ideal era para ser aclamado, consagrado, glorificado; não tanto para ser cumprido. Quanto mais próximo do ideal, melhor. Porém, todos nascemos em pecado e vivemos em pecado, tendo a doutrina margem suficiente para cobrir a lacuna entre esse ideal que está escrito e as práticas de nós todos pecadores aqui em baixo. Aliás, se pensássemos bem, essa relação "dialógica" com a lei sobrevivera muito mais no catolicismo e muito menos no protestantismo, sendo especialmente visível em países como a Irlanda (de que tínhamos ali um vestígio antigo naquele catecismo) e Portugal, onde a relação com a lei era fluida e cheia de folgas.
Espero ter sido fiel ao pensamento do professor Mattoso, e devo desde já deixar muito claro que não faço ideia se ele concordaria com o resto do que vou escrever. Mas o facto é que me tenho lembrado muitas vezes dessa sua lição sobre a natureza "dialógica" da nossa relação com a lei, e nunca tantas vezes como desde que a campanha do referendo sobre o aborto entrou a todo o vapor.
»

Anónimo disse...

O que é giro é ver o afã do PAN em proibir a transmissão de touradas em sinal aberto mas ninguém se preocupa com a transmissão em sinal aberto de corridas de automóveis ou filmes onde se glorifica a velocidade e a agressividade na estrada...

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Nem a propósito, parece que a Volvo vai limitar a velocidade dos seus veículos a 180 km/h, aliás tal como acontece no Japão onde os automóveis estão limitados a esta velocidade (podendo desligar-se em alguns modelos sport para condução em pista).

Quanto a andar mais de 120 nas AE não tenho tentações sequer, o meu SUV a sério (pun aos "SUVs a fingir" citados na deliciosa crónica sobre os sons de Lisboa) é muito feliz na faixa dos 100-110, se houver mais pressa então lá toca nos 120.

Anónimo disse...

ainda estou para ver quem faca automoveis destinados apenas e somente ao mercado portugues. talvez o tony da freixeda ou o nando da povoa...

mas o seu texto comporta engano, tenho por certo que se pode conduzir a velocidades superiores a referida em autodromos e outros espacos que tais

de qualquer modo o obrigado a vexa pela questao profunda que nos trouxe e a que varios fomos dando resposta diversa. em troca deixo-lhe outra: para quando o seu livrinho de cronicas, historietas e afins? com estes tempos de confinamento creio que vexa tera oportunidade para dar a tecla outros textilhos para alem destes que nos vai aqui deixando...


cumprimentos

Anónimo disse...

O que se devia fazer era terminar o limite de velocidade nas auto-estradas que quando foi introduzido foi debaixo do disfarce de ser necessário poupar gasolina quando do embargo da exportação do petróleo na sequência da guerra do Yom Kippur.

Anónimo disse...

Coloquei essa mesma questão,há duas décadas,aos responsáveis da PRP-Prevenção Rodoviária Portuguesa.

Nunca se dignaram,tão pouco,acusar a recepção da mesma.

Anónimo disse...

O FSC já deve ter percebido o ninho de vespas que o lobby da velocidade é.
A boa verdade é que, se há assunto em que a "masculinidade tóxica" é um facto, é nesta adoração por carros.

Noutros tempos, em que as agendas identitárias e feministas não tinham tomado conta da agenda, o Estado preocupava-se com a gente fazer pisca, dar prioridade, respeitar os peões, etc. Agora... não se vê nada.

Numa época de preocupações ambientais, vemos um tipo dizer que não deve haver limites de velocidade porque já não é preciso poupar gasolina! É o máximo.

Os popós são - como alguém disse -, uma extensão do pénis e, como se sabe, na nossa pilinha só mexem se quisermos e for para nosso prazer. Não se toque nos popós, portanto!

As marcas fazem publicidade realçando a velocidade. Os analistas falam do ar "agressivo" dos veículos (como se isso fosse uma vantagem). Os anúncios transmitem a ideia de que os carros são uma extensão da nossa personalidade e uma forma de afirmação... Ninguém tem problemas com isto porque, importante, importante, é impedir que as pessoas possam ver tourada na TV.

Juntando à formatação psicológica a cargo da TV - com os seus concursos em que há sempre um carrinho para oferecer -, temos a arrogância, a cobardia, a indisciplina e a irresponsabilidade dos condutores.

Mais do que a velocidade, o grande problema é conduzir sem manter a distância. O "tail chasing" (qual é o termo em PT?), é o grande crime nas estradas. E quanto maior a velocidade, maior o crime.

Eu já fui perseguido (não há outro termo), na auto-estrada, a 110k/h - às 2 da manhã! -, por um autocarro de passageiros que não descolava da minha traseira!!!

Já me aconteceu conduzir à noite e ter gente tão encostada a mim que só me apercebo da presença de outro carro por haver um clarão difuso (os faróis estão abafados pela minha traseira).

Não há campanhas contra o "tail chasing"! - mas há contra a tourada.
Imaginam o efeito de ter de fazer uma travagem e levar com um animal a toda a velocidade encostado a nós?! (o animal, aqui, é o condutor)

O "tail chasing" tem de ser considerado crime! O "tail chasing" mata!!!

alvaro silva disse...

Se fossem aplicar a lei a tudo o que fosse Governo e deputados (que fazem as leis), tinham de andar em "matavelhos" e "papareformas". É óbvio que não dá. As leis sempre foram feitas para conveniência de quem as faz! Esse é um princípio não inscrito na Constituição de 76 que nos vai (des)governando.

Luís Lavoura disse...

Se a Assembleia da República fizesse uma lei a proibir carros que dessem mais de 120 à hora, muito provavelmente os fabricantes de automóveis pura e simplesmente recusavam-se a vender carros em Portugal. Como Portugal é um mercado irrisório, isso pouco lhes custaria. Fá-lo-iam até forçar Portugal a reverter a lei.
Uma tal lei só poderia ser imposta a nível da União Europeia. Caso contrário, seria revertida pelas próprias autoridades da União, por constituir um empecilho ao mercado interno. Lembre-se que a França dantes tinha uma lei a impôr que os automóveis vendidos em França tivessem faróis amarelos, e essa lei foi eliminada pela União por impedir o mercado interno.

Ferreira da Silva disse...

Anónimo das 00:55

Nessa altura não havia autoestradas. Somente um pequeno troço na saída de Lisboa para norte e do Porto até aos Carvalhos.

josé neves disse...

Pela mesma razão que uma linha eléctrica aérea não se constrói limitada á velocidade do vento ou carga de neve normal, que uma linha férrea, uma casa, uma estrada, uma auto-estrada, uma ponte, uma torre, etc. etc., não se contrói apenas para as cargas normais (estatísticas) mas para cargas muito superiores e ainda no final do cálculo aplica-se-lhe o dito "coeficiente de cagaço"; trata-se de segurança, duração, envelhecimento, previsão de futuro de vida da obra.
Pode argumentar: mas num carro não será bem assim, é uma questão de velocidade apenas; chegar mais cedo ou mais tarde. Contudo a velocidade, aceleração e rapidez de manobra não é independente da potência do carro e isso é importante na segurança dos passageiros além de que na nossa civilização "time is money".
E repare, se tiver um carro construído limitado apenas à velocidade máxima de 120/kmh para fazer uma subida, por exemplo do viaduto Duarte Pacheco até ao alto de Monsanto, ou não o consegue ou só o faz a puxar o máximo pelo motor e mesmo assim fá-lo-á,como se diz "a cagar e a tossir"; agora pense num tal carro a subir os Alpes.
Mais exemplos se podem aduzir para exemplificar que um carro deve ser construído tendo em atenção muitos confortos e que a velocidade, aplicada qualificadamente, também pode ser um conforto e um ganho.
Além disso a velocidade não é limitada no socorro a vítimas; nas ambulâncias, no INEM, no transporte de doentes ao hospital, etc. E nestes casos a velocidade é, até, uma possibilidade de salvar vidas.


Anónimo disse...

o anónimo de 7 de dezembro de 2020 às 00:55 nunca ouviu falar de aquecimento global, nem sabe que maiores velocidades implicam maior consumo (chama-lhe disfarce) e maior poluição.

Luís Lavoura disse...

josé neves

Não se trata de construir automóveis que só tenham capacidade (potência) para chegar aos 120 km/h. Trata-se de construir automóveis que tenham potência para chegar aos 180, mas acrescentar-lhes um dispositivo que os impeça de ultrapassar os 120.

Penso aliás que tal dispositivo já é utilizado, de forma obrigatória, em camiões de carga e em camionetas de transporte de passageiros.

Anónimo disse...

Senhor embaixador
E se um dia destes, percebendo-se que as estradas (as "auto" ou outras a inventar...)permitem com a mesma segurança, mudar a Lei do limite para uns 125, 130...
Não vejo que, por implicação de um embaixador, as fábricas e a legislação tenham que mandar às urtigas os avanços tecnológicos e as facilidades de circulação.
Acautele-se a segurança e deixe-se que os carros continuem a andar bem; e seja-se duro para quem prevaricar...
E até eu vim gastar tempo com esta piquinhice...
MB

Flor disse...

Eu desconheço a resposta porque como diz o Herman e muito bem e que devia ser seguido por muita gente 🙄 "o meu é mais bolos". Vejo tanta gente na TV a falar do que não sabe...
DEIXEMOS ISSO, como disse o nosso PM em relação às restrições do Covid, AO BOM SENSO DOS PORTUGUESES. Agora digo eu 'entre mortos e feridos alguém há-de escapar🧐

BOAS FESTAS, DESCULPE, UM SANTO NATAL🤶

Maria Isabel Quental (Flor)

JPD disse...

A questão dos limites de velocidade destinam-se de facto à protecção dos condutores, dos ocupantes e dos cidadãos em geral, que circulem nas vias. É estranho que esta cosntatação esteja ausente de muitos dos comentários a este post do senhor Embaixador. Além do mais chamo a atenção para que os danos são proporcionais ao quadrado da velocidade, i.e., se duplicar a velocidade os danos são multiplicados por quatro! Nos EUA todos nadam à velocidade estabelecida, caso cntrário são multados e a polícia aparece, sabe-se lá vinda de onde! Experimentem... Ainda uma contribuição para o excesso de velocidade nas autoestradas, obviamante uma falta derrespeito para com os outros: o carro seria destruído na presença do condutor, tal qual como aconteceria num acidente! Seria remédio santo...

José Figueiredo disse...

Caro Embaixador,
Surpreende-me que tenha deixado esta questão. Até parece uma provocação só para pôr a malta a dizer disparates. Todos nós já conduzimos acima (e muito acima) desse valor limite. E, também, não sei a razão deste assunto ter saltado para a agenda; será por causa da morte daquela menina filha de um cantor pimba muito apreciado pelos portugueses que não ouvem Bach, Mozart, Beethoven, Mahler, Brahms, etc., etc.

Vá lá, malta, juízo!...
José Figueiredo
Braga

PS: gostei daquele bocado de prosa que citava o Professor José Mattoso.

Anónimo disse...

A parte do comentário em que o "José Figueiredo" se arma arrogantemente em ser superior porque ouve compositores clássicos em vez de música "pop" é de pôr o estômago às voltas. Mas de que buraco sai esta gente?!

Jaime Santos disse...

Perdoe-me a resposta não irónica à sua ironia, Sr. Embaixador...

Os automóveis não têm limites de velocidade automáticos porque isso daria cabo do negócio de venda dos ditos em todas as gamas exceto talvez na dos Smarts... E claro, não seriam apenas as marcas a protestar...

Como é sabido, o carro não é apenas um meio de transporte, mas também um símbolo de status. Quanto mais cavalos, melhor...

Infelizmente, a generalidade dos condutores continua a encarar a estrada como pista de corridas de vez em quando, sendo que quando o fazem não colocam apenas em risco a sua vida como também a dos outros.

Mas ao volante todos são Fangios e querem continuar a poder sê-lo...

A minha liberdade é mais importante do que a tua vida. É mais ou menos isto... Depois espantam-se que haja quem não queira usar máscara...

josé neves disse...

Afinal a limitação de velocidade, na maioria dos comentários aqui dados, é por motivos preconceituosos; o "estatuto",(o da música clássica é ridícula), "caça à multa", a "dialógica medieval do incumprimento da lei", "a masculidade tóxica", "a classe especial de cidadãos" (estará a fazer ironia com o Snr. Embaixador?), "leis feitas por conveniência de quem as faz", "o ninho de vespas que o lobby da velocidade é" e por aí fora.
Quase só JPD parece ter, realmente, em conta o problema sério com "a protecção dos condutores, dos ocupantes e dos cidadãos em geral, que circulem nas vias" e lembra que a energia no embate é proporcional ao quadrado da velocidade. Contudo, logo vem lembrar o mau exemplo beato e hipócrita dos USA com o seu zelo com a morte nas estradas em contraste com o seu desplante pistoleiro perante a sua lei de porte de armas onde qualquer miúdo pode fazer uma matança com uma arma de guerra.
Na minha terra costuma dizer-se "pr'a trás mija a burra" para designar quem olha para o passado e propõe soluções velhas ou mesmo medievais para usar na pós-modernidade. Num mundo do TGV, dos aviões supersónicos e das viagens no cosmos a milhares de Kmh como é possível querer-se limitar e fazer que os carros regridam dos 180-200 para os 120 Kmh?
Afinal para que servem, qual a utilidade dos avanços tecnológicos; se já passámos de estradas de animais para auto-estradas, de carros a vapor e do Trabant ao fórmula 1, se já se fala de carros e auto-estradas inteligentes onde nem é preciso condutor porque razão lógica, no sentido da história e da civilização, se deve jogar mão da via fácil da proibição e não criar novas modalidades de segurança nas futuras estradas e futuros carros?
Por amor de Zeus!
desenvolvimento de

Manuel disse...

Simplesmente porque o negócio das multas dá milhões ao OGE (creio que cerca de 80 milhões de euros).
Há 50 anos o limite era o mesmo. Há 50 anos eu temia andar a essa velocidade nos carros e na(s) autoestrada(s) da época.
Hoje andar a 140 Km/h numa autoestrada com boa visibilidade e baixa densidade de tráfego parece-me algo perfeitamente banal.

Senado

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