“Só mais Europa pode salvar as coisas!”. A exclamação que, há horas, ouvi a um amigo, reportava-se ao modo de ultrapassar o imenso magma de dúvidas que hoje se projeta nas sociedades europeias, cujos cidadãos vivem sob diferentes mas cumulativas agendas de medos e de incertezas.
Nessa perspetiva, que é agravada por um cenário internacional turbulento, em cuja direção a União Europeia dá a imagem de ter hoje pouco a dizer, unicamente uma solução coletiva, inovadora e agregadora, poderá salvar o continente de se converter num “arquipélago” de projetos de egoísmo identitário.
Ao ouvir o meu amigo, fiquei preocupado comigo mesmo: é que, há uns anos, eu teria reiterado de imediato, e com plena convicção, aquela mesma ideia. Nos dias de correm, embora concordando em que essa seria a solução ideal, começo a interrogar-me sobre se ainda vamos a tempo, através de mais integração, de “segurar as pontas” de um projeto cuja robustez vive sob fortes tensões que, dia após dia, o descredibilizam aos olhos dos cidadãos.
É que, para muitos, a Europa parece ter deixado de ser a solução de um melhor futuro para passar a ser o bode expiatório de tudo o que corre mal no presente. Por isso, conseguir um consenso mobilizador, no seio de uma diversidade de vontades que chegam a ser contraditórias, é um milagre que não parece fácil de acontecer.
A conversa com aquele amigo passava-se em Varsóvia, onde estou em trabalho por estes dias.
A Polónia, que historicamente olha de viés a Alemanha e não confia de todo na Rússia, investiu no projeto da Europa comunitária toda a esperança para um destino que, além de ajudar ao seu desenvolvimento, apagasse, de vez, os demónios da guerra que tantas vezes a destroçou. Moscovo, já não sendo a capital da União Soviética, continua a ser a sede de muitos receios, que uma liderança errática do outro lado do Atlântico não ajuda a diluir. É que a NATO, para quem vive por estas bandas da Europa, é apenas um heterónimo dos EUA. E, sem eles, nenhuma segurança europeia tem o menor significado ou pode ser levada a sério.
Mais do que a grande maioria do seus parceiros do grande alargamento, a Polónia é hoje, curiosamente, um país onde a confiança na União Europeia se mantém bastante forte na opinião pública. E isto não deixa de ser interessante, em especial se se constatar que o percurso europeu da Polónia não tem sido, nos últimos anos, isento de escolhos. Talvez porque tenham percebido que a Europa ainda continua a ser, apesar de tudo, o outro nome da sua liberdade.
13 comentários:
A Polónia, quando utiliza o dinheiro da UE para comprar aviões e outro material bélico aos EUA, concorrente neste « negócio » da UE, atraiçoa a sua pertença à EU. Transforma-se num vassalo dos EUA.
Quando os EUA anunciam a sua intenção de mover parte das suas tropas da Alemanha para a Polónia, por Berlim não ter aumentado as suas despesas na defesa até dois por cento do PIB, e que ao mesmo tempo, a embaixadora dos EUA na Polónia declarou que ela "daria as boas-vindas às tropas norte-americanas se elas vierem para a Polónia".Diz tudo e os Polacos ajoelham-se e seguem...
O chefe da Conferência de Segurança de Munique, Wolfgang Ischinger, comentou mais inteligentemente a intenção de reposicionamento de parte das tropas, declarando que isso seria uma violação do acto fundador NATO- Rússia, que diz que a OTAN assume a obrigação de não instalar forças permanentes nos territórios dos países que aderiram recentemente. Mas como tudo o que o presidente dos EUA assina, é letra morta...
Sabendo que o avanço da infra-estrutura militar da NATO para leste se tornou um dos maiores problemas no relacionamento entre a Rússia e OTAN, a Polónia joga o seu jogo mas importa-se pouco ou nada dos interesses da EU. São traidores à causa europeia e à nossa segurança.
Claro que a reacção da oposição alemã não se fez esperar: Se os norte-americanos retirarem os seus soldados, eles terão que retirar também as suas armas nucleares", disse o deputado Bartsch citado pelo Hannoversche Allgemein.
"E, com certeza, eles devem regressar para casa e não para a Polónia, por que isso pode provocar o agravamento das nossas relações com a Rússia, o que não serve os interesses da Europa e da Alemanha", sublinhou o deputado. Muito justamente.
Actualmente, a maioria dos militares norte-americanos na Europa está instalada na Alemanha, cerca de 35 mil efectivos no total.
A Polónia é o cavalo de Tróia americano na Europa. Deviam ser expulsos da UE. Servem como reservatorio de mao de obra barata para a UE, mas nao servem os interesses dos Europeus, daqueles que trabalham. Deviam ter aprendido com a recente decisão de Trump de abandonar os Curdos a Erdogan.
"Quando o Senhor Embaixador escreve: "Moscovo, já não sendo a capital da União Soviética, continua a ser a sede de muitos receios,", esquece talvez que para os Russos, a NATO e os seus sistema de misseis "Patriot" às suas portas é exactamente a mesma coisa.
Que pensariam os Americanos se os Russos faziam a mesma coisa em ...Cuba ? Claro que todos sabemos...
as sociedades europeias, cujos cidadãos vivem sob diferentes mas cumulativas agendas de medos e de incertezas
É por isso mesmo que "mais Europa" dificilmente pode ser a solução. Pois que os medos e incertezas de algumas sociedades europeias são diferentes dos medos e incertezas das outras.
Por exemplo, muitas sociedades europeias vivem hoje presas no medo da imigração, coisa que noutras sociedades europeias não existe.
Caro Joaquim de Freitas. Onde é que a Polónia utiliza dinheiro da UE para comprar armamento aos EUA? Onde é que viu isso?
Caro Senhor Embaixador:
Dans le cadre de l'appel d'offres lancé en 2001 par la Pologne pour l'acquisition d'avions multirôles, trois fournisseurs avaient été consultés : le consortium Dassault, Thalès, Snecma (Mirage 2000-5), Lockheed Martin (F16) et BAe Systems - SAAB (JAS 39 Gripen). Les critères de choix retenus étaient pondérés de la façon suivante : 45 % pour les conditions financières, 40 % pour les caractéristiques opérationnelles et 15 % pour les compensations industrielles. Dès le début, le F16 est apparu comme ayant la préférence des autorités polonaises.
Le choix polonais paraît donc avoir reposé sur des critères qui n'étaient pas exclusivement techniques et économiques.
La Pologne est le premier bénéficiaire de la politique de cohésion européenne. Les aides Européennes pour la Pologne s’élèvent à 67,3 Mds d’euros sur la période 2017-13 à consommer jusqu’en 2015. Cela représente 2,2 fois plus de fonds que sur la période précédente 2004-2006 (12,9 Mds euros). Il faut ajouter à cela les fonds de la PAC (pour le développement rural et le fond de pèche : 14 Mds euros) et les contributions nationales publiques (11,9 Mds euros) et privées (6,4 Mds euros)
Soit un total de près de 100 Mds d’euros pour son développement fourni par les aides Européennes pour la Pologne.
A Polónia sempre viveu de se encostar a um para obstar a outro. Num certo momento combinaram todos - Prússia, Áustria-Hungria e Rússia - apossarem-se dela e dividirem-na. E assim durante mais de um século, sem lutar, a Polónia esteve desaparecida do mapa. Continua a viver nesse jogo perigoso. Ao entrar para a Europa envolveu outros nesse jogo. O perigo passou a ser maior.
Eh lá! FSC interpela JF...
Oh Sr. Embaixador: O que é óbvio dispensa comprovação certificada …
João Pedro
A História bem justifica os receios da sempre entalada Polónia. E como se percebe pelo argumentar do chefe da Conferência de Segurança de Munique, os receios polacos não são só dos ventos do Leste.
Sorte temos nós. De um lado o Oceano, infinito. Do outro uma pseudo-unidade Hispânica, pouco eficazmente unida.
O único perigo é um dia destes sermos o pretexto para unir aquilo...
Caro Joaquim de Freitas. O que é que a política de coesão tem a ver com as despesas militares?
Senhor Embaixador : Não creio que os 100 mil milhões da UE que beneficiaram e continuam a beneficiar à Polónia, integrados na política de coesão, possam ser esquecidos por um parceiro da EU quando se trata de fazer trabalhar as nossas indústrias europeias. Quanto melhor a EU se portar melhor será para a Polónia.
A Polónia tem acesso a todos os secteurs da economia europeia e não se priva de competir com as nossas firmas. Mesmo por vezes no limite das regras europeias no que concerne as condições de trabalho, salários e protecção social sobretudo.
Quero esquecer o que vejo frequentemente na zona do Sul de França, onde tenho uma residência e vou frequentemente, onde os artesãos franceses protestam contra aqueles artesãos polacos, por exemplo, instaladores de electricidade na construção civil, que ganham contratos por diferenças de preço indecentes de 50%, os trabalhadores vivendo em camionetas-atelieres instalados nos parkings, onde dormem e cozinham. Gentes que vivem sem protecção social, médica, e não cotizam para nada.
Não ouso protestar mais, porque alguns artesãos portugueses fazem a mesma coisa em França. Um contrato da EDF, para mudar postes de electricidade ao longo das estradas do sul, ganho por pequenas firmas que instalam os seus trabalhadores como os polacos e por vezes, no verão, em tendas de campismo, para dormir e cozinhar. Competitividade adquiria graças ao tratamento indigno de que são vitimas, polacos e portugueses, não é assim que se pode esperar um dia nivelar as nações europeias para fazer uma grande Europa, na qual tenhamos orgulho. Mas se quisermos nivelar pela base, então mudemos o nome para Bangladesh…
E se acrescento o que se passou esta semana com a Whirlpool, em Amiens, firma americana, que recebeu subvenções chorudas do governo francês, para se instalar na terra natal de Macron, e que, subitamente decidiu desmontar a fábrica e partir para a …Polónia. Salários mais baixos de 30%! Mais uma vez como construir a Europa desta maneira? Não é só a Europa financeira e fiscal que mete água, mas a Europa social é um desastre.
Já sabíamos que os Americanos há muito que consideram os países de leste como a nova Europa. O Senhor recorda-se daquele Secretário de Estado que o clamou alto e forte.
E que pensar, além dos aviões, do abandono do contrato sobre os Caracal de Airbus (três mil milhões de euros) em beneficio do mesmo fornecedor dos aviões?
Como já disse, a Polónia é o cavalo de Tróia dos EUA na Europa. Os polacos “gozam” descaradamente com a EU.
Compreendo mais que nunca a reacção dos trabalhadores do Reino Unido, que não os podem suportar e querem pô-los na rua, após o Brexit.
Reparem que, como sempre, para o Freitas, o mundo gira à volta do seu ódio aos EUA.
E pensar que, um dia, vi aqui alguém ser ameaçado de "expulsão" se voltasse a criticar o sistema judicial espanhol... :)
Filhos e enteados.
Este Freitas é o Anti-Cristo.
O famoso radialista dos Estados Unidos, Allyn Root, descreveu Trump como o “maior presidente para os judeus e para Israel da história mundial”.
Então ele disse, “em Israel, os judeus amam Trump como se ele fosse o rei de Israel” e ele é “a segunda aparição de Deus”.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou esta quarta-feira, enquanto olhava para o céu, que se considera o "escolhido" …
"Sou o escolhido. Alguém tem que fazer isso, então estou a enfrentar a China no comércio.
Governo e Presidente congratulam-se com os resultados da execução orçamental.
O único excedente que reconheço nas contas públicas é o da falta de vergonha......
Enviar um comentário