sexta-feira, novembro 01, 2019

Incentivos?


A nova ministra da Administração Pública, pessoa que me dizem ser uma das figuras muito competentes deste governo, constata, numa entrevista ao “Público”, que há um grave problema de assiduidade na Função Pública. E, para o combater, para além das medidas de ataque às baixas médicas fraudulentas, propõe-se reintroduzir “incentivos” à assiduidade. Por exemplo, os funcionários públicos que faltem menos poderão vir a ter um acesso mais facilitado à pré-reforma.

Incentivos à assiduidade? Estar no local de trabalho às horas e dias a que o seu vínculo profissional o obriga é o requisito mínimo de um qualquer funcionário, público ou privado. Digo-o com a autoridade de quem serviu o Estado por mais de 42 anos, sem que ninguém tivesse alguma vez de me premiar por ... não faltar!

Posso mesmo imaginar que, na narrativa sindical, deva haver hoje filosofias neste sentido - o sentido de defesa da calaceirice -, sem o que a ministra não teria abordado o tema da forma que o fez. 

Ver alguém a ser premiado por cumprir o seu dever é próprio de um mundo que me é muito estranho.

11 comentários:

Anónimo disse...

Completamente de acordo!
João Vieira

Bmonteiro disse...

Excelente amostra, da cultura, consciência, seriedade e vontade da ministra.
Ministra?

Anónimo disse...

A senhora ministra devia ser das que faltava , chegava atrasada , metia baixas fraudulentas , etc , e agora vem e quer premiar quem cumpre o aquilo que está certo . Mas estamos no 3o mundo ? De deve ser ao contrário : castigar forte e feio quem não cumpre !!!

Anónimo disse...

E não é a mesma coisa com as medalhinhas? Dar medalhas a pessoas por terem carreiras competentes (desde logo, para seu próprio bem)? E dar medalhas aos desportistas que... ganharam medalhas?

António disse...

Os maquinistas da CP têm subsídio de assiduidade. O mal é estas coisas começarem.

Anónimo disse...

também achei estranho!
já que têm bastantes regalias que os privados não têm por exemplo as 35 horas semanais ou ainda não passou essa lei ?
reforma como se tivessem a trabalhar ou já reduziram ?
direitos a faltar dias durante o ano mais do que os outros, ou já não é verdade?
ADSE que os privados não têm, etc...

Anónimo disse...

Estranho mas conhecido de vista, ou não? Se não, seria mais ignorância que estranheza, já que esse mundo existe.

aamgvieira disse...

Não percebo a ideia da Ministra....

Anónimo disse...

"ADSE que os privados não têm"

Mas, quando é que esta gente vai perceber...
O funcionário público contribui para o SNS, como qualquer outro trabalhador, através dos seus impostos e, ainda desconta uma percentagem do seu vencimento, para poder usufruir da bela da ADSE.

Quando entro num hospital público, depois do cartão do CC, mostro o cartão da ADSE.

Pago duas vezes!

alvaro silva disse...

Infelizmente a senhora ministra sabe bem o gado que tange e tenta remediar porque prevenir na função pública é na práctica impossível. Por experiência pessoal e por que tive um chefe que me resolveu marcar faltas (não por assiduidade mas por não fazer o que ele queria que fizesse). Ao fim de ter setenta faltas marcadas aparece-me um inspector lisboeta a inquirir, aproveitei a ocasião para o provocar dizendo-lhe que o que eu queria era a reforma e essa só podia ser compulsiva, enfim armei e armou-se uma confusão tal no processo administrativo, novelo que demorou nove anos a resolver e não consegui levar a minha avante, tive que esperar pelos 40 anos de serviço para me reformar e aproveito a ocasião para informar que o chefe acabou demitido do cargo e eu com uma repreensão suspensa por um ano pelas provocações. Assim vai a nossa função pública,

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo!
Devo dizer que não esperava tal coisa desta ministra. Lamento imenso.
Conceição Dias

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...