... e depois de mandar a carta já aqui antes publicada (não a assinando, acintosamente), Boris Johnson envia outra a manifestar-se contrário àquilo que foi obrigado pelo parlamento a fazer. Uma esquizofrenia política sem precedentes.
Se estivesse no lugar dos dirigentes europeus, eu seria tentado a exigir que o interlocutor britânico de Bruxelas fosse capaz de dizer-lhes qual é, afinal, a posição final que compromete o Reino Unido.
E, atendendo à clara falta de legitimidade para representar o país na ordem externa, que afeta hoje o alegado governo britânico, consideraria suspenso o processo iniciado com a invocação do artº 150, reportando “sine die” a data de 31 de outubro para o Brexit, até que, de Londres, e sem a menor ambiguidade, surgisse uma posição inequívoca sobre o que afinal querem.
É que, pensando bem, a posição de Johnson continua a não ser muito diferente da de Theresa May: acordou algo com a UE que, afinal, não consegue fazer aprovar internamente.
8 comentários:
acordou algo com a UE que, afinal, não consegue fazer aprovar internamente
Mas isto também é costume com os Estados Unidos. Por exemplo, um presidente dos EUA negociou com Portugal um acordo para a concessão da Base das Lajes que, depois, o Congresso americano se recusou a aprovar. E parece que não é caso único, nos EUA, o presidente negociar coisas que depois o Congresso não ratifica.
Uma vergonha.
E pensar que estes dois artistas, Cameron e Boris, gastaram 27 000 libras por ano, durante três anos, em ETON, para aprender a fazer esta borrada toda...
Não é o artigo 50, caro Francisco?
Um abraço
JPGarcia
a culpa tb é do corbyn, n é só dos conservadores
O Reino Unido não merecia isto. O comportamento do PM Johnson é eticamente incorrecto.
Calculo que o REPER britânico na UE deva estar a passar um
momento menos feliz...
Pode ser que isto seja um catalisador para um segundo referendo.
Anónimo 21 de outubro de 2019 às 03:48
A culpa não é propriamente de Corbyn, a culpa é do sistema eleitoral britânico, que é uma taradice. Num sistema eleitoral do tipo continental, isto é, proporcional, tanto o Partido Conservador como o Partido Trabalhista já há muito que se teriam dividido em quatro partidos, dois pró-Brexit e dois anti-Brexit. Iriam a votos e logo se veria quem ganhava e que alianças se fariam.
Com o sistema eleitoral britânico, tanto o Partido Conservador como o Partido Trabalhista têm deputados anti-Brexit e deputados pró-Brexit, e os líderes dos partidos têm que procurar não desagradar nem a uns nem aos outros. É, especialmente, o que acontece com Corbyn - não quer desagradar nem aos deputados trabalhistas pró-Brexit nem aos deputados trabalhistas anti-Brexit, por isso navega em águas de bacalhau.
É por estas e outras que sou fortemente contra qualquer sistema de voto em círculos uninominais.
Outra vergonha, Governo de Portugal:
10 milhões de contribuintes.
230 deputados.
19 ministros.
50 secretários de estado.
milhares de autarcas
Continuem a contribuir.
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