domingo, dezembro 31, 2017

A Revolução como comédia


Entrámos no último dia do ano com o programa televisivo "Governo Sombra" a ter como convidado Arnaldo Matos. O atual "dono" do PCTP-MRPP foi recebido com um tom visivelmente complacente pelos "residentes" do programa, ansiosos por lhe extraírem declarações chocantes e expressões radicais, à altura daquilo a que o velho político sempre habituou o seu auditório. Conhecedor do palco que pisava, Matos não se fez rogado e, no meio de elogios táticos aos anfitriões, esteve à altura da "performance" aguardada, chamando "nazis" aos gestores alemães da Auto-Europa e mostrando compreensão pelos ataques do Estado Islâmico. Foi notório o gozo com que continua a ser recebida a qualificação de "social-fascista" que o MRPP sempre aplica ao PCP. É que o MRPP continua a ser o "enfant chéri" (para ser simpático) de certos meios, que sempre o cobrem com uma espécie de juízo de inimputabilidade, que nos dias de hoje o coloca ao nível de uma caricatura de comédia.

Pena foi, contudo, que ninguém tivesse perguntado a Arnaldo Matos com que direito tomou conta do partido, onde não exerce nenhum cargo eleito. É que isso permitiria a este auto-proclamado porta-voz da classe operária e frequentador do Gambrinus esclarecer com que legitimidade é hoje o depositário e usufrutuário da subvenção pública de centenas de milhares de euros atribuídos anualmente ao partido pelo Estado. Em democracia, os partidos têm de ser os primeiros a praticar, no seu seio, regras democráticas; se o não fazem, não devem ter o direito a dispor dos privilégios que constitucionalmente os beneficiam. Ora no seio do PCTP-MRPP, como é público, vive-se hoje uma ditadura interna protagonizada por Arnaldo Matos, que tomou conta da máquina política e financeira, sem ter sido eleito, como ele próprio revelou no programa. 

14 comentários:

Anónimo disse...

Mas teve momentos de grande lucidez, como aquele em que falou dos incêndios.

Anónimo disse...

Ora, sempre a aprender!
Por isso agora todos querem ser um partido, uma IPSS, uma fundação.
Haja vergonha!

Anónimo disse...

Os revolucionários podem ir ao Gambrinus. Os radicais são aliás contra a caridade. Por isso tem de gastar o dinheiro nalgum lado...aliás nada me irrita mais do que a expressão "esquerda caviar". Primeiro sendo o caviar da Rússia país que teve um regime de esquerda, aliás igual ao anterior de direita, durante 70 anos, é natural que nesse período a esquerda tenha comido mais caviar que a direita. Depois o objectivo da esquerda é acabar com os pobres, não com os ricos. Ora estes podem comer o que quiserem se tiverem dinheiro. Existe uma doutrina onde os que quiserem seguir o mestre tem de se despojar de todos os bens materiais e partilhar com os outros tudo o que tem. Curiosamente ninguém lhes aplica caviar como adjectivo. E eu por mim quero que gozem todos a vida tanto quanto poderem
Fernando Neves

Luís Lavoura disse...

Que eu saiba, numa qualquer associação, seja ela um partido ou seja qualquer outra, quem pode mexer nas contas bancárias tem que exibir uma ata de uma reunião oficial a mostrar que foi eleito.
Acho portanto deveras estranho que Matos possa mexer na massa do MRPP sem para isso ter sido eleito.

Luís Lavoura disse...

no seio do PCTP-MRPP vive-se hoje uma ditadura interna

Gostaria de saber com que meios essa ditadura é imposta.

Há uma polícia política no MRPP? Calabouços para onde lançar os dissidentes?

Ou será que toda a gente nesse partido está sob chantagem ou qualquer outra forma de coação?

Até prova em contrário, eu diria que quem está no MRPP está lá porque quer, não porque lhe é imposto por Matos.

Anónimo disse...

Para um não-politizado, como eu, uma revolução nunca pode ser uma comédia. Um golpe de Estado ainda o pode ser.
Uma revolução é sempre ou um drama ou uma tragédia. Numa verdadeira revolução há sempre mortes de seres humanos por isso.... cautela. Claro que os revolucionários poderão sempre dizer que os mortos foram necessários para se obter sucesso.

Anónimo disse...

Porque razão, pessoas que defendem ditaduras, hão de aplicar a democracia nos seus partidos?

Anónimo disse...

Bês o que dão estes temas?

O ano está a acabar e, embora nos tenha dados perdas de pessoas que nos fazem falta, mesmo assim fomos uns privilegiados..

Xi-coração para vocês e votos de um 2018 com Saúde.

São Jordão

Anónimo disse...

Ehhh velhos habitos sao dificeis de tirar.
Foi la sr embaixador quer se formou o seu idolo furao burroso

PSICANALISTA disse...



Excelente reflexão,do comendador "não-politizado" !!!

Anónimo disse...

Ao psicanalista de 31 Dezembro 23:03.

Isso de comendas, hoje em dia nem por encomenda até porque para um não-politizado essas coisas não estão assim disponíveis.
Não há verba para fitas a côres, só a preto e branco.

Anónimo disse...

Garanto-vos que, tirando aquelas tiradas de chamar nazis aos boches da Auto-Europa, o homem é capaz de ter granjeado simpatias. O discurso dele foi coerente e com sentido.

Anónimo disse...

Em pleno PREC, alguém do MRPP - imaginemos que o tal durão barroso - escreveu, em parangonas, na velha parede da Portugália, na Almirante Reis, "NINGUÉM CALARÁ A VOZ DA CLASSE OPERÁRIA". Poucos dias depois, mão piedosa, acrescentou, contrapondo, "NEM VOCÊS !".

aamgvieira disse...

Tragicomédia é a atitude dos partidos que ás escondidas se "organizaram" para ir ao bolso dos portugueses , com "o não vi nada, não ouvi nada, não disse nada" ^do Presidente da AR.... Ferro Rodrigues......

Haja vergonha!

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...