Na madrugada de quinta-feira, olhando na televisão as primeiras páginas dos jornais, deparei com uma notícia no “Público” que tinha a certeza de ser falsa: os nomes de João Soares e de Gabriela Canavilhas, antigos ministros da Cultura, estariam a ser cogitados pelo governo para a presidência da agência de notícias Lusa.
Não tinha falado com ninguém, desconhecia, em absoluto, a questão da futura liderança da Lusa, mas só se o governo de António Costa tivesse ensandecido de uma vez por todas é que, numa conjuntura política como a que vivemos, se atreveria a nomear, para dirigir a agência oficiosa de notícias, um membro do seu grupo parlamentar. Por outro lado, era bizarríssimo que dois antigos ministros da Cultura aceitassem colocar-se sob a tutela de um seu sucessor. E que ele os escolhesse...
Dos primeiros comentários surgidos nas redes sociais sobre a “notícia” depreendeu-se logo o que aí vinha: acusações de instrumentalização política, “jobs for the boys” e coisas assim. As partilhas foram muitas, o Twitter ferveu, o Facebook rugiu. Eu diria mesmo, se tal não fosse um pouco cruel, que se levantou um “panteão noturno de indignação”. Esse era, como é evidente, o objetivo da “notícia”.
Só que (desta vez...) não havia qualquer “panteão”. Gabriela Canavilhas veio a terreiro desmentir a sua indigitação e João Soares, das suas férias cubanas, disse que “nunca ouvira falar de tal possibilidade” nem tal “lhe passara pela cabeça”. Claro! E o governo, horas depois, revelou o nome escolhido para o cargo - naturalmente, um nome do jornalismo.
Quando, finalmente, abri o “Público”, vi que conseguiu encher uma página (!) com esta patética inventona, num texto assinado por uma jornalista que tenho por séria e que terá agora o ensejo de revelar a mentirosa e intriguista “fonte” que lhe passou a “informação”, isto é, escrever em letra de forma o nome da pessoa que a vigarizou e a utilizou, com óbvios desígnios político-partidários.
É que se David Dinis quer dignificar o nome do “Público” não pode dar ideia de que se deixa instrumentalizar, por “dá cá aquela palha”, só porque está por aí na moda dar pancada no governo. Não é que ele, governo, por vezes, não mereça ou se não ponha a jeito para tal, mas então que isso seja feito com base em verdades indesmentíveis.
21 comentários:
A culpa é da fonte? Onde está o comprimento das regras mais básicas do jornalismo? A deriva populista e demagógica do Publico atingiu o seu zénite. Desde que seja contra o governo eles publicam tudo, seja boato seja pura intriga. David Dinis perdeu a vergonha e tem mostrado ao que veio. Basta ver a atual campanha a propósito das alterações à lei do financiamento partidário. Tanta demagogia dá vómitos.
De notícias só sa acredito se nos dias seguintes ainda forem notícias. Até lá tudo é virtual. Se um dia aparecer que o governo caíu só a acredito se nos dias seguintes isso ainda continuar.
Ou seja, voltámos ao Século XIX em que as notícias também eram compreendidas muitos dias depois porque de principio eram apenas os rumores dos telegramas.
Havia quem mesmo indicasse que os diplomatas seriam os historiadores do futuro por isso.
Ai! não me toques!
Por alguma razão as vendas de jornais e os shares televisivos caem a pique. Já ninguém tem paciência.
Foi o Zé do Laço, o do expresso de reverência...
Concordo com o post e ainda mais com o primeiro comentário.
Mas "David Dinis perdeu a vergonha e tem mostrado ao que veio"?
Qual a dúvida inicial? Só quem não conhece o CV dele poderá ter tido alguma ilusão.
A questão está no total e opressivo (e antidemocrático) domínio de toda a Comunicação Social por parte da Direita que sempre se sentiu perfeitamente representada pelo Governo de Passos Coelho, e que quase ninguém (ou mesmo ninguém) ousa denunciar nos media, pela evidente razão de que será imediatamente abafado, seja pelo silêncio (censura) ou pela contracampanha orquestrada a várias vozes.
Duvido que haja outro país do mundo ocidental com uma CS tão bem afinada. Nem a América de Trump, que se calhar adoraria tê-la lá nas suas paragens.
Referir apenas, para terminar, que Comunicação Social não é o mesmo que todos os jornalistas.
Por falar em disparates. Eis algo mais à sua medida: a Venezuela, deve - ou não -, pedir desculpas a Portugal pela palhaçada do pernil de porco? E Portugal, deve - ou não, portar-se como um país com tomates e exigir desculpas pelas acusações?
Também li, encolhi e esperei.
Nossa, ao que o jornalismo chegou.
Bom Ano, 2018.
É verdade que tem havido um crescente controlo da direita sobre a comunicação social. O caso do Público é a última e mais lamentável conquista. O próprio telejornal da RTP 1 é um verdadeiro órgão do PSD. Mas o pior de tudo é os jornais não revelarem a sua tendenciycomo sucede na maioria das outras democracias, em Franca , Inglaterra, até Espanha. Mas o pior é a deriva populista da nossa comunicação seguidora das redes sociais e com qualquer intriga a fazer parangonas e a suscitar a reação indignada dequem de facto não faz ideia do que se passou e a oposição, em particular hoje o CDS que abraçou a mais baixa demagogia, a cavalgar essas reações sem compreender que está a afundar a confiança dos eleitores em relação a toda a classepolitica.
Acresce que vivemos num ambiente de verdadeira inquisição: alguém lança um boato, todos lhe pegam sem confirmar a veracidade nem o que se passa e os visados são condenados sem qualquer capacidade de contraditório
Fernando Neves
Há aqui qualquer coisa que não bate certo. A classe jornalista em geral afirma-se de esquerda. O Público todos os dias diz mentiras e faz afirmações em enormes títulos que um dia depois se revelam completamente errados. Não há um único jornalista do Público que dando uma notícia não inclua a sua irrelevante opinião em destaque. Salvam-se há longos anos, e por isso o jornal vale alguma coisa, a maior parte das colunas de opinião. O resto sempre foi uma vergonha. Daí o espanto de uma notícia sem interesse nenhum e obviamente falsa cause tanta estranheza ao embaixador.
João Vieira
Bom bom
Os jornais em Portugal depois de 1975 eram ou progressistas ou então eram fechados proque não podiam comprar papel. Não havia sensura, foi um facto, mas sem papel não podiam publicar.
Era o problema de não se conseguir comprar em moeda nacional que já ninguém aceitava. Agora como alguns jornais conseguiam sair.... era milagre.
Eu sei que esses tempos são recordados sob a prespectiva dos progressistas mais radicais mas que hoje....já podem ser considerados conservadores.
Não vivi a 1ª república mas deve ter sido um brincadeira de meninos comparada ao que esta já chegou!
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VOANDO...SOBRE UM NINHO DE CUCOS !!!!!!!
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"Não vivi a 1ª república mas deve ter sido um brincadeira de meninos comparada ao que esta já chegou!"
Dada a senilidade do comentario, se nao viveu nao deve estar longe...
@Anónimo de 29 de Dezembro 23:28.
Só não é semelhante ou mesmo pior porque temos de cumprir com as prescrições da Europa e até das Troikas.
É um facto também que entre 1910 e 1926 as revoluções de bairro abateram muita gente e nesta nossa república ainda isso não aconteceu mas... o banimento social acontece quase todos os dias. Veja-se os escândalos financeiros recentes e as suas investigações.
Enquanto houver a mama da Europa para alguns e migalhas para entreter o Povo não vai haver “batatada”! E a mama felizmente não está para acabar para gáudio de “inteligência” dos que se limitam a tratar de senis quem se limita a observar!
Enquanto houver a mama da Europa para alguns é migalhas para o Povo, coisa que felizmente não está para acabar, haverá sempre umas “”inteligênzias” a apodar senis a quem simplesmente observa!
e também se poderia elaborar uma trama ainda mais sofistificada: lançar os nomes falsos, provocando uma falsa partida de indignações para camuflar o verdadeiro nome: um conhecido "faz fretes" ao governo. Boa malha!
João Vieira
Os anônimos das pessoas t23:28 e das02:54 não viveram a 1a república nem nunca devem se ter interessado por ela. Mas é bom sublinhar que, com todos os defeitos inerentes à condição humana, estamos a viver de longe o melhor período da História de Portugal. Mesmo politicamente, ou seja para além das mcelhorias impressionantes das condições de vida, nunca tivemos em democracia tanta estabilidade, nem tantos políticos com prestígio global
Fernando Neves
@ Anónimo de 29 de Dezembro de 2017 23:28
Foi de tal forma a 1ªRepública que deu origem ao salazarismo autoritário para se poder ter mais socego. Tudo o resto são balelas.
Realmente estou senil! Pensei que a minha réplica não tinha entrado e repeti!
Coisas de digitar no tlm enquanto se espera no carro!
Boas entradas e Bom Ano a todos com paz, em especial aos que não têm a saúde e o conforto que muitos já têm!
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