domingo, setembro 24, 2023

Seria um ato de coragem. Será?

Marques Mendes disse hoje, na televisão, uma coisa imensamente sensata: é preciso, com urgência, proibir as raspadinhas.

12 comentários:

manuel campos disse...


Seria um acto de coragem mas duvido que venha a ser.
Cada vez que James Hacker se lembrava de algo que não interessava ao "sistema" lá vinha Sir Humphrey Appleby dizer-lhe que era "um acto de grande coragem" e ele percebia logo que era melhor não se meter nisso.
E as raspadinhas interessam ao "sistema" apesar de darem cabo da vida de muitas "pessoas", habitualmente pessoas muito modestas e carenciadas.

A raspadinha enquadra-se perfeitamente em maneiras de estar na vida muito características: a ideia do dinheiro imediato e fácil sem nenhum trabalho.

Num outro registo, também as “lojas dos 300”, depois promovidas a “lojas 1€”, também serviam um interesse público, o de todos os dias se poder comprar qualquer coisa, de um modo geral completamente inútil mas que amortecia a compulsividade consumidora que há em quase todos.

Só que as pessoas sendo, de um modo geral, pouco conhecedoras de matérias relacionadas com o “cálculo de probabilidades” limitam-se a estoirar o pouco que têm numa miragem viciante, sabe-se que quem mais consome raspadinhas é quem menos tem.

Por aqui, onde existe uma percentagem muito grande de pessoas com reformas baixas e com vencimentos mínimos, que todos que por aqui vivem conhecem bem, até faz aflição ver o que gastam naquilo, contam-me os donos aí dos locais onde essas coisas se vendem (e eu já tenho assistido a isso) que por vezes tentam dissuadir algumas pessoas de comprarem mas é evidente que não podem proibir ninguém pois armava-se logo cena.
E é vê-los a saírem com as raspadinhas, rasparem furiosamente, deitarem-nas fora e voltarem para a fila comprar mais ou, no caso de saír algum dinheiro (um pequeno ganho que ajuda a alimentar o vício) nem o verem porque o trocam logo por novas raspadinhas.

A probabilidade de qualquer um de nós ir à Lua um dia é maior do que a probabilidade dessa mesma pessoa ganhar o Euromilhões, está calculado.
Mas pouca gente sabe ou acredita nisso apesar de ser científico.
Não convém.

Eu nem sequer alguma vez fiz o Euromilhões, as meninas da papelaria onde vou dizem-me que “não sabe o que já pode ter perdido” ao que eu respondo “mas sei o que não perdi”.
Todos nos rimos muito e vai cada um à sua vida.

Como o Euromilhões foi lançado a 7 de Fevereiro de 2004, quer dizer que no próximo dia 7 de Fevereiro de 2024 posso dizer que “não perdi de certeza” pelo menos 5200€ (5€ X 52 semanas X 20 anos).
Deve ter dado para umas comezainas, que isso é que é sempre lucro garantido.

afcm disse...

Será coragem ?
À "gente que raspa" proibe-se o objecto causador da adição.
Noutros mundos de dependência preconizam-se terapias contra a adição.
E é ou era tão belo o "Fica Proibido Proibir".

Unknown disse...

Concordo. Mas aposto que vão continuar. Infelizmente.

Flor disse...

Estamos fartos de saber que as raspadinhas deviam desaparecer de vez. Penso que na lista de compras do mini-mercado essa é uma parcela dos bens a não esquecer.

Luís Lavoura disse...

Proibir?!
As pessoas devem ser livres de gastar (ou esbajar, ou delapidar) o seu dinheiro naquilo que querem!

J. Carvalho disse...

Faz alguns anos, pelas 7 horas, antes de ir para as aulas, ia tomar um café, no Café ao lado da Escola. Era próximo de um bairro municipal. O Café estava sempre apinhado de mulheres a tomar galões, meias de leite, croissants, torradas. Questionava-me o que levaria aquelas pessoas a deixarem, todos os dias, o equivalente a duas ou três horas da sua remuneração diária (o seu salário era abaixo dos 4€{hora) quando poderiam tomar o pequeno almoço em casa, melhor e mais bem barato.

Até que alguém me explicou que aquele comportamento fazia sentido, tinha a ver com a autoestima, elas que passavam os dias a servir tinham ali o seu momento, eram servidas.

Talvez as raspadinhas funcionem assim, além da expectativa do ganho. Antes das raspadinhas eram as RIFAS, um flagelo descontrolado. À época ainda não falava o Marques Mendes.

Francisco F disse...

A ignorância e o seguidismo, senhores, isso é que eu proibia!!!

Há algum tempo que apareceu a moda de falar em "adições" e "aditos", fruto de mais uma dessas traduções à letra a partir do inglês e a que as pessoas aderem, sempre desejosas de serem modernas. Antigamente, lembrar-se-ão, havia "vícios" e "viciados".

Ao disparate lexical, adiciona-se o ortográfico:

é "adiCção" e "adiCto", que se escreve! COM ou SEM Acordo Ortográfico, escreve-se com "c" porque o "c" é lido!!! Pensem que é mais parecido com o inglês desta forma e talvez vos custe menos a falar e escrever corretamente...



FONTES:

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/adic%C3%A7%C3%A3o

https://dicionario.priberam.org/adic%C3%A7%C3%A3o

https://linguagista.blogs.sapo.pt/ortografia-adiccao-1421470

https://ciberduvidas.iscte-iul.pt/consultorio/perguntas/adicto-adiccao-adictivo/34375

amadeu moura disse...

Ouvido num café, pela boca do dono, que vendia muitas raspadinhas! Se é proibido aos jovens menores de 18 anos de fazerem apostas desportivas deveria ser interdito aos maiores de 65 anos de poder comprar raspadinhas.

E acho que tinha razão!

Luís Lavoura disse...

A economia dos vícios deveria ser uma importante área de estudo da ciência económica.
Os vícios conduzem a muitas atividades económicas muito vastas e imensamente lucrativas.
Por exemplo, os jogos de telemóvel e as redes sociais são altamente viciantes e muito lucrativos.
A colonização do continente americano fez-se em grande parte para produção de produtos viciantes (rum, açúcar, tabaco).
As indústrias do álcool e do tabaco são continuamente muito importantes.

Nuno Figueiredo disse...

ganda nóia.

afcm disse...

Cá em casa existem vários dicionários em papel, à antiga.
Porto Editora, várias edições, Novo dicionário da Língua Portuguesa, de Cândido de Figueiredo ( este último está disponível na net, penso, EBooK) e o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, da Editorial Verbo.
Consulto-os amiúde ( este Blogue o o Seu Autor já me fizeram consultá-los várias vezes).
Ora, por exemplo, no último, consta :
"adição": (do Latim Additio) ...;..."compulsão apresentada por determinados indivíduos para repetir os mesmos comportamentos gratificantes, consumindo quantidades crescentes de drogas como tabaco, álcool, cocaína...".

Parece, pois, que se pode escrever das duas formas.

(Em defesa da honra, sem negar a ignorância)

Francisco F disse...

Esclarecimento:
https://causa-nossa.blogspot.com/2022/10/pobre-lingua-24-confusao-linguistica.html


Definição:
https://www.dicionarioinformal.com.br/adic%C3%A7%C3%A3o/


Utilização:
https://hospitalsantamonica.com.br/o-que-e-uma-adicacao/
https://www.sapo.pt/noticias/atualidade/artigos/eu-tenho-uma-doenca-que-se-chama-adicao-te-la-ei-para-o-resto-da-vida-a-adicao-e-as-respostas-a-uma-doenca-que-muitos-preferiram-ignorar
https://www.gruporecanto.com.br/blog/adiccao-o-que-e-sintomas-e-qual-o-tratamento-adequado/
https://recuperardasdependencias.blogs.sapo.pt/tag/adic%C3%A7%C3%A3o
https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1106.pdf
https://www.antidrogas.com.br/2016/07/21/esclarecendo-dicotomia-entre-adiccao-x-dependencia-quimica/
https://www.cretatratamento.com/comportamentos-adictivos/


"adição" é uma soma.
"adicção" é uma dependência

Não arranjem confusões onde elas não existem.

"Quem quer regueifas?"

Sou de um tempo em que, à beira da estrada antiga entre o Porto e Vila Real, havia umas senhoras a vender regueifas. Aquele pão também era p...