O meu texto, que a “Visão” desta semana publica, tem por título “O que é que correu mal?” Nele analiso o modo como se degradou a relação entre o ocidente e Moscovo, desde o fim da Guerra Fria até aos dias de hoje, com relevo para o papel de Vladimir Putin nessa mesma evolução.
5 comentários:
O que correu mal foi que o Ocidente desde o princípio esteve interessado em que corresse mal.
Recorde-se que a Rússia pediu em tempos para aderir à NATO e à União Europeia, e o seu pedido foi rejeitado.
Leu o texto antes?
O que correu mal é que é preciso ter uma política de segurança ambiciosa!
Com rufias há que ter um comportamento de espelho. Isto acontece em muitas situações na nossa vida pessoal, também. Se o gajo do lado se alarga, nós devemos fazer o mesmo e - garanto-vos! -, o desconforto da besta é imediato porque a natureza primária do rufia é contar com a cobardia e a inação dos outros.
Quando os russos começaram com exercícios, o mesmo devia ter acontecido do lado ucraniano, envolvendo os ucranianos e a NATO (ou países europeus de peso). No mínimo servia para marcar uma posição, irra! E talvez tivesse dado resultado.
Se os bielorrussos abriram o território a tropas russas, então, a Ucrânia devia, imediatamente, ter aberto as portas a tropas da NATO. Para lá estarem, para se exercitarem, para cooperarem, para fazerem turismo, sei lá. E, com tropas da NATO lá, o que aconteceria? Provavelmente muita gesticulação e berraria e nada mais.
Mas continuamos com esta mentalidade de não "provocar" rufias, achando que estes se alteram se lhes sorrirmos. E, assim, a coisa não vai lá.
Afinal de contas, se as armas nucleares russas nos impedem de os confrontar, para que temos exércitos, sequer?! Haverá sempre - sempre! -, o argumento nuclear a parar-nos. Na Ucrânia ou na Alemanha.
A crise dos mísseis de Cuba - referida agora até à exaustão pelos agentes de Moscovo -, é um bom exemplo do que deve ser feito. Bater o pé ao rufia! Porque a segurança e o interesse dos povos livres não são equivalíveis aos das ditaduras.
A Rússia tem como aliados declarados países miseráveis, desgraçados, estados falhados e/ou nas mãos de ditadores. É este - continua a ser este -, o círculo de relações da Rússia. Mudou o regime mas não mudou a sua alma negra.
O mundo alterou-se muito e isso vê-se na reação internacional à invasão. A própria Rússia, ao contrário da Alemanha nazi, não é um país com um povo fanatizado, em plena sintonia com o seu degenerado líder. Há uma sociedade russa, feita de pessoas honestas e pacíficas à qual tem de ser dada força para rebentar com o regime.
A infiltração de agentes provocadores que motivem a desestabilização interna da Rússia é vital. A sublevação do povo russo tem de ser fomentada. Não basta procurar brechas na equipa diabólica que apoia o ditador, há que garantir que, quando essas brechas surgirem, o povo as alarga até que a muralha seja derrubada para que, de uma vez por todas, a Rússia deixe de ser um problema para o mundo e se junte às nações de bem.
Se a Coreia do Norte ataca a Coreia do Sul (novamente com o apoio chinês), e os americanos têm de acudir ao fogo, quem protege a Formosa? E se nessa altura a Europa levar com a Rússia, como é?
Deixar os rufias terem a vantagem da iniciativa é sempre um erro que se paga muitíssimo caro!
Francisco, não. Não compro nem leio nenhumas revistas nem jornais portugueses. Sorry.
Luis Lavoura tem razao. Eu acrescentaria, que tudo estava previsto.
O alargamento da NATO, particularmente para a Ucrânia, continua a ser uma questão "emocional e sensível" para a Rússia, mas as considerações políticas estratégicas também estão na base da forte oposição à adesão à NATO para a Rússia, Ucrânia e Geórgia.
Na Ucrânia, isso inclui temores de que a questão possa dividir o país em dois, levando à violência ou até, a uma guerra civil, devido à existência de uma forte etnia russa oposta à adesão à NATO.
A Rússia considera desde sempre a expansão contínua da NATO para o leste, particularmente para a Ucrânia e Geórgia, como uma potencial ameaça militar.
Embora a Rússia possa acreditar nas alegações ocidentais de que a NATO não é dirigida contra ela, ao olhar para as recentes actividades militares nos países da NATO (estabelecimento de bases operacionais avançadas dos Estados Unidos, etc.), elas devem ser avaliadas não pelas intenções declaradas, mas pelo potencial.
Se a Rússia se opôs fortemente à primeira onda de ampliação da NATO em meados da década de 1990, agora sente-se capaz de responder com mais firmeza ao que percebe como acções contrárias aos seus interesses nacionais.
Tudo isto foi o objecto dum telegrama enviado a Washington em 2009 - 13 anos atrás - por William J. Burns, o embaixador dos EUA na Rússia.
Agora, lembrem-se de algo importante: o embaixador dos EUA Burns tornou-se director da CIA em 19 de Março de 2021. Por que isso importa? Porque Burns foi director da CIA por quase um ano antes de a Rússia invadir a Ucrânia.
Em outras palavras, o telegrama de Burns é uma prova de que o Pentágono e a CIA sabiam com absoluta certeza qual seria a resposta da Rússia se eles ameaçassem que a Ucrânia fosse absorvida pela NATO.
O Pentágono e a CIA forçaram a Rússia, de forma consciente, intencional e deliberada, a fazer uma escolha insustentável: permitir que a Ucrânia aderisse à NATO, o que permitiria ao Pentágono e à CIA colocar bases militares, mísseis, tanques, tropas e outros armamentos na fronteira da Rússia, ou invadir a Ucrânia para evitar que isso aconteça.
Apesar do mal da invasão da Ucrânia pela Rússia, o jogo político do Pentágono e da CIA que produziu a invasão da Ucrânia pela Rússia permanece igualmente mau e talvez ainda mais maligno.
Veremos dentro de dias, quando os Russos tiverem acabado o cerco da Ucrânia pelo Sul, fechando o acesso ao Mar de Azov aos ucranianos, o que vão fazer estes aprendizes feiticeiros.
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