sábado, março 05, 2022

A Russia e URSS

A Rússia não é a URSS. Do comunismo, só herdou o autoritarismo e os métodos. Há, porém, quem pareça ainda não ter percebido isso: o PCP (e alguns “compagnons de route”) e os anti-comunistas (que andam à cata do que tudo o que por aí se assemelhe aos “vermelhos” de outrora).

3 comentários:

Eugénio Lisboa disse...

É realmente muito importante não confundir a grande nação russa com a USSR ou com a camarilha de Putine. A Rússia deu-nos verdadeiros gigantes na literatura, na música, na ciência. Turguenev, Tolstoi, Tcheckov, Dostoiewsky, Gogol, Korolenko, Bunine, Pouchckine, Gorki, Andreiev, Leskov, Babel, Pasternak, Maiakovsky, Sologub, Mussorgsky, Tchaickovsky, Burodine, Shostackovich, Sakharov, Mandelstam, Nabokov são grandes peças do património universal, nossos companheiros e amigos de todos os dias, que enriquecem a nossa cultura comum. São tão nossos como Camões, Eça, Pessoa ou Vieira ou Bomtempo ou Stendhal ou Dickens ou Kavafis. São a grande família dos criadores universais. Eles não foram propriedade da União Soviética, que perseguiu e liquidou alguns deles nem de Putine que, provavelmente nunca os frequentou. A Rússia não é Staline nem Putine e tem sido e continua a ser a primeira a sofrer às mãos dessa gente, que não pertence à espécie humana. Haja pois o cuidado de se não começar uma caçada ao russo. Durante o Estado Novo, um grande número de portugueses não gostava de ser confundido com o regime de Salazar. Não confundamos pois o grande povo russo com os tiranos que os perseguem, os mandam para uma guerra iníqua e lhes ministram a mentira como alimento quotidiano. Tolstoi é nosso, Putine não.
Eugénio Lisboa

A.B. disse...

Até certo ponto consigo entender as razões de Putin. Até certo ponto porque não creio que haja algum país ou aliança suficientemente loucos para atacar militarmente a Rússia. O argumento da segurança territorial russa não colhe.
Já as acções de Putin são absolutamente condenáveis. Putin não é a Rússia, creio que cada vez menos, e talvez aí resida um dos maiores obstáculos à paz.

Joaquim de Freitas disse...


O contexto do socialismo em um único país foi imposto pelos adversários, é o dos 11 milhões de mortos incluindo 9 milhões de civis na atroz guerra civil em que os exércitos brancos enquadrados por 14 potências incluindo a França, se aliaram contra a URSS, então acima todo o choque da Segunda Guerra Mundial com seus 26 milhões de mortos, para passar em 20 anos à modernidade por uma terrível e necessária aceleração como hoje reconhecem os russos e talvez também a "guerra fria onde os Estados Unidos conseguiram criar Hiroshima , os soviéticos nunca tiveram escolha...

Lenin queria imitar a Alemanha, Trotsky os Estados Unidos.

A jovem Rússia dos soviéticos adoptará o taylorismo depois de tê-lo condenado, Gastev, o Taylor russo, será ainda pior que seu modelo americano, os líderes russos apelarão às grandes empresas americanas e seus engenheiros contra as próprias empresas e engenheiros soviéticos...

Cito em particular os dois irmãos Hammer, dois americanos que tiveram um escritório adjacente ao de Stalin no Kremlin e que serão as principais engrenagens das relações entre a URSS e os Estados Unidos da América.

Podemos ter uma ideia bastante precisa da Americanomania soviética lembrando que falamos de “americanismo proletário” e que o slogan “americanismo comunista, realismo e vigilância” foi amplamente divulgado.

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