sábado, outubro 24, 2020

Pelé



Quando fui viver para o Brasil, em 2005, levava comigo o projeto de conhecer três figuras - Pelé, Niemeyer e Chico Buarque. Também queria conhecer Lula, mas isso viria “with the job".

Conheci e falei bastante com Oscar Niemeyer. Não conheci Chico Buarque, embora, de facto, nunca me tivesse esforçado muito para isso. Mas conheci Pelé, uma das figuras que, desde sempre, mais me fascinaram no mundo do futebol - com Beckenbauer, Cruyff, Platini e Di Stefano.

Falei com ele pouco tempo, a poucos dias de abandonar o Brasil, no intervalo de um famigerado Brasil-Portugal, onde uma seleção desenhada pelo senhor Queirós, com atores da profissão a fazerem o frete de estar em campo a fingir que competiam, foi batida por uns humilhantes 6-2.

Pelé acaba de fazer 80 anos. Nunca pensei que, depois daquela noite em Brasília, se voltasse a lembrar de mim. Mas lembrou. Semanas mais tarde, num restaurante de Nova Iorque, o meu futuro sucessor em Brasília viu Pelé e decidiu apresentar-se, revelando que seria o novo embaixador português no Brasil, para onde partiria dentro em pouco.

Pelé foi simpático e, na conversa, perguntou-lhe: "Vai substituir aquele embaixador de cabelos brancos, que eu conheci, muito triste!, em Brasília, na noite em que Portugal perdeu por 6-2 connosco?". O meu colega confirmou.

Eu estava, de facto, bastante triste e isso não deve ter escapado a Pelé. O que ele não sabia é que tê-lo conhecido terá sido a minha única alegria daquela noite.

2 comentários:

Anónimo disse...

Eu vi o Pelé jogar ao vivo no Estádio Salazar ( hoje da Machava) num Portugal-Brasil que terminou 0-0. Era míúdo e fiquei desiludido porque o Pelé não jogou nada! Também vi o Mundial de 66 no cinema e não vi o Pelé a jogar grande coisa. A prestação em 70 terá sido a melhorzinha. No meu caso, a realidade nunca correspondeu ao mito.

Anónimo disse...

Dos três, conheci, acidentalmente, o Chico Buarque, tem uns 30 anos ou mais. Estava na praia, em Cascais, e olhava para a pessoa da toalha ao lado e achava que conhecia de algum lado... Era o Chico Buarque, que estava acompanhado da mulher, a atriz Marieta Severo, acho. Deu para conversar um bom bocado, arranjar um autógrafo (entretanto sumido) e depois lá deixei em paz o homem.
Mais tarde, no mesmo dia, reencontrei-o numa esplanada a comer uma sardinhada.

David Caldeira

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...