sábado, outubro 03, 2020

O papel dos jornais


“Jornais?! Isso só lá para a estação. Aqui já ninguém vende, nem jornais nem revistas”.

Tinha acabado de fazer uma visita ao News Museum, o excelente museu que, no centro de Sintra, no local onde já foi um museu do brinquedo, nos mostra hoje, com uma rara qualidade de apresentação, o mundo e a história contemporânea da informação - em Portugal e no mundo. E, como grande ironia, não conseguia comprar, por ali perto, um único jornal.

Zarpei para a estação. “Já houve, já! Agora, só lá para a Portela!”, disseram-me na bilheteira. Estava a ser uma fantástica e triste aventura comprar um jornal em Sintra. 

Até que me lembrei de ir a uma bomba da BP. Pronto! Aviei-me de quatro jornais, finalmente! O brasileiro de Goiânia que ali me atendeu deu-me outra dica: “Também há no Pingo Doce”. Ainda há casas de confiança, felizmente! E dali segui para Colares, onde encontrei à venda o róseo “Financial Times”. 

Pelo andar das modas, desconfio que, dentro em pouco, nem a estimável “Corneta do Diabo” se vende já em papel. Vislumbrei, aliás, o Palma Cavalão a sair do Nunes com a Concha, mas não tenho suficiente confiança com ele para lhe perguntar se é mesmo verdade o boato que ouvi de que vai passar a online o jornal de que é diretor. Nesse dia, o “Observador” que se ponha a pau!

4 comentários:

João Cabral disse...

"News Museum". Nomes pomposos e modernaços, sempre em inglês, claro. É o que temos nos dias que correm. Mas "newspapers", nem vê-los. Realmente, irónico. E ridículo. Que saudades do Museu do Brinquedo, que hoje seria o "Toys Museum".

Corsil Mayombe disse...

Estou convicto,o JL não passará a ser editado online.
Seria um sacrilégio...!

Manuel disse...

ai esse chourissinho de pus - epíteto tão adequado a tantos que me vieram agora à memória.

Anónimo disse...

Nada mal feito, “A corneta do Diabo”
Testemunho que é quase impossível comprar o jornal em Sintra
Fernando Neves

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...