quinta-feira, junho 23, 2016

A gravata britânica


Esta manhã, ao escolher uma gravata, comecei a pensar que cor deveria usar, neste dia muito importante de referendo britânico, uma decisão que, qualquer que seja o seu sentido, terá reflexos sobre a vida de todos os europeus. Como à tarde vou estar num debate sobre o Brexit e à noite tenho de ir ao Telejornal da RTP 1, isso poderia não ser indiferente. 

Uma gravata vermelha ("diz sempre encarnada", aconselham-me às vezes pessoas amigas, preocupadas com o meu estatuto) poderia ligar-me aos trabalhistas, uma azul aos "tories" e uma amarela aos "lib-dem", desaparecidos sem combate. Não me interessa a cor do UKIP. Lá fiz a minha escolha, sob um critério que não o político, esclareço.

Os britânicos têm um gosto bizarro para gravatas. Lembro-me de um dia, num Conselho Europeu durante uma presidência britânica, nos terem oferecido uma horrorosa gravata com umas garrafais estrelas da União em que, cada uma delas, representava um Estado membro. Já não sei o que nos calhou em rifa, mas os italianos treparam pelas paredes porque a estrela deles apresentava uma pizza... Ainda guardo esse inusável exemplar. Já pensei levá-la em idas às embaixadas britânicas, mas temo ter de passar o tempo a explicar porque me atrevia a usar aquilo.

Quem era famoso pelas suas nada convencionais gravatas era o jornalista televisivo Jeremy Paxman, que fazia o "Newsnight", na BBC 2. Tinha-as nos tons e desenhos mais fantásticos, muitas vezes exemplares pintados à mão. Paxman entrevistava com uma imensa displicência, embora sempre muito bem preparado sobre os temas, pelo que era temido pelos interrogados.

Uma noite de janeiro de 2000, fui convidado, em Bruxelas, a ir a um estúdio de televisão para ser entrevistado por Paxman, que estava na BBC, em Londres. O tema era complexo: as "sanções" à Áustria, por virtude do acordo de governo com um partido de extrema-direita. Eu passara horas a responder no Parlamento Europeu, em nome da presidência portuguesa, num agitado debate, onde alguns conservadores ingleses não me tinham poupado. Mas fora uma tarde bem estimulante, em que até troquei argumentos com Jean-Marie Le Pen!

Naqueles escassos minutos que antecederam a ida "para o ar" da entrevista, troquei umas palavras com Jeremy Paxman. Confesso que com o objetivo íntimo de o "amansar", elogiei-lhe a gravata que trazia e contei-lhe que, quando vivia em Londres, tinha sempre alguma expetativa quanto às que ele iria mostrar no "Newsnight". Fosse por via disso ou não, a verdade é que Paxman me tratou lindamente e a entrevista correu muito bem.

Não faço ideia se Paxman ainda está no ativo (não vejo a BBC), se as suas gravatas continuam notoriamente bizarras mas, reconheço, gostava que amanhã, ele e os seus concidadãos (estou a olhar para um "paperback" da sua autoria que tenho na minha estante, com o título de "The English, a Portrait of a People"), continuassem a fazer parte deste simpático clube de paz e de bem, que trouxe harmonia, bem estar e segurança a milhões de pessoas, durante décadas, que dá pelo nome de União Europeia.

quarta-feira, junho 22, 2016

terça-feira, junho 21, 2016

País do quase

O título de um jornal de hoje é sugestivo: "Portugal a um empate dos oitavos".

É uma sensação magnífica sabermo-nos parte de um país marcado pela ambição, que dobrou Bojadores, a caminho da Boa Esperança, das Índias, da Taprobana, por especiarias, por fé, por glórias.

O mundo mudou, nós também. Consta.

E é por isso que amanhã, ali estaremos, uma "pátria em chuteiras", como diria Nelson Rodrigues, Asterix na Gália de César, sem poção mágica, lutando, com denodo, prestes a esmagar todos os magiares que se atravessarem entre nós e esse imenso e audaz objetivo: o ponto.

Que falta nos fazes, José Maria Eça de Queiroz!

A "pérfida Albion"


Agora que o referendo britânico nos atazana os dias, veio-me à memória uma cena penosa, numa noite de Bruxelas, à saída de um jantar de trabalho, há cerca de duas décadas.

Estávamos ainda à porta do local do repasto, eu e uma figura britânica relevante para o que aqui me traz, isolados do resto dos convivas. Enquanto os nossos carros não chegavam, voltei-me para o meu interlocutor, que eu já conhecia há alguns anos e com tinha alguma confiança pessoal, e disse-lhe:

- Espero que o Reino Unido, amanhã, no Coreper (o Comité dos Representantes Permanentes, que reúne os embaixadores junto da União Europeia), apoie a nossa proposta de declaração sobre Timor-Leste. Necessitamos de colocar pressão sobre a Indonésia.

O tema era candente. Tinham-se passado incidentes sérios em Timor-Leste e o nosso embaixador junto das instituições europeias, sabedor de que eu iria ter um jantar onde estava esse britânico, pediu-me que o tentasse sensibilizar. Se a declaração "passasse" no Coreper, a hipótese de vir a ser aprovada, dias depois, no Conselho de Ministros, estava assegurada. Os mais renitentes eram, ao que recordo, os holandeses, mas os britânicos também não estavam a ser fáceis. E era precisa unanimidade. Expliquei, como se isso fosse necessário, a gravidade do problema, ele foi dizendo que sim com a cabeça e, no final, respondeu-me:

- Podemos fazer um acordo. Na reunião agrícola de ontem, vocês colocaram objeções sobre a linguagem que tínhamos proposto sobre a BSE (a doença das vacas loucas). Se levantarem essas vossas reservas, posso assegurar que apoiamos o texto sobre Timor-Leste.

- Estás a brincar?! Estás a pôr uma questão de Direitos humanos ao nível das "vacas loucas"?!, exclamei, quase escandalizado.

- Isso mesmo!, disse ele com aquela espécie de gargalhada snobe que os britânicos fazem quando acham que conseguem fazer uma graçola de "nonsense".

Ouvi-me então a utilizar a expressão começada por "f" com o "you" no fim, que já não ensaiara desde que saíra de Londres, que tinha sido o meu último posto diplomático no estrangeiro, onde aliás me cruzara pela primeira vez com essa figura britânica. Nesse instante, dei razão ao Marquês de Ximénès, quando qualificou a Inglaterra de "pérfida Albion". Virei-lhe as costas, de forma ostensiva, e entrei no carro. Mas fiquei preocupado: tinha ido um pouco longe demais!

No dia seguinte, nos corredores do Justus Lipsius, cruzei-me com ele. Saudou-me como se nada se tivesse passado. A única coisa que não recordo é o destino que teve a declaração sobre Timor-Leste.

segunda-feira, junho 20, 2016

O Brexit num esfregar d'olho


Não obstante ser este o tempo das reflexões profundas sobre o Brexit, confesso que me não sinto tentado - embora tenha tido pedidos da imprensa para escrever - a perorar muito sobre a questão. Vou apenas alinhar aqui uns breves pontos:

- David Cameron foi um irresponsável ao ter libertado, por oportunismo eleitoral, os demónios que agora não consegue controlar. Hoje, no Reino Unido, os eurocéticos radicais têm muito mais força e visibilidade mediática do que alguma vez tiveram. E, no resto da Europa, há outros a esfregar as mãos.

- Os britânicos, que são dos grandes beneficiários da Europa comunitária, pagam agora anos em que se dedicaram a usá-la como bode expiatório para muitos dos seus problemas.

- Ao não fazerem um mínimo de pedagogia pró-europeísta, e a campanha pelo "sim" se ter limitado a uma agenda defensiva ou de criação de novos medos, os britânicos que querem ficar na Europa revelaram uma inabilidade rara. 

- Se alguém pensa que as mensagens ou as ameaças exteriores para condicionar a opinião britânica tem algum efeito. desenganem-se! Os britânicos pensam pela sua cabeça e quanto mais os tentarem convencer, com opiniões de fora, pior!

- O RU já tem quase tudo o que queria da Europa: está fora do euro, de Schengen, das regras da livre circulação, de muito do quadro da Justiça e Assuntos Internos, da observância da Carta dos Direitos Fundamentais. Antes, excluíra-se do protocolo social e recebia um "rebate" anual em forma de cheque. As concessões dadas pelos 27 há semanas foram a "cereja no bolo" da excecionalidade britânica.

- Há uma quase unanimidade, nos meios e analistas económicos, sobre o impacto negativo da saída da União para o Reino Unido. Mas com essa realidade podemos nós bem. A mim, confesso, nesta fase do campeonato, é o futuro da União que me preocupa, não a felicidade ou infelicidade britânica.

- Uma saída britânica induzirá um ambiente de instabilidade e imprevisibilidade no seio da UE que pode vir a desencadear um movimento centrípeto de "refundação" da Europa, com "purga" do euro. E nesse grupo, dificilmente Portugal terá condições para ficar. Sobre isto não tenho a mais leve dúvida.

- Há ainda um cenário que não excluo: é o RU vir pedir mais excecionalidades à Europa para não sair e esta, por temor, vir a concedê-las. A "caixa de Pandora" já está aberta e, não tarda, outros Estados (vá lá, com alguma legitimidade!) vão querer aproveitá-la.

- A negociação entre o Reino Unido e a UE, para organizar a sua saída, sendo embora algo de inédito e sem precedentes, não me parece uma tragédia. As ordens jurídicas, naquilo que importa, são as mesmas e Londres, sendo um negociador "tough" e às vezes bastante "rough", é um poder amigo.

- A UE, em caso de Brexit, tem na sua mão alguns trunfos muito importantes. Nesse contexto, devo confessar que não me parecem preocupantes - pelo menos muito mais do que já foi dado nas recentes concessões - os impactos sobre a situação dos portugueses que vivem naquele país.

- Na quinta-feira, se votarem a saída, o britânicos vão perder milhares de lugares numa máquina europeia onde têm uma posição dominante e decisiva - na Comissão, no Conselho, no Parlamento Europeu, nas missões diplomáticas europeias pelo mundo. Esse pessoal deve estar em pânico! E há muitos mais a esfregar as mãos...

- Se o Brexit tivesse lugar, o dia seguinte seria o dia 1 para um novo referendo para a Escócia. E, nesse caso, bom dia Catalunha!

- O meu "guess", no dia de hoje? O Brexit não passa. À boca da urna, a aposta no desconhecido é demais para um eleitorado que, no fundo, é esmagadoramente "conservador" - quero com isto dizer, que tem algo a conservar. E não é nada pouco! Mas se estiver enganado, o que pode acontecer com grande facilidade, "apertem os cintos"... E mesmo que os britânicos por cá fiquem, muita coisa será diferente no futuro.

domingo, junho 19, 2016

A homofobia em Portugal



Acho saudável o sobressalto suscitado pelo atentado terrorista que teve como alvo uma discoteca frequentada por homossexuais nos Estados Unidos. Embora pense que há outras dimensões dessa agressão que se devem considerar a nível idêntico da óbvia homofobia subjacente ao ato, creio importante que esse fator específico seja sublinhado, entendendo como natural que o acontecimento mobilize uma atenção particular para o tema. Porque ele é, cada vez mais, socialmente importante. Com a maior sinceridade, penso que só poderemos considerar-nos um país plenamente livre quando nos libertarmos, por completo, dos preconceitos residuais que o tema da homofobia ainda suscita.

Faço parte de uma geração que foi aculturada de uma forma muito peculiar quanto ao tema da homossexualidade. Não obstante, desde muito novo, ter convivido sem problemas com pessoas que deixaram entender publicamente essa sua opção sexual, não tenho o menor pejo em admitir que a aceitação "compreensiva" e formal dessa realidade ia estranhamente de par com o regular uso de uma linguagem jocosa e menorizante sobre o fenómeno. Ironias e graçolas, tendo como alvo os não heterossexuais, faziam parte de um discurso machista que eu próprio utilizei até muito tarde e com que, não raramente, me cruzo ainda em alguns circuitos sociais, onde o fator etário não é despiciendo.

Na cidade de província onde vivi até entrar para a universidade, a cultura dominante estava eivada de um ambiente profundamente discriminatório, que isolava e ridicularizava socialmente os homossexuais, que eram apontados a dedo pelas ruas, mesmo se tal era muitas vezes atenuado por uma espécie de tolerância sobranceira, mas que não escondia a ideia de fundo de que, no final de contas, se tratava de uma "anormalidade", mais ou menos admitida por uma espécie de liberalidade modernaça. Olhando retrospetivamente para esses tempos, posso imaginar a violência que esse ambiente social constrangente provocava, não apenas nessas pessoas, mas igualmente em quantos imagino que foram forçados a retrair a assunção pública da sua opção sexual.

Devo dizer que me dou conta de que esse ambiente paternalista está muito longe de dissipado nos dias de hoje e de que terão de passar ainda bastantes anos até que o respeito pleno pela liberdade de assunção de uma opção diferente da heterossexualidade seja comummente aceite de forma natural. Talvez o facto da cada vez mais famílias serem confrontadas com o "outing" de alguns dos seus membros possa ajudar a acelerar esta evolução.

Como cidadão, tenho a sensação de que este tema deu passos de gigante, nos últimos anos, em Portugal. E, devo dizer, sinto-me orgulhoso por fazer parte de um país que foi capaz, num prazo de tempo relativamente curto, de dar mostras de assumir uma postura de grande abertura nessa dimensão essencial da luta pela igualdade entre as pessoas. 

Há um teste que costumo utilizar para perceber se a aceitação da homossexualidade por parte de pessoas com quem convivo é real ou é apenas o resultado de um esforço intelectual para seguir o "politicamente correto": a questão da adoção de crianças por casais homossexuais. Independentemente de poder compreender quantos, por razões religiosas e até de uma certa leitura sobre a integração societal, achem que o crescimento de uma criança de deve fazer sob um quadro parental com um casal no modelo tradicional, estou profundamente convicto de que a grande objeção à adoção de crianças por homossexuais tem, "on the back of the mind", a ideia da "anormalidade" dessa opção e, no fundo, uma não assumida convicção de que se pode estar a expor as crianças a possíveis atos de pedofilia. Posso estar enganado neste meu raciocínio, mas é o que sinceramente penso.

sábado, junho 18, 2016

O olhar dos embaixadores

Desde que, há pouco mais de três anos, regressei a Lisboa, e por um conjunto cumulativo de razōes, tenho contactos frequentes com bastantes embaixadores estrangeiros acreditados em Lisboa. E tem sido muito interessante poder acompanhar a sua evolutiva curiosidade sobre a nossa situação política, muito em especial o modo como procuram recortar o perfil dos nossos atores políticos, as suas interações, as linhas predominantes dentro das formaçōes partidárias e, naturalmente, os cenários mais prováveis para o futuro próximo.

Quando aqui cheguei, em 2013, as grandes interrogações prendiam-se com a solidez da coligação então no poder, em especial sobre o tandem Passos Coelho - Paulo Portas. Vivia-se um tempo posterior às manifestações de 2012, num ambiente exausto dos efeitos das políticas da "troika". A Lisboa diplomática estava cheia de intrigas sobre as "traições" e "desconfianças" entre os líderes do PSD e do CDS, em dias "irrevogáveis".

A coreografia dos consensos promovida por Cavaco Silva obrigava os diplomatas a interrogar-se bastante sobre a personalidade de António José Seguro, sobre a sua eventual abertura a entendimentos com os ocupantes do poder. Iria Seguro ser sensível aos apelos de Cavaco? Convencidos de que eu "bebia do fino", muitos me interrogavam sobre as intenções do líder socialista. Alguns não acreditavam na verdade, isto é, que eu sabia tanto como eles.

Por algum tempo, o papel de Sócrates no tecido da esquerda, em especial depois das suas aparições televisivas, foi fator de interesse para esses olhares estrangeiros. A sua detenção reduziu o foco na personagem, embora mantendo-se a curiosidade (que era também a nossa) sobre o efeito que isso iria ter no futuro dos socialistas. Também a importância das tomadas de posição de Mário Soares suscitava questões sobre o modo como isso se iria repercutir no PS.

Um dia, surgiu a surpresa António Costa. Surpresa? Bom, ele era o chefe da municipalidade lisboeta com cuja bonomia os diplomatas se tinham habituado há muito a lidar. Mas o registo era agora outro. Costa era, de há muito, um potencial candidato a tudo - de S. Bento a Belém - mas o facto de agora surgir a concorrer à liderança, depois da "débacle" eleitoral das Europeias, afrontando Seguro, revelava um perfil algo diferente daquele que dele tinham desenhado. Curiosamente, muitos embaixadores haviam-se habituado, nos "dîners en ville" a ouvir a direita tecer loas a António Costa. Agora, de um momento para o outro, Costa parecia ser o "radical", perante um Seguro que lhes era mostrado, pelo Portugal conservador com que conviviam socialmente, como um socialista finalmente "aceitável".

Vieram as eleições e a grandes dúvidas, suscitadas pela radicalização da campanha. Até onde iria o PS? Romperia com a Europa, "à Siryza"? O que faria Costa se ganhasse? Foi um tempo de muitas conversas especulativas, onde algumas das posições de certos interlocutores revelavam, com ingénuo reflexo, os opinadores que frequentavam. Eles ouviam, "entre la poire et le fromage", aquilo que esses "experts" iriam debitar nas TV, horas depois. Às vezes, isso dizia-me respeito e eu ria-me intimamente.

A montagem da "geringonça" desorientou, de vez, a Lisboa diplomática. Não por uma necessária oposição ao modelo (embora fosse essa a atitude amplamente maioritária) mas porque pretendiam, muito legitimamente, tentar saber o que poderia sair dali, em termos de opções e escolhas políticas, em especial no terreno europeu. Todos nós, portugueses, também queríamos saber isso, convém recordar. Avaliar o grau de influência dos comunistas e do Bloco na orientação do executivo foi uma tarefa em que os diplomatas em posto em Lisboa se entretiveram por muito tempo, até estabilizarem, aparentemente, no dias de hoje, essa sua visão. Políticos, jornalistas e empresários carrearam para os ouvidos dos embaixadores informações que iam de dados concretos a meros "bitaites", tudo misturado com muito "wishful thinking". Tempos interessantes esses, que devem ter dado origem a curiosos telegramas.

As eleições presidenciais que se seguiram nunca mobilizaram muito os embaixadores em Lisboa. Maria de Belém era sobejamente conhecida, Sampaio da Nóvoa era quem suscitava as dúvidas conservadoras e Marcelo Rebelo de Sousa era... Marcelo!

Se surpresa houve, desde então, de que ainda se não refizeram por completo, essa tem sido a "lua-de-mel" do presidente com o primeiro-ministro. Entre o divertido e o espantado, desde logo com a inesperada informalidade inicial do chefe de Estado, os nossos amigos diplomatas estrangeiros em Lisboa olham-nos, nos dias de hoje, com uma pontinha de inveja institucional. Porém, infelizmente, ela logo se esbate quando olham o fio da navalha económico em que Portugal permanece. Mas em muitos deteto alguma amiga simpatia pelas nossas dificuldades.

Imagino que Lisboa deva ser um posto muito interessante para se estar como diplomata estrangeiro. Embora o sol deste junho só agora dê os devidos créditos ao nosso verão.

sexta-feira, junho 17, 2016

"Com a NATO não se brinca!"



A NATO anunciou que vai reforçar militarmente os contingentes de que dispõe no Leste europeu, junto às fronteiras da Rússia.

Não é popular, no discurso português de segurança e defesa, discutir, ainda que minimamente, as opções americanas que sobredeterminam de forma decisiva as políticas da Aliança. No nosso país, o obsessivo interesse em sermos "bem vistos" do outro lado do Atlântico tem-nos conduzido a um acrítico seguidismo, teorizado por uma escola que faz do ultra-atlanticismo o seu "fond de commerce". No limite, lembremos, foi o que nos levou à vergonha da « cimeira das Lajes ».

Penso, com a maior sinceridade, que a NATO – esse heterónimo dos EUA - continua a justificar-se e que o nosso país tem um interesse estratégico em dela continuar a fazer parte. A Aliança mudou de natureza com o fim da Guerra Fria, mas persistem cenários de risco que a continuam a justificar.

A Rússia, não sendo um inimigo, não é um poder qualificável de plenamente democrático, por não oferecer garantias de se subordinar a um quadro de respeito estrito pelo Direito Internacional, pelo necessita de conhecer, com clareza, as "linhas vermelhas" que não deve ultrapassar, na observância do equilíbrio de poderes posterior à Guerra Fria. E só a NATO as pode definir.

O que escrevi levar-me-ia a louvar a NATO e o seu trabalho, não fora o facto da organização ter sido visivelmente "raptada", nos últimos anos, por uma agenda de pendor radical, que soma algumas tentações de proselitismo político-militar dos EUA com a paranóia de alguns países que o alargamento da NATO colocou junto às fronteiras da Rússia - a tal "nova Europa" que Donald Rumsfelt se gabava de pôr em choque com o resto do continente. O que se passou na Ucrânia, a reboque de uma União Europeia que teve a insensatez de se deixar arrastar para políticas claramente provocatórias, que de modo irresponsável se permitiram abalar equilíbrios geopolíticos que haviam provado ser marcos da segurança coletiva, mostrou que "brincar" com a História pode ter um elevado preço.

Portugal é um país frágil, nomeadamente em matéria de segurança e defesa. Depende bastante da NATO, pelo não quer ser visto nesse contexto, ainda que minimamente, como um "trouble-maker". Além disso, um governo como o atual, que é olhado com elevada suspeição pelos meios atlanticistas, está talvez mais condicionado do que qualquer outro, pelo que será sensível ao senso comum, prevalecente nos corredores das Necessidades e do Restelo, de que "com a NATO não se brinca".

Até posso estar de acordo com isso. Mas espero que Lisboa, no âmbito de uma NATO que parece embalada por um perigoso tropismo jingoísta, que olha Moscovo como se tratasse da capital da URSS, saiba ter coragem para dizer, alto e bom som, que com a paz também não se brinca.

quinta-feira, junho 16, 2016

A diligência


Àquele diplomata português, que exercia as funções de encarregado de negócios, na ausência do seu embaixador, fora pedido que executasse uma diligência "ao nível mais elevado possível" junto do ministério dos Negócios Estrangeiros do país onde estava colocado. Pedia-se-lhe que tentasse saber, a montante da informação pública que se aguardava para breve, qual a atitude que o governo desse país iria tomar numa determinada questão. Com toda a certeza, Lisboa estaria a definir a sua posição e importava-lhe conhecer a que esse país ia tomar.

É sempre difícil a um encarregado de negócios, isto é, a alguém que não chefia a missão diplomática, conseguir uma interlocução a um nível alto numa hierarquia diplomática local. Normalmente, o máximo que consegue é ter um contacto com o "desk" geográfico que cobre o país e, muitas vezes, até isso demora algum tempo. Às vezes, uma visão fácil e caricatural sobre a vida diplomática despreza a importância dos contactos pessoais, as relações de proximidade que os convites para almoço ou jantar proporcionam, o interesse em conseguir ter "oleados" canais de acesso a funcionários que nos podem ser úteis. É uma arte, não acessível a todos, conseguir uma "network" de conhecidos nas estruturas dos ministérios estrangeiros, saber trabalhá-las e cultivá-las por longos meses em que a sua utilidade é pouco mais do que nula, para as poder acionar nos momentos importantes.

Não sei se foi através desses seus contactos que o diplomata, ainda jovem, conseguiu a proeza de ser recebido a nível de um diretor-geral. Para Lisboa, tratava-se da prova da sua capacidade de "furar" na máquina diplomática local e, com toda a certeza, o "bem elaborado telegrama" (expressão clássica na "casa") iria ser apreciado. Desde que a informação pedida por Lisboa fosse obtida, claro.

A conversa não iria ser fácil, contudo. O diretor-geral recebeu o jovem diplomata com alguma sobranceria, ouviu a questão colocada e, desde logo, "fez-se" caro. Explicou que o assunto, se bem que decidido já internamente, não era ainda do domínio público.

O nosso diplomata, com elegância, retorquiu que, se o fosse, não tinha vindo ali incomodá-lo. Era precisamente por sabermos que a decisão estava já tomada e prestes a ser anunciada que pedíamos, à luz das excelentes relações bilaterais que tínhamos, que no-la dessem por antecipação, com o óbvio compromisso de a não divulgarmos a terceiros.

O diretor-geral manteve-se "em copas" e adiantou: "Olhe, meu caro. Posso dizer-lhe que, dentro de dois dias, a decisão será comunicada à imprensa. Aí ficará logo a saber. São só 48 horas!"

O jovem diplomata, com garbo, terá respondido: "Fico muito grato e, pode crer, vou mesmo recomendar ao meu governo para fazer uma assinatura dos jornais do seu país. É que, como está em curso uma reavaliação dos postos a fechar, por razões orçamentais, no âmbito da nossa rede diplomática, sair-nos-á bem mais barato deixar de ter aqui embaixada e fazer essa assinatura. Pelos vistos, a utilidade de termos diplomatas cá acreditados é muito escassa, por não quererem ter connosco um gesto mínimo de simpatia e amizade. Passaremos assim a seguir a vossa atividade pela imprensa".

Dos anais da "casa", reproduzido mesmo em livros publicados, consta que o diretor-geral terá entendido a mensagem e facultado a informação pedida.

quarta-feira, junho 15, 2016

Dois pontos perdidos

O meu dia não acabou bem. Olhando para trás, para os erros cometidos, é agora relativamente fácil pensar o que se não fez para evitar o que aconteceu. Mas é como "chover no molhado". Precipitação, avaliação incorreta dos riscos, nervosismo e, claro, cai-se na ratoeira. E houve um custo a pagar, claro, não tão pequeno como isso. Agora tudo vai ser mais difícil, sem esses dois pontos. Não se podem cometer muitos mais deslizes. Alguns dirão mesmo: "Se calhar até foi bom! Aprende-se a ter mais cuidado". Talvez. Aprende-se a não avançar no terreno sem prudência, a medir melhor o ritmo a imprimir no futuro. Foi uma lição.

Perdi dois pontos. Na carta de condução. Faz amanhã oito dias. Na A8.

Já 5000 !


Pois é, este é post nº 5000, desde que este blogue começou a ser editado, no dia 2 de fevereiro de 2009, sem nenhuma interrupção diária, creio eu.

Achei que valia a pena assinalar este número "redondo".

As armas da Venezuela


Mário Soares não tinha por hábito pernoitar nas embaixadas, preferindo quase sempre os hotéis. Apenas em Brasília, numa das vezes que por lá passou, o convenci a dar-me o gosto de algumas conversas pela noite dentro, que eu aproveitava para saciar a minha curiosidade em torno das suas inesgotáveis memórias, sempre marcadas por um rigor dos factos, datas e nomes. Muito aprendi sobre a história da oposição democrática e os bastidores da política doméstica no pós-1974.

Numa dessas visitas, juntei à sua volta, num jantar, o antigo presidente da República, José Sarney e o então vice-presidente da República, José Alencar. Sarney era um velho conhecido de Mário Soares, que as voltas da política tornara um aliado de Lula, e Alencar era um querido amigo pessoal meu, que achei que Soares gostaria de conhecer melhor.

O jantar começou muito bem, com a bonomia e as histórias mineiras do vice-presidente a deliciarem o nosso antigo presidente. Este tinha vindo, na véspera, da Venezuela, onde entrevistara o presidente Hugo Chavez para um programa televisivo. Estava visivelmente entusiasmado com o líder venezuelano, sentimento que eu sabia longe de ser partilhado pelos dois convivas brasileiros. Porém, Alencar mostrava-se mais parcimonioso do que José Sarney, que tempos mais tarde acabaria por assumir no Senado brasileiro uma oposição forte à entrada da Venezuela para o Mercosul.

A certo passo do repasto, sempre em torno da figura de Chavez, comecei a notar que o diálogo entre Soares e Sarney se estava a tornar um tanto tenso. Entre outras discordâncias, Sarney explicava a Soares que havia setores brasileiros muito preocupados com as aquisições de material militar que Chavez tinha recentemente feito, chamando em apoio das suas teses o vice-presidente da República, José Alencar, que, até meses antes, tinha acumulado o cargo com o de ministro da Defesa. Este, porém, pela sua solidariedade com Lula, mantinha-se discreto.

Soares, contudo, acreditava piamente na boa vontade de Hugo Chavez, creditava-o de boas intenções e de um real interesse em manter um relacionamento positivo com o Brasil. Num determinado momento, voltando-se para Sarney, disse-lhe: "Ó José Sarney! Eu conheço muito melhor o Chavez do que você! E, por isso, posso assegurar-lhe que nunca uma arma venezuelana que ele controle se voltará contra um interesse do Brasil".

Sarney fechou aquela cara de brasileiro que, do bigode ao cabelo negro com brilhantina, refletia uma imagem caricatural do brasileiro da sua idade a que o mundo dos anos 50 e 60 se habituara, e, longe de convencido, voltando-se para Soares, disse-lhe: "Ó Mário! Nem você nem eu já temos idade para acreditar nessas coisas! Não seja ingénuo!".

Mário Soares não gostou, retorquiu firme, mas com procurada elegância. Eu fiz um sinal a Alencar para me ajudar a amenizar a conversa. Isso foi conseguido, sem dificuldade, mas pode dizer-se que aquele que seria o último encontro entre os dois antigos presidentes não acabou em ambiente de grande euforia.

terça-feira, junho 14, 2016

Rua Direita


Na minha terra, em Vila Real, há uma rua que funciona como uma espécie de "eixo" da cidade antiga. De facto, chama-se Rua Dr. Roque da Silveira, mas, na prática, todos lhe chamam Rua Direita, designação que aliás é comum a artérias do mesmo género existentes em outras das nossas cidades.

Há bem mais de uma década, o meu saudoso amigo Álvaro Magalhães dos Santos escreveu uma memória afetiva sobre aquela rua, historiando-a casa a casa, a que deu o nome "A Rua Direita - uma janela sobre Vila Real".

A Rua Direita, como todo o vilarrealense sabe, vai da Capela Nova, que também não se chama assim, até ao Cabo da Vila (leia-se "bila"), que obviamente não tem, em termos toponímicos, essa designação. Já foi a grande artéria comercial da cidade e, ainda hoje, restam por ali algumas poucas casas com merecido prestígio. Mas é, em termos económicos, uma sombra do que já foi e, ao que me dizem, contam-se pelos dedos de escassas mãos as pessoas que ainda por lá habitam. 

Ao encontrar esta imagem há pouco na net, lembrei-me, sei lá porquê, da Rua Direita.

A tragédia americana

O recente ato terrorista na América pode vir a ter consequências bastante mais graves do que as significativas perdas humanas que causou. A emergência deste tipo específico de violência, ideologicamente motivada, induz insegurança e vontade de retaliação. A resultante política destes sentimentos não é por ora clara, mas tudo indica que não deixará de projetar-se sobre o momento eleitoral que os EUA atravessam, influenciando os compromissos securitários dos candidatos, quer na ordem interna, ao estimular efeitos sobre a cultura cívica e de liberdades, quer no comportamento externo do país, onde facilitará uma atitude favorável à afirmação autónoma do interesse nacional americano, com condições para forçar novas clivagens e agravar riscos que podem afetar todo o mundo. Uma América provocada a sob tensão é tudo quanto não precisamos nos tempos que correm.

segunda-feira, junho 13, 2016

Privilégios

Aquele ministro e eu entrámos no avião, de regresso a Lisboa, ambos vindos de uma conferência numa determinada capital. A lotaria dos lugares tinha-o colocado duas ou três filas atrás da minha.

Nesse tempo dos anos 90, eu era secretário de Estado. Ao meu lado, por um azar das arábias, acabou por me calhar aquilo que os brasileiros designam por "um chato de galocha". Era uma figura portuguesa conhecida, palrador incessante, do género muito inquisitivo, dos que nos não deixam ler ou trabalhar. Por simpatia, lá fui aturando a personagem, que não "despegava" um minuto da conversa.

A certo passo, olhando para trás, descortinei o sorriso gozão do meu colega de governo, que, conhecendo-me e conhecendo a figura que o destino colocara como meu vizinho, devia pressentir o esforço que eu estava a fazer para aturar aquela imensa "seca".

Mais de metade do voo já era passada quando um assessor do ministro passou perto da minha fila e me estendeu um envelope: "o ministro manda-lhe isto".

Abri discretamente o envelope, não fosse a curiosidade do vizinho estender-se ao seu conteúdo. Dizia mais ou menos o seguinte: "Sabes qual é a diferença entre um ministro e um secretário de Estado? É que os ministros conseguem não ter de aturar chatos como o que vai ao teu lado..."

Contive a custo a gargalhada!

domingo, junho 12, 2016

We'll always have Paris!


Ocidente


A comunidade muçulmana de Marselha deve estar a sorrir. A cidade mostrou ao mundo os hábitos, costumes e valores da civilização ocidental.

"Blague"


Foi preciso Marcelo ir a Paris para que Hollande ressurgisse com o seu conhecido lado "blagueur".

Pena é que os franceses achem cada vez menos graça ao seu presidente.

Notas (bem dispostas) de um domingo de sol


- É chocante a força que o Bloco de Esquerda e o PCP impõem nas decisōes salariais tomadas pelo governo socialista. O caso mais recente foi o escandaloso aumento que conseguiram para os administradores da Caixa Geral de Depósitos.

- Espero que o "Prós e Contras" de amanhã nos traga Assunção Cristas e Mário Nogueira a discutir os méritos do ensino público na formação dos "holligans" britânicos que ontem se ilustraram na Côte d'Azur, onde duvido que a toponímia local preserve a Promenade des Anglais.

- Se Marcelo não surgir hoje de arco-e-balão nas ruas de Alfama, vão começar os rumores de que a sua presidência entrou em declínio.

- Ao preço a que anda a sardinha, mais de uma dúzia por família vai ser lido pelo fisco como sinal exterior de riqueza.

- A Justiça passou agora a mau-da-fita ao acusar jornalistas de quebra de segredo de justiça (uma evidente calúnia!) no caso Sócrates.

- Cavaco começa a ficar vingado. Há cada vez mais consensos: sobre o que o país pensa dele, sobre a recusa das sanções europeias e sobre o facto do Europeu serem "favas contadas".

sábado, junho 11, 2016

O acordão

Os aumentativos em "ão" são uma forma brasileira de mostrar uma saudável sem-cerimónia com a língua portuguesa, tornando mais "gráficas" as expressões. 

( Para quem não saiba, as rotundas, no Brasil, designam-se por "balões". Um dia, conduzindo em Minas Gerais, perguntei a alguém se ainda faltava muito para cruzar com uma determinada estrada. A resposta não podia ser mais brasileira: "É logo ali, chegando ao balãozão", para designar uma rotunda bem maior do que as habituais.

Também as pessoas são referenciadas assim, sem o menor embaraço. Numa remota cidade do Amapá, fui apresentado ao Prefeito, um homem imenso, muito largo. Com a imbatível simpatia dos brasileiros, identificou-se: "Meu nome é José Carlos. Mas me chame de "Marmitão". Todo o mundo me conhece assim." )

Ao ouvir falar de que há um "acordão" no Brasil, alguns portugueses podem ser levados a concluir que isso designa a revolta ética da respetiva população, o "acordar" coletivo face à revelação dos escândalos de corrupção e outros graves atropelos às leis, que geraram manifestaçōes, revoltas populares e tensões sociais, com impacto na classe política. 

Mas não é nada disso! O "acordão" que se regista, ou se prepara, no Brasil é, apenas e só, um entendimento entre os titulares de cargos políticos no sentido de criar uma barreira à ação da Justiça, que agora começa a ameaçar setores de topo do sistema que saiu recentemente ganhador da luta pelo poder. 

A Justiça - em especial o Ministério Público e a Polícia Federal - foram os "heróis" do sistema, enquanto a sua ação tinha por alvo o PT e os seus "compagnons de route", isto é, até ao afastamento prático de Dilma Rousseff. Mas agora que a máquina judicial se colocou em movimento e não parou, ameaçando setores dessa hidra política que dá pelo nome de PMDB, já por ali se fala em "acordão".

Olhando em perspetiva este mês de poder de Michel Temer, fica a sensação, porventura injusta mas que ressalta inevitavelmente como tal, de que praticamente só se tem tratado da (re)atribuição de lugares no aparelho político e das empresas públicas, de paralelo com a tentativa esforçada de muitos políticos, de topo e não só, de escaparem à possibilidade de virem a ser transformados em réus. A demissão de ministros que saíram dias depois da posse, por alegadas implicaçōes em improbidades ou práticas puníveis, não contribuiu para dar um crédito de confiança à nova equipa dirigente.

Um estudo ontem divulgado no Brasil, ordenado pelo governo, dá conta da má imagem que o governo Temer, com a exceção do setor financeiro do executivo, continua a manter no exterior do país. Dessa imagem faz também parte a permanência, no imaginário do mundo, de que o afastamento de Dilma Rousseff configurou um "golpe" constitucional, isto é, de que foi um pretexto juridicamente magnificado para, muito simplesmente conseguir colocar a chefe de Estado fora do poder. O novo Brasil oficial pode ter ganho a batalha contra a presidente, mas, por ora, perdeu francamente a guerra da sua imagem e da sua credibilidade.

E o "acordão" para tentar evitar a detenção do presidente do Senado, do antigo presidente Sarney e de outra figura grada do PMDB não irá ajudar a melhorar essa imagem. (Posso agora revelar que era ao anúncio destes mandados de detenção que eu me referia aqui.)

O outro 25

Se a manifestação dos 50 anos do 25 de Abril foi o que foi, nem quero pensar o que vai ser a enchente na Avenida da Liberdade no 25 de novem...