terça-feira, abril 26, 2022

Ucrânia


Por incompatibilidade de agenda, não vou poder participar neste debate. Aconselho-o vivamente a todos, dado o nível dos oradores.

segunda-feira, abril 25, 2022

Eurocensura


O 25 de Abril, que hoje e sempre comemorarei com júbilo, fez-se para que nunca ninguém mais nos dissesse o que podíamos ou não dizer, ver ou ler - sejam elas verdades, mentiras ou histórias da Carochinha. Só nos faltava agora ter a Censura europeia! Esta decisão é uma vergonha!

Acordar do 25 de Abril

 


domingo, abril 24, 2022

Democracias maduras

Ainda por aí o pessoal a contar as décimas de Macron e Le Pen e não vejo ninguém falar da reeleição de Nicolás Maduro, por serena unanimidade dos mais de dois mil delegados, na Venezuela. É o falas!

Isso é que era!

Nunca ninguém se lembrou de criar o Movimento das Forças Amadas…

E o 25 de Abril? Viva!


A propósito! Ontem foram as eleições presidenciais francesas, mas hoje, caramba!, é o 25 de Abril. Que viva!

Um nome

Costuma dizer-se que na primeira volta das eleições presidenciais francesas se escolhe e, na segunda volta, é eliminado um candidato. Marine Le Pen foi afastada, é verdade, e quase só se fala disso. Mas, já agora, vale a pena lembrar o nome da pessoa que ganhou: Emmanuel Macron.

2027


No final de 1999, um rumor correu nos corredores de Bruxelas: os conservadores austríacos preparavam-se para constituir governo com um partido de extrema-direita.

Por cá, pela península ibérica, o tema parecia bizarro. Havia a ideia de que, talvez por terem tido ditaduras recentes, Portugal e Espanha estavam imunes a essas influências radicais. Olhava-se o assunto como um problema dos outros, embora não deixando de questionar o seu impacto futuro sobre o destino do projeto europeu. Mas não, “nós estamos livres disso!”. Viu-se! Com o Chega e com Vox, uns anos mais tarde, constatou-se como estávamos a ser ingénuos.

Como alguns se recordarão, o “caso austríaco” acabou por se acontecer, no início de 2000, durante a nossa presidência da União Europeia, condicionando fortemente o desenrolar do nosso semestre de forte exposição internacional.

Das várias lideranças europeias que então se iam pronunciando sobre o assunto, o presidente francês, Jacques Chirac, era, a grande distância, a mais vocal. Por que seria?

A direita francesa mantinha, em tese, uma saudável rejeição do ideário clássico da extrema-direita. O general De Gaulle tinha-se rebelado contra Pétain, contra o regime de Vichy e o vergonhoso colaboracionismo, cúmplice das barbáries nazis. Mais tarde, a V República tinha criado uma espécie de cordão sanitário, até no sistema eleitoral, face ao vírus fascista.

Este, contudo, não desaparecera: na OAS e nos militares de Argel, bem como numa área política em que o nome de Tixier-Vignancour era o mais proeminente, a extrema-direita continuava a fazer o seu caminho. O nome de Jean-Marie Le Pen, com o seu Front National, surgiu em seguida, persistindo em ideias similares, cavalgando medos e preconceitos.

Chirac tinha assim razão em preocupar-se. Em 2002, dois anos depois do “caso austríaco”, um escândalo político acabou por produzir-se em França: contrariando todas as expetativas, o socialista Lionel Jospin foi afastado do segundo turno das eleições presidenciais e Chirac viu-se sozinho perante a extrema-direita, titulada por Le Pen. A onda de indignação rendeu-lhe um resultado histórico, quiçá ilusório. Le Pen ficou isolado. Mas a extrema-direita não desapareceu e ficou por ali.

Nesse ano de 2002, contra Chirac, Jean-Marie Le Pen só obteve 17,69 %. Cinco anos depois, em 2007, baixou mesmo para 10,44%. A extrema-direita estava em inapelável recuo? Se se reler o programa do vencedor dessa eleição, Nicolas Sarkozy, da direita clássica, constatar-se-á que ele surge já muito “colonizado” por aquilo que era a agenda da direita bem mais radical, o que o terá convertido no usufrutuário do voto útil dos eleitores de Le Pen. Seria essa, aliás, e talvez não por acaso, a última vez que a direita clássica ocupou o Eliseu.

Passaram, entretanto, mais cinco anos: em 2012, a filha de Jean-Marie, Marine Le Pen, surge sob a mesma bandeira política do seu pai. Obtém 17,9% dos votos, superando, logo na primeira volta, o resultado que o seu pai, em 2002, tivera na segunda volta contra Chirac. E chegamos a 2017. Marine de Le Pen obtém 21,3 % na primeira volta e 33,9% na segunda. Não ganhou, claro, mas o “trend” confirmou-se.

Serão os dias tensos que correm na Europa que nos levam a dramatizar o que se passa em França? Mas é inevitável que olhemos para as eleições presidenciais francesas com um sentimento de alguma angústia. Ver a extrema-direita a crescer, desde há vários anos, naquele que é um país axial do projeto europeu, colocando em potencial risco o modelo institucional, ético e político, a que, a partir de 1986, nós, os portugueses, ancorámos o nosso futuro, induz-nos uma ideia da fragilidade daquilo que tínhamos por seguro.

Hoje, 24 de abril de 2022, o dia acabará connosco a refletir sobre os novos números. E a perguntarmo-nos: daqui a cinco anos, quem presidirá à França?

Lembrando

Extrema-direita em França: 17,69 (2002),17,9 (2012), 33,9 (2017), 42 (2022). Como será em 2027?

A sorte…

 


… do terceiro homem.

Viva a máscara!

Ontem, sem máscara, entrei numa estação de serviço, numa auto-estrada. Sabia que já não era obrigatório. O pessoal, ao balcão, estava com máscara. Senti-me, por instantes, um pouco “culpado”. Caramba: foram mais de dois anos! “Dia da libertação”? As máscaras acabaram. Ainda bem. Mas protegeram-nos, seu bando de palermas!

“Disclaimer”

Nunca fui maoísta. No dia de hoje, tal como nos últimos dias, ao ler o estimável “Público”, dou graças a deus (em cuja existência, aliás, nunca acreditei) por nunca ter caído nessa tentação, de que alguns bons amigos não escaparam. Pronto! Tinha de dizer isto!

“Chapeau”

Há momentos geniais na criação de um título para a primeira página de um jornal. O grande e inigualável “Canard Enchainé” teve ontem o “prémio Nobel” desse jornalismo: “Nem Marine, nem Le Pen”. “Chapeau!”

sábado, abril 23, 2022

“For the record”

 


Dia mundial do livro…


 … “comemorado” numa livraria de Huelva.

Homónimas


Lá para o Norte, há outra, que conheço um pouco melhor.

O Lopes e a neve


O Lopes tinha vindo de Moçambique. O pai parece que tinha propriedades por lá. Dispunha de um quarto individual, embora interior, o que era então um invejado luxo, no lar universitário da rua da Torrinha, no Porto, onde eu também vivia, nessa metade dos anos sessenta do século passado.

Talvez saudoso dos ares do Índico, muitas vezes, o Lopes trazia uma cadeira e vinha conversar connosco para a varanda traseira. Por ali, com o Lopes Feio, o Nelson Pacheco e o Matias, restantes ocupantes do andar, ficávamos à cavaqueira, pela noite dentro. Eu era caloiro, eles andavam pelo menos um ano adiantados.

Recordo que estávamos no tempo da Guerra dos Seis Dias e que o Lopes era fanaticamente pró-árabe, não por uma simpatia particular pelos adversários de Israel, mas porque tinha os judeus em muito má conta. Ouvia-lhe comentários sobre os “exageros numéricos” do Holocausto e sobre a oportunidade perdida pelo Hitler, de que o Lopes era admirador confesso, na luta contra a União Soviética.

Um dia, nessas conversas, veio à baila a neve. Eu era o único, dos cinco, que vinha de uma terra com regulares nevões. E “pintava” os invernos de Vila Real a neve e branco, os feriados no liceu que a neve oferecia, o isolamento que provocava na cidade e coisas assim. Ao que me lembro, nesse tempo, pelo menos de três em três anos, Vila Real acordava “sob um alvo manto de neve”, como reiteradamente escrevia, sem originalidade, a imprensa local.

O Neves era um madrugador. Eu era, como sou sempre que posso, um contumaz “late riser”. Um dia, ouvi um restolho no quarto. Alguém afastava o estore de palhinha em que eu e o Lopes Feio investíramos para dividir a nossa assoalhada. Abri os olhos e vi a sombra esguia do Lopes, debruçado sobre a minha cama, a acordar-me: “Ó Seixas, anda ali à janela!” O dia estava ainda a começar. Posso imaginar a imprecação que devo ter emitido, o lugar onde lhe devo ter recomendado que fosse, mas o Lopes foi insistente e eu, zonzo de sono e em pijama, pelo gelo da manhã, lá acedi em ir à varanda. Lá chegado, ouvi do Neves: “Ó Seixas! Isto é neve?”

Olhei para aquelas traseiras da Torrinha, com um pouco dos Clérigos a ver-se ao fundo, o casario do Breyner e do Rosário no amanhecer cinzento, e, sem o menor entusiasmo, confirmei: “Sim, é neve. Porquê?”. Aquilo, na verdade, nem era neve que se visse, eram uns míseros fiapos a fingir de neve, sem condições de “pegar”, que é o único estatuto digno de uma nevada que se preze.

“Eh pá! É que eu nunca tinha visto neve!” O “moçambicano” Lopes ali ficou extasiado, debruçado no frio da varanda, a admirar o que era apenas um genérico pobre de um nevão a sério. E eu lá me fui deitar, que a noite da Candeia ainda me pesava.

Há horas, de Vila Real, disseram-me que se vê neve no Marão. E, por qualquer razão, mas também porque, nos últimos tempos, se tem falado de nazis, lembrei-me do Lopes. 

sexta-feira, abril 22, 2022

... e a Rússia aqui tão perto!


Enquanto Sergey Lavrov não escreve as suas, lembrei-me das memórias deste seu antecessor. Comprei isto há trinta anos e, dou conta agora, nunca tinha lido...

Lembrei-me do Raul


Estou a caminho de Évora. Lembrei-me do Raul Solnado, no tempo em que o humor ingénuo nos fazia rir. Numa das suas rábulas, o Raul explicava que tinha nascido em Lisboa. O seu paí era “escafandrista” em Évora - profissão ali improvável e que criava o primeiro sorriso na assistência. E, quando ele nasceu, o paí já não vinha a Lisboa … há dois anos. A sala caía então em gargalhadas. O Raul fazia uma pausa e esclarecia: “Mas a minha mãe foi a Évora!”. Novas gargalhadas. E ele acrescentava: “Malandrice!”. Coisas simples, desse tempo, em que a vida de quase todos, por muito que alguns não o queiram admitir, era mesmo muito complicada. Sim, o 25 de Abril é já na 2ª feira. Comemorêmo-lo!

Bom dia, Tiraspol!

A vontade da Rússia de controlar a ligação do Donbass à Transnístria (zona separatista da Moldova) era um segredo de Polichinelo, há muitos anos. Achava-se que a Rússia não teria “lata” para dizer isso alto. Disse-o agora, ironicamente quando não parece ter meios para o fazer.

Uma coisa é uma coisa

Uma distinção que deve ficar muito clara: o inequívoco repúdio português perante a bárbara agressão da Federação Russa à Ucrânia não deve ser entendido como um qualquer juízo de valor sobre a natureza política do regime de Kiev. Uma coisa nada tem a ver com a outra.

Claro

O “Expresso” diz que o PR não pediu parecer ao Conselho das Ordens, sobre a decisão de condecorar militares de Abril.  Essa agora! A lei diz: “A concessão de qualquer grau das Ordens Honoríficas Portuguesas é da exclusiva competência do PR como Grão-Mestre das Ordens”. Está claro? 

Democracia é isto

A esmagadora maioria dos deputados ao parlamento português aplaudiu o presidente ucraniano, prestando assim homenagem à luta do povo da Ucrânia, vítima da agressão da Federação Russa. Os deputados do PCP decidiram faltar à sessão. Viver em democracia é aceitar isto como normal.

quinta-feira, abril 21, 2022

Debates no écran


A V República francesa é um regime semi-presidencialista, em que a figura do chefe de Estado é de tal modo preponderante que leva a que muitos observadores o olhem como sendo presidencialista.

O general De Gaulle foi “entronizado”, em 1958, por um verdadeiro “pronunciamento”, para utilizar uma figura da ciência política mais comum em outras latitudes. Dado o caráter estabilizador do novo regime, que veio a pôr cobro a um tempo parlamentar que se estava a revelar pouco funcional e sem soluções estáveis, e que viria a ser titulado por uma figura que trazia atrás de si uma inigualável popularidade, pode dizer-se que a maioria dos franceses “absolveu”, com o tempo, esse pecadilho histórico. 

1965

De Gaulle foi a votos, em 1965, já sob uma nova Constituição. Ficou à frente na primeira volta, mas, não tendo obtido mais de metade dos votos expressos, foi obrigado a um segundo turno, por um jovem mas já “vieux routier” da anterior política parlamentar, o socialista François Mitterrand. 

1969

Abalado pelos acontecimentos do Maio 68, o general decidiu sair de cena, no ano seguinte. O seu antigo primeiro-ministro, Georges Pompidou, que verdadeiramente iniciou o “gaullismo sem De Gaulle”, uma direita democrática com forte sentido estatista e, inicialmente, com forte agenda social, veio a disputar a segunda volta da eleição presidencial contra o líder do Senado, Alain Poher, um centrista sem grande expressão política. 

A esquerda democrática, que havia feito uma má gestão da sua posição no terreno político, no rescaldo do Maio 68, ficou fora do podium.

A televisão de então, do Estado, era muito cerimoniosa para com o poder de turno. Nem a De Gaulle nem a Georges Pompidou passou pela cabeça fazer um debate televisivo com o seu opositor, entre os dois turnos das eleições presidenciais que venceram.

1974

Georges Pompidou viria a morrer no cargo, em 1974, sem completar o que era então o septanato presidencial. Mitterrand regressou à luta e perdeu por uma unha negra (49,19 % para 50,81%) para o “kennediano” ministro das Finanças de Pompidou, Giscard d’Estaing, de centro-direita. 

Pela primeira vez em França, seguindo o modelo americano, teve lugar um debate televisivo entre as duas voltas. Nele ficou famosa a certeira frase de Giscard, dirigida ao seu contendor da esquerda: “Você não tem o monopólio do coração”.

1981

Sete anos depois, Mitterrand teve a sua desforra. Impediu a reeleição de Giscard e inaugurou o primeiro dos seus dois períodos de sete anos como presidente - o mais longo tempo de estada no Eliseu de um presidente. 

No debate entre os dois, ao ser chamado de “homem do passado”, por Giscard d’Estaing, Mitterrand respondeu-lhe à letra, qualificando-o de “homem do passivo”, referindo-se ao estado das contas públicas. 

A esquerda francesa chegava finalmente ao Eliseu pela mão de alguém que conseguira reconstruir uma alternativa ao gaullismo, o Partido Socialista.

1988

Mitterrand conseguiu reeleger-se em 1988. Tendo perdido entretanto a maioria parlamentar, vira-se já obrigado a partilhar o exercício do poder com a direita gaullista. Esta era então titulada por Jacques Chirac, um antigo discípulo de Pompidou, que, antes de ser primeiro-ministro com Mitterrand, já o havia sido no mandato de Giscard d’Estaing. 

François Mitterrand, presidente em exercício, viria assim a conseguir ser reeleito contra aquele que era o primeiro-ministro que a maioria parlamentar adversária lhe impusera. 

No debate televisivo entre as duas voltas da eleição, Chirac fez questão de deixar claro que ambos estavam ali apenas na qualidade de candidatos, não na de primeiro-ministro e de presidente da República. Mitterrand teve então uma resposta, de “concordância”, que ficou para a história política francesa: “Estou totalmente de acordo consigo, senhor primeiro-ministro”.

1995

Em 1995, Jacques Chirac chegou, finalmente, ao Eliseu. Bateu o novo lider socialista, Lionel Jospin, por uma margem de cerca de 5%. O morno debate televisivo entre os dois não ficou na memória do país. 

2002

Sete anos depois, em 2002, viria a acontecer uma imensa surpresa na eleição presidencial. Quando todos esperavam que Chirac e Jospin reeditassem a disputa, numa segunda volta da eleição presidencial, intrometeu-se entre eles Jean-Marie Le Pen, líder do Front National, um partido de extrema-direita, com um resultado no primeiro turno superior ao de Lionel Jospin. 

A França e a Europa ficaram em estado de choque! Chirac recusou o tradicional debate televisivo com Le Pen, contra quem se levantou uma imensa onda de rejeição “republicana”. Chirac, dos 19,88% que obteve na primeira volta, veio a recolher, no final, uns esmagadores 82,21%. 

O mandato presidencial já fora, entretanto, reduzido a cinco anos.

2007

Em 2007, os socialistas apresentaram, pela primeira vez, uma mulher como candidata, Ségolène Royal, que, na primeira volta, ficou atrás de um antigo ministro de Jacques Chirac, Nicolas Sarkozy. 

O debate entre os dois foi interessante, com Royal a mostrar um tom tenso, que levou Sarkozy a dizer-lhe que “para ser presidente da República, é preciso ser calmo”. Sarkozy ganhou o debate e a eleição.

2012

Cinco anos depois, Sarkozy virá a encontrar, na segunda volta, o antigo marido de Ségolène Royal, o também socialista François Hollande, que emergira de uma eleição primária no seio da sua família política. Hollande explorou o polémico saldo do quinquenato de Sarkozy e, com um discurso bem construído, onde ficou célebre a sua longa anáfora “Eu, como presidente, farei… Eu como presidente, farei…”, reverteu a seu favor o resultado da primeira volta. 

De notar que, em França, os candidatos à reeleição, quer depois tenham saído vencedores ou vencidos, ficaram sempre à frente de todos os seus opositores, na primeira volta.

2017

E chegámos a 2017. O desempenho de Hollande, durante os seus cinco anos no Eliseu, terá convencido o próprio a não se recandidatar. Os socialistas fizeram uma eleição primária de onde emergiu um candidato sem um carisma capaz de elevar as cores do partido. Mais à esquerda, um antigo ministro socialista de Jospin, Jean-Luc Mélenchon, conseguiu, na primeira volta, aproximar-se dos 20% (cinco anos mais tarde, ultrapassaria mesma esta honrosa fasquia). 

O candidato da direita gaullista, o antigo primeiro-ministro de Sarkozy, François Fillon, envolveu-se em escândalos e não chegou à segunda volta. 

Nessa disputa, esteve a sucessora de Jean-Marie Le Pen, a sua filha Marine Le Pen, então com uma agenda de extrema-direita clássica. 

Defrontou Emmanuel Macron, um político jovem e brilhante (que havia sido quadro do banco Rothschild, tal como já o fora Pompidou), por algum tempo ministro de Hollande, que tinha criado um novo movimento (depois partido), qualificado como “nem de direita nem de esquerda”. 

O debate televisivo entre os dois foi, de longe, o mais vivo de todos os momentos similares. Le Pen mostrou grande impreparação e uma agressividade que o eleitorado não apreciou. Ainda tentou cunhar uma frase para a memória política: “Eu sou a candidata do poder de compra, você é o candidato dos que podem comprar a França”, referido-se a aquisições de empresas, assunto com que Macron, afinal, nada tivera a ver. Este revelou serenidade, determinação e conhecimento aprofundado dos dossiês. Ganhou, a grande distância, o debate e tornou-se presidente.

2022

Ontem, no clássico debate televisivo entre as duas voltas, Macron reeditou o seu “derby” com Le Pen. Esta esteve diferente, mais “estadista”, tecnicamente mais capaz, tentando disfarçar a agenda radical que se sabe ser a sua - embora a espaços a denunciasse. Macron, que foi obrigado a defender o seu quinquenato, revelou um manejo hábil do discurso de quem está no poder, com um europeísmo que pretendeu colar ao interesse da França. Aqui ou ali, Macron terá sido algo condescendente, um pouco “patronizing”, mesmo arrogante. Ao dizer que Le Pen estava a “mentir sobre a mercadoria”, uma expressão clássica para o comércio fraudulento, acabou por criar a frase mais sonante do debate. Este correu muito melhor a Marine Le Pen do que o de 2017. Não era, aliás, difícil. Mas, na minha opinião, esteve longe de ser o suficiente para poder reverter a diferença que a separa de Macron, em todas as sondagens. 

“A Arte da Guerra”


A coesão dos aliados da Ucrânia perante o efeito assimétrico das sanções económicas, a última semana das eleições francesas e as “trapalhadas” de Boris Johnson são os três temas de ”A Arte da Guerra”, o podcast que, para o “Jornal Económico”, faço com o jornalista António Freitas de Sousa.

quarta-feira, abril 20, 2022

Belicista?

Sobre o caráter xenófobo do poder ucraniano, alegado pelo PCP, para explicar sua recusa a estar presente no discurso de Zelensky na AR, a discussão é possível. Mas apelidar de “belicista” o regime de um país hoje devastado pela agressão militar estrangeira é muita imaginação.

Iniciativa

A Rússia propôs um acordo à Ucrânia. Além da neutralidade, da aceitação do estatuto diferenciado para o Donbass e do “fait accompli” da Crimeia, que mais propostas trará? Que ideias avançará em matéria de desmilitarização e dimensão futura das forças armadas ucranianas? Kiev vai dizer que não, claro. Com o rearmamento intenso em curso, entende que o tempo joga agora a seu favor.

Uma boa notícia


Desde há uns anos, tinha ouvido falar de que existia, ali pela Borralha, em Vila Real, numa casa isolada, no meio de uma quinta, colada ao quartel do regimento de Infantaria 13, em Vila Real, um turismo de habitação. Olhando à distância, a partir de certa altura, pareceu-me que teria havido obras de melhoramento do edifício. Mas a minha curiosidade não foi mais longe do que isso. 

Constou-me, mais recentemente, que ali eram servidas refeições. E foi então - vício antigo! - que fiz algumas perguntas. Ontem, para me despedir da cidade, no fim da Páscoa, fui lá jantar com familiares.

Descobri então, para minha surpresa, que aquilo é hoje um pequeno hotel - o Borralha Hotel - com instalações modernas, com muito bom aspeto. A avaliar pelo preço dos quartos, é uma excelente opção para quem visite Vila Real, onde existe um imenso défice na hotelaria. 

O jantar? Refeição bastante agradável, com serviço atento e profissional (quiçá um pouco lento), num espaço confortável e arejado. O menu é bem construído, a lista de vinhos é adequada, com o Douro em natural destaque. Ah!, e o que é muito importante, a conta final foi equilibrada. 

Com os dias de sol a virem por aí, o espaço exterior promete ser ideal para um copo ao fim da tarde e um jantar ao ar livre. Está assim criada uma saudável concorrência, na mesma zona de Vila Real, ao “Lameirão” e ao “Chaxoila”! Cada um que puxe pelos seus brios, porque há freguesia para todos! 

O que quero, muito simplesmente, aqui deixar registado é que a existência do Borralha Hotel é uma boa notícia para a hotelaria e para a restauração da minha terra.

A diplomacia …


 … existe para ajudar a encontrar saída para isto.

terça-feira, abril 19, 2022

Vila Real, agora

 


Cozinhados políticos

Numa noite de 2006, tive o presidente Lula e sua mulher, Marisa, com outros convidados, a jantar na residência da embaixada em Brasília, que eu então chefiava.

A nossa cozinheira, a excelente Delfina, uma moçambicana mãe de trigémeos, de um dos quais tenho orgulho de ser padrinho, raramente era substituída na sua função. Porém, para essa noite, num dos poucos jantares numa embaixada a que o casal presidencial se dignava ir, eu havia decidido convidar uma jovem “chefe” brasileira que, além de ser nossa amiga, estava a fazer, por esse tempo, bastante sucesso em Brasília.

E o jantar esteve, de facto, muito bom. O presidente e a sua mulher fizeram tantos elogios à comida que, à saída, pedi à “chefe” para vir conhecê-los e com eles tirar uma fotografia. Notei que, quando apresentei e disse o nome da já reputada cozinheira, Lula fez um leve esgar, de uma aparente estranheza.

À despedida, junto ao carro, o presidente meteu-me o braço e, ao ouvido, inquiriu: “Ela chama-se mesmo Mara Alckmin?”. Sorri e sosseguei-o: “Não, presidente! É Mara Alcamim, não é Alckmin!”. Lula soltou uma gargalhada e disse: “Ah! Entendi mal! E até me assustei!”

Geraldo Alckmin era o candidato da oposição que, escassos meses depois, Lula viria a defrontar na reeleição. Um sufrágio em que Alckmin foi derrotado estrondosamente.

Ontem, ao ver confirmado que Geraldo Alckmin se prepara agora para ser o vice-presidente na “chapa”, chefiada de novo por Lula, que pretende ser eleita para o Palácio do Planalto, no próximo mês de novembro, dei comigo a pensar que este mundo dá mesmo muitas voltas!

segunda-feira, abril 18, 2022

O diabo veste farda

Hamilton Mourão, o general vice-presidente de Bolsonaro, que com ele se foi incompatibilizando, aparentava ser uma figura sensata e equilibrada. Por estes dias, resolveu pronunciar-se sobre o tempo da ditadura militar (1964/89). E então percebeu-se: não é melhor do que os outros.

Não vale tudo!

Desejar que Marine Le Pen seja derrotada por Macron é uma atitude de mera decência política. Mas é miserável, revelando falta de lisura em procedimentos que deviam ser isentos, ver as instituições europeias a divulgarem acusações contra ela, a poucos dias do sufrágio. Não, não vale tudo!

Tolerância, pois!

Constituem atos reveladores de medíocre xenofobia, indignos do país tolerante que às vezes pretendemos ser, as atitudes, que parece serem cada vez mais frequentes, contra os cidadãos russos que residem em Portugal.

PCP 2

A atitude do PCP, no conflito entre a Rússia e a Ucrânia, é de uma extrema simplicidade. Desde o fim da URSS, o PCP esteve sempre, em todos os cenários geopolíticos, no polo oposto àquele que foi a posição dos EUA. Não há nada de mais previsível do que os comunistas portugueses.

PCP 1

O drama do PCP: já terá percebido que a atitude de complacência com a agressão russa à Ucrânia desgastou a sua imagem a um nível nunca visto no passado, mas mantem a convição de que, afinal, é precisamente por ser “assim” que, há décadas, sobrevive no museu ideológico europeu.

A chuva vem por aí!


 

Um amigo russo

O conceito de amigo, na vida diplomática, tem frequentemente um significado um pouco específico. Começamos por conhecer alguém, cidadão de outro país, numa determinada cidade, onde ambos somos estrangeiros. Ali coincidimos por algum tempo, estabelecendo uma relação conjuntural, marcada por alguma convivência, às vezes mesmo com alguma proximidade. Depois, rodamos pelo mundo. Anos mais tarde, se acaso nos voltamos a cruzar com essa pessoa em qualquer outro lugar, é quase certo que cairemos nos braços um do outro, considerando-nos “velhos amigos”, como se aquele primeiro contacto tivesse necessariamente tido alguma intensidade afetiva. Será talvez a “solidão” da condição diplomática, ao voltarmos a encontrar-nos num terreno igualmente estranho a ambos, que leva a essa expressão automática de reaproximação, às vezes um pouco exagerada, mas que pode, ainda assim, acabar por ter laivos de uma verdadeira amizade. Comigo, isso aconteceu algumas vezes.

Quando, em 2002, fui para Viena, chefiar a nossa missão diplomática durante a presidência portuguesa da OSCE, sabia que, para ter sucesso, tinha de me “dar bem”, com os meus colegas americano e russo. Os EUA e a Federação Russa são os “donos” da OSCE! É claro que há também os chamados “major players” - a França, o Reino Unido, a Alemanha, com a União Europeia, depois do Tratado de Lisboa, a querer mostrar que existe. E, depois, existem os “key players”, um grupo com outros parceiros, onde estão sempre a Itália, os Países Baixos e a Turquia. Mas esse é um conjunto que vai variando muito, em função da qualidade pessoal e poder de influência dos respetivos embaixadores. Nesse meu tempo de Viena, os meus colegas da Suíça, da Bulgária, da Roménia e do Lichtenstein (isso mesmo!), só para mencionar alguns, integravam esse grupo de “influentes”. Mas, volto ao princípio: conseguir ter “a bordo” o americano e o russo era a condição “sine qua non” para que as coisas corressem bem na OSCE. Nos dias de hoje, como isso é impossível, tudo corre mal por ali.

Não esperava ter, como não tive, nessa altura, o menor problema com o meu novo colega americano. Mas, com o russo, o primeiro contacto não foi nada fácil. O meu anterior contraparte russo em Nova Iorque, cidade de onde eu vinha, o agora famoso Sergey Lavrov, com quem tinha uma relação de forte cordialidade, mas neste caso algo distante de um registo de amizade, tinha-me dito, quando dele me fui despedir, que o seu colega na OSCE era “excelente pessoa, mas um pouco desconfiado. Vais acabar por te dar bem com ele”.

No meu segundo dia de Viena, fui visitar Alexander Alekseev, assim se chamava o meu novo colega russo. Recebeu-me na sua residência, ao fim da tarde, num ambiente um pouco frio. Era um homem nervoso, de óculos grossos, que não olhava de frente. Tinha um sorriso que era quase um esgar e martelava as palavras. Disse para mim mesmo: “Vai se difícil eu dar-me bem com este tipo. Mas tenho de conseguir”.

A nossa primeira conversa foi quase brutal. Quase sem me deixar apresentar, lançou-se, de imediato, numa litania contra a atitude do mundo ocidental dentro da OSCE, ameaçando com o veto de Moscovo a propostas que carreassem críticas aos seus “protegidos” - e a Rússia protegia todos os países que o ocidente criticasse, em matéria de direitos humanos, de ataques ao Estado de direito, de infringimento das regras democráticas. A Rússia era, na OSCE, o protetor do mundo a que se chamava “a Leste de Viena”, na realidade, dos “trouble makers”: Bielorrússia, Ásia Central, alguns Balcãs.

Encaixei com bonomia o recado, percebia bem a razão de fundo daquele arrazoado e, confesso, não me impressionei minimamente com o tom em que a conversa se processou. Tendo sido antes bem informado, pelo meu antecessor, João Lima Pimentel, sobre o “estado da arte” dentro da organização, estava exatamente à espera daquilo que vim a encontrar. E, até porque vinha da ONU, um terreno bem mais complexo, trazia comigo uma grande autoconfiança. E, por isso, anotei o discurso de Alexander Alekseev, mas dei-lhe o devido “desconto”.

Para o que aqui importa, a minha relação com o meu colega russo, não obstante algumas “escaramuças” de percurso nos tempos seguintes, acabou por ser excelente, fomos criando mesmo, ao longo do tempo, aquilo que pode qualificar-se como uma boa amizade. Ele percebeu que eu era pouco pressionável, que Portugal funcionava como um “honest broker” e que, de mim, não viriam surpresas. Viajámos juntos uma semana na Geórgia, com visitas à Ossétia do Sul e à Abcásia, sempre numa relação franca e divertida. Antes, havíamos passado uns dias no Porto, numa cimeira da OSCE, com uma noite a testar vodkas, no bar do Sheraton. Depois, eu saí de Viena, para embaixador no Brasil. Ele foi para Moscovo, para vice-ministro dos Negócios Estrangeiros. Perdemo-nos de vista.

Passou uma década. Regressei a Portugal, reformei-me do serviço diplomático e, numa outra capacidade de trabalho internacional, no início de 2014, fui a Estrasburgo. Havia-me sido pedido que fizesse uma determinada diligência junto do embaixador russo no Conselho da Europa. (Há semanas, como é sabido, a Rússia abandonou o Conselho da Europa, na iminência de ser suspensa da organização). Quem era o embaixador? Nada mais nada menos que Alexander Alekseev.

O nosso reencontro foi muito agradável. Passámos uma hora à conversa, muito para além da questão que ali me levava. A certo ponto, ele disse-me: “Lembras-te do nosso primeiro encontro, em Viena? Não foi uma conversa fácil…”. Eu “fiz de conta”: “Essa agora! Foi facílima! Tu quiseste assustar-me, ameaçar com o veto russo, mas eu percebi logo que estavas a querer criar uma primeira impressão. E, como viste, tudo acabou por correr muito bem entre nós!” O Alexander deu uma gargalhada, como se o seu anterior “bluff” tivesse sido denunciado e desmontado pelos factos subsequentes. Despedimo-nos com o que interpretei como um sincero abraço.

Que será feito, neste estranhos dias de guerra, do meu amigo Alexander Alekseev, hoje diplomata russo aposentado? Devo dizer que a última coisa que me apetecia seria discutir com ele a invasão russa da Ucrânia. É que imagino que ele talvez pretendesse convencer-me de que aquilo não passa de uma mera “operação militar especial”. Se há coisa que, na vida, há muito aprendi é que não se deve nunca testar uma amizade metendo-lhe a política pelo meio.

domingo, abril 17, 2022

Páscoa


A “operação” já faz parte da tradição, que a pandemia limitou por algum tempo. Pela Páscoa, encomenda-se o cabrito na Dona Rosa, onde a qualidade é garantida, ali ao Arcabuzado, em Vila Real. Depois, à hora do almoço, processa-se um cuidadoso transporte do “material” - batatas, arroz e molho incluídos - até ao local de degustação. Segue-se a função, com líquidos tintos adequados, seguida dos doces da época. A tarde acaba num chá preto, dos de “a sério”, acompanhado dos folares diversos, ali sujeitos a testes de qualidade comparativa. Desta vez, fomos “só” 18…

Ainda vamos a tempo?

 


sábado, abril 16, 2022

Aleluia


No local onde agora estou, só se consegue ouvir os sinos de uma igreja se acaso o vento estiver muito de feição. Verdade seja que, usando sempre, nas férias em Vila Real, o “fuso de Caracas”, em termos daa minhas horas matinais, não consegui esclarecer se, num sábado de Aleluia como este, ainda se manteve o velho ritual dos sinos tocarem em uníssono, logo pela manhã. 

Mas será que isso importa alguma coisa, nestes tempos em que maioria dos sinos que se ouvem são uns “genéricos” em gravação, porque já não deve haver verba para contratar sineiros? (Os muçulmanos também padecem dos males do défice: ainda não há muito tempo, numa capital de tementes a Maomé, ouvi a convocação para orações, o azan, a ser feito pelo muezin da mesma forma). 

Noutras eras desta pátria, em que outros costumes se impunham, na Semana Santa, todas as rádios (televisão não havia) suspendiam as suas emissões à hora de almoço de quinta-feira, entrando em “black out” durante toda a sexta-feira, dias em que não passava pela cabeça de ninguém abrir as portas de qualquer loja comercial e, claro, em que o bacalhau e o peixe eram de regra nas refeições. Mas, mais do que isso: nesses tempos, em que não havia secadoras de roupa, até não era de “bom tom” estender roupa lavada a secar. Imaginem! 

O que Portugal mudou! 

Seramota


Sem o folar da Seramota, de Mirandela, a nossa Páscoa teria sempre muito menos graça. Passei ontem por lá, a abastecer-me de dois exemplares destes. É um dos melhores de Trás-os-Montes, podem crer!

A Dona Inês Seramota convoca, para além do folar, e de outros exemplares de excelente pão, uma dimensão política que, ao que me dizem, em nada diminui a sua popularidade comercial em Mirandela - e também já em outras localidades, onde os seus produtos se vendem. 

É que a simpática senhora, com quem ontem tive o gosto de conversar, é, há muito, uma fervorosa militante do PCP e, por isso uma regular frequentadora (e “alimentadora”) da Festa do Avante. Ontem, na padaria, lá estavam exemplares do “Avante!” e do “O Militante” à venda. No entanto, eu é mais pão…

A Ucrânia

 


Ver aqui.

sexta-feira, abril 15, 2022

A esquina da Gomes

 


Eunice Muñoz (1928 - 2022)

 


“Lameirão”


De todas as vezes que vou a Vila Real, acabo a almoçar ou a jantar, no “Lameirão”. 

Até temo falar muito (mas já falei no passado) daquela que é a minha “cantina” na cidade, não vá o excesso de propaganda, um destes dias, fazer com que eu não conseguir reservar mesa por lá (já aconteceu, já!).

O “Lameirão”, onde oficiam, na sala, o casal Alice e Eleutério, com a cozinha nas mãos da Luísa, irmã deste último, apresenta uma lista que tem a original caraterística de variar a cada dia da semana (às quartas e ao domingo à noite, a casa fecha), com uma constância que permite aos comensais planearem, com rigor, as suas visitas. Mas, além do menu que vai variando, há sempre por ali bola de carne e rissóis, além das rabanadas, uma especialidade da Alice, com uma mão particular para os doces. E o Eleutério tem vindo a melhorar, substancialmente, a oferta de vinhos, com muitos Douros de quintas pouco conhecidas.

Ontem, dei-me conta de que o “Lameirão” tem já menus impressos em francês e inglês - e, que eu notasse, sem uma única gralha na grafia, coisa raríssima na restauração em Portugal. Daqui a tempos, disse-me o Eleutério, passará também a haver uma lista em espanhol (embora alguns gostem mais de dizer castelhano, eu sei).

O “Lameirão” fica junto ao quartel do Regimento de Infantaria 13, na saída pela EN2 para o norte, bem junto a um nó do IP4.

quinta-feira, abril 14, 2022

“A Arte da Guerra”


Esta semana o meu podcast com o jornalista António Freitas de Sousa, para o “Jornal Económico”, aborda a situação na Ucrânia, das eleições presidenciais em França e da nova crise política no Paquistão. 

Pode ver aqui.

Pão-de-ló


Já não é distribuído nestas caixas, mas paro em Alfeizerão, todas as Páscoas, no Café Ferreira, logo à saída da auto-estrada, para “recolher” o pão-de-ló. Ainda hoje por lá estive! Ah! E os outros doces da casa são excelentes. É que… eu é mais bolos!

quarta-feira, abril 13, 2022

Maldonado Gonelha (1935-2022)

 


França - é fazer as contas

                         

Emmanuel Macron, presidente e candidato, “centrista radical”, obteve, na primeira volta das eleições de domingo, 27,84% dos votos expressos. A conseguir preservar, no segundo turno, a 24 de abril, estes mesmos eleitores (e nada indica que venha a perder esses votos), para ser reeleito terá de conseguir mais 22,17% de votos.

As mesmas contas, naturalmente, estará a fazer Marine Le Pen, a candidata de extrema-direita que tem vindo a “dulcificar” o seu discurso, cuja tarefa parece um pouco mais difícil, porquanto necessitará de mais 26,86% de votos, isto é, de mais 4,69% do que o seu adversário.

Para ambos, os votos em falta poderão vir da abstenção (26,31%) ben como de quantos, no primeiro turno, escolheram votar em outros candidatos. 

Embora o eleitorado que, na primeira volta, escolheu um candidato derrotado não tenha, necessariamente, de seguir o seu “conselho” para a segunda volta, naturalmente que esse fator tem alguma importância.

Neste caso, em tese, Marine Le Pen tem um maior potencial teórico de crescimento. Quer o candidato de extrema-direita radical Éric Zemmour, com 7,1% de votos, quer o soberanista Dupont-Aignan, com 2,1%, recomendaram o voto em Le Pen. Se essa indicação for seguida, ela contará, por essa via, com mais 9,2%.

O candidato “verde” Yannick Jadot (4,6%), o comunista Fabien Roussel (2,3%) e a socialista Anne Hidalgo (1,8%) recomendaram também o voto em Macron, o que, em teoria, poderá garantir ao atual presidente mais 8,7%. 

Há, no entanto, um pormenor importante a ter em conta. Enquanto a plausibilidade dos eleitores que votaram Zemmour e Dupont-Aignan se transferirem para Le Pen é muito elevada, pela forte proximidade ideológica, já a probabilidade dos eleitores que, na primeira volta, escolheram Jadot, Roussel e Hidalgo se inclinarem para Macron oferece bastantes mais dúvidas, porque partem de áreas políticas bastante diversas da do atual presidente, pelo que só por um raciocínio tático serão levados a votar nele. Embora seja improvável que algum desses votos possa ir para Le Pen, não é de excluir que a abstenção possa vir a ser o refúgio de parte desses votantes.

Pondo de lado Jean Lassalle, um candidato com um programa que podemos designar de populismo simplista, que obteve 3,1% e que já informou que, pessoalmente, iria votar em branco (o que está muito longe de significar que os seus eleitores venham a fazer o mesmo), há que refletir sobre o destino dos votos de Valérie Pécresse e de Jean-Luc Mélenchon.

Pécresse representou o “Les Républicans”, um partido herdeiro de uma das mais poderosas famílias políticas de França, desde De Gaulle, passando por Pompidou, Chirac e Sarkozy, que mantém uma imensa rede pelo país e detém postos importantes na administração descentralizada, bem como um significativo grupo na Assembleia Nacional. Nas eleições de 2017, o “Les Républicans” foi representado por François Fillon, que obteve 20,01%, maugrado escândalos pessoais de última hora que muito afetaram a sua esperada presença na segunda volta. O facto da candidatura do “Les Républicans” ter recuado agora dos 20,01% obtidos com Fillon para 4,48%, mesmo descontada a medíocre campanha de Valérie Pécresse, é considerado, pela generalidade dos comentadores, como significando que Emmanuel Macron terá já beneficiado, desde a primeira volta, do voto de muitos dos tradicionais apoiantes do “Les Républicans”.

Valérie Pecresse disse, na noite eleitoral, que iria votar Macron na segunda volta. Mas o “Les Républicans”, enquanto partido, apenas aconselhou um voto negativo, isto é, disse aos seus simpatizantes para não votarem Marine Le Pen. Várias figuras do partido, a título individual, disseram ter preferência por Macron, mas outros disseram que nunca escolheriam o atual presidente. O antigo presidente Nicolas Sarkozy, que mantém com o partido uma relação complexa mas que tem algum ascendente em certos setores, fez um apelo ao voto em Macron.

Convirá explicar que, no seio do “Les Républicans”, desde que Macron foi eleito em 2017, existe a sensação, porventura exata, de que o partido que apoia o presidente, o “La République en Marche”, tem vindo a crescer, essencialmente, à sua custa. E, aproximando-se as eleições legislativas em 12 e 19 de junho próximo, muitos, dentro do “Les Républicans”, devem temer que um apelo ao voto agora em Macron possa contribuir para “habituar” o seu eleitorado a seguir de novo o presidente em junho, desfalcando ainda mais o partido em termos de votos. E de futuro.

Em toda esta análise, quem resta? Jean-Luc Mélenchon, o candidato da “France Insoumise”, um carismático antigo ministro do socialista Lionel Jospin, que congrega alguma extrema-esquerda e uma ala mais radical dos socialistas democráticos. O destino dos 21,95% de votos que agora obteve (em 2017, já tinha tido 19,58%) permanece o grande mistério e vai ser, com toda a certeza, a chave desta segunda volta. 

Mas, antes de irmos por aí, vale a pena lembrar que, embora o Partido Socialista seja uma sombra do que já foi, não deixa, tal como o “Les Républicans”, de ter uma máquina nacional forte e muitos eleitos locais. E tudo parece apontar que muitos simpatizantes da área socialista terão abandonado Hidalgo e decidido votar Mélenchon (com outros a seguirem Macron), porque acreditavam que esse “polo popular” poderia aceder à segunda volta. Esteve perto: faltaram-lhe 2,1 % de votos. Se, tal como aconteceu em 2017, tivesse feito uma aliança com os comunistas, talvez isso tivesse sido possível: Roussel, o candidato comunista, teve 2,3% …

Como se dividirão os votos de Mélenchon, que, tal como já havia feito em 2017, recomendou o “não-voto” em Le Pen, sem no entanto endossar Macron? Embora o reflexo “republicano” de muitos votantes de esquerda os deva levar, maioritariamente, a votar Macron, para tapar o caminho de Le Pen para o Eliseu, esse deve ser um “esforço” muito grande para parte significativa de um eleitorado que fez da crítica acerba ao quinquenato do presidente a sua palavra de ordem. Devemos pensar que, nos votos de Mélenchon, estão muitos “gillets jaunes”, que colocaram a França “a ferro e fogo” durante meses, com a diabolização da gestão de Macron no centro da sua agenda (outros “gillets jaunes” foram já, com toda a certeza, para o apoio a Le Pen). 

A doutrina dos analistas divide-se, nas últimas horas, sobre o destino dos votos em Mélenchon. Há quem diga que eles se dividirão, em partes mais ou menos idênticas, por Macron e pela abstenção, com outra parte significativa a querer “castigar” o presidente, votando Le Pen.

Serve isto para dizer que, se numa lógica de bom sendo republicano, uma vitória de Macron sobre Le Pen, ainda que bastante menos folgada do que em 2017 (66,1%-33,9%), parece ser o cenário mais provável, permanece um conjunto de variáveis no terreno cuja quantificação é muito difícil de fazer. 

Por isso, as duas semanas de intensa campanha que está em curso, com o debate televisivo entre os dois candidatos, no dia 20 de abril, prometem ser determinantes. E o modo como os abstencionistas vierem a comportar-se pode ser a chave mestra da equação final.

terça-feira, abril 12, 2022

Sarkozy e Macron

“Je voterai pour Emmanuel Macron parce que je crois qu’il a l’expérience nécessaire face à une grave crise internationale plus complexe que jamais, parce que son projet économique met la valorisation du travail au centre de toutes ses priorités, parce que son engagement européen est clair et sans ambiguïtés”.

Uma bela e digna declaração de Nicolas Sarkozy. Ser apenas contra a extrema-direita é mais fácil.

segunda-feira, abril 11, 2022

O partido da raiva


A palavra “enragé” (enraivecido) marcou, historicamente, a memória da revolta do Maio 68, o desafio a De Gaulle que viria a ditar o seu afastamento, um ano mais tarde. A França tem demonstrado ser a democracia europeia onde, à margem dos poderes eleitoralmente consagrados, surgem, com regularidade, formas de expressão reivindicativa que desafiam esses mesmos poderes, frequentemente de modo inorgânico e sempre de difícil controlo. O movimento dos “Gillets Jaunes” (coletes amarelos), que Emmanuel Macron teve de enfrentar durante o quinquenato que agora termina, foi a mais recente expressão desse fervilhar conjuntural de revolta popular. 

Na prática, o que essas movimentações revelam é que há uma parte significativa da população francesa que entende que as resultantes políticas do voto não esgotam a representação da vontade políticaj. Mais do que isso: esses surtos, com expressões por vezes violentas, traduzem a ideia de que há pessoas e camadas da população que se consideram sem voz ou à qual os poderes organizados não conseguem dar a devida expressão. A legitimidade do sistema é, claramente, posta em causa por esta atitude.

Se olharmos para o saldo político da primeira volta das eleições presidenciais francesas, fica patente que esse grande “partido da raiva”, com expressão diferenciada, representa hoje uma percentagem de votos que se aproxima da metade do eleitorado. À direita, Marine Le Pen e Éric Zemmour, tal como, à esquerda, Jean-Luc Mélenchon, somam votos de muitos milhões de cidadãos que atravessam um tempo de desencanto face às políticas moderadas e reformistas, sendo, ao invés, seduzidas por agendas radicais, embora, curiosamente, de sentido político contraditório.

Cinco anos de gestão política da França por Emmanuel Macron não contribuíram para atenuar este crescente sentimento de rejeição, que revela alguma desfuncionalidade do sistema. Se, em 2017, Macron era uma novidade e uma esperança, nos dias de hoje, a sua imagem, desgastada pela desilusão que diluiu muita dessa mesma esperança, tem mais dificuldade em assumir-se como mobilizadora. De certa maneira, foi essa governação sem chama e carisma, em que ao otimismo constante da mensagem não corresponderam resultados que apaziguassem as inquietações de muitos setores, que deu origem ao reforço dos extremismos, que se constata nestas eleições.

Emmanuel Macron pode, de acordo com a maioria das previsões, acabar por renovar o seu mandato, por mais cinco anos, nas eleições de 24 de abril. Mas o “partido da raiva”, essa conjugação negativa de diversas formas de mal-estar social e político, promete não se aquietar. E, de avanço em avanço, poderá, um dia, acabar por consagrar, num país com a dimensão e a importância da França, uma revolução política de inéditas proporções, com consequências no próprio futuro da Europa.

domingo, abril 10, 2022

Putin no voto

Vladimir Putin vai estar no centro dos debates da campanha para a segunda volta das eleições presidenciais francesas.

Respeito


Afixação de propaganda eleitoral em países que não gostam de poluir visualmente os espaços públicos. No mundo, além desses países, há outros.

sábado, abril 09, 2022

Futebol pelo futebol


Cada vez mais, gosto de ver, na televisão, jogos de futebol entre equipas pelas quais não tenho a menor afetividade ou antipatia. As emoções cansam-me! 

Tenho uma assinatura para ver futebol britânico e, algumas vezes por semana, não quero outra coisa. Se alguém mete um golo, “faço figas” para que a outra equipa empate, apenas para retomar o equilíbrio do jogo. E fico à espera de mais golos.

Canja!

Com os russos bem distantes de Kiev, a romaria política para ir lá ver Zelensky não deve ser lida como prova de coragem. 

Corajosa era a presença dos jornalistas na cidade sitiada. Agora, é “canja”!

Sanções

Lembrar: as sanções à Rússia não são mandatórias pelo ordenamento internacional. Foram unilateralmente decididas pela coligação política que se opõe à agressão à Ucrânia. Quem as dificultar sai das “boas graças” dessa coligação e, no limite, pode sofrer “sanções secundárias”.

Males que vêm por mal

Uma das “casualties” da guerra na Ucrânia é também a sobrevivência política de Boris Johnson.

A França que aí anda (em 1000 carateres)


As sondagens colocam Marine Le Pen com uma inédita proximidade a Emmanuel Macron, à porta da primeira volta das eleições presidenciais francesas, com desfecho a dia 24 de abril, a disputar entre os dois. Com um discurso social, protetor, de resposta às angústias do aumento do custo de vida, credíveis aos olhos dos eleitores, uma vitória da candidata da extrema-direita, agora travestida de moderada e já “dédiabolisée” pelos media, deixou de ser uma hipótese bizarra. Macron, presidente cada vez mais “sortant”, entrou tarde na campanha, convencido de que o país reconheceria o seu papel internacional e o dispensaria de debates. Isso foi lido como arrogância. O seu quinquenato parecia ter sido relativamente competente mas o seu projeto está a ser pouco mobilizador. Sofre agora da onda “tous sauf Macron”, ensanduichado entre a extrema direita (Le Pen e Zemmour) e a extrema esquerda (Mélenchon), com uma esquerda moderada inexistente e a direita tradicional pelas portas da amargura. E agora?

sexta-feira, abril 08, 2022

A Ucrânia, claro


Há pouco, na CNN, sobre a situação na Ucrânia e a credibilidade da Rússia.

Pode ver aqui.

Daniel Proença de Carvalho


Ontem, juntaram-se na Fundação Champalimaud muitos amigos e conhecidos de Daniel Proença de Carvalho, por ocasião do lançamento do seu livro de memórias “Justiça, política e comunicação social - memórias do advogado”. 

Manuel Alegre, seu amigo desde Coimbra, fez um retrato sentimental da sua relação com o autor, o que foi complementado por uma bela peça de Miguel Sousa Tavares, que aproveitou para “desancar” na justiça portuguesa e nos seus agentes - tema que, aliás, é central ao livro. 

Faço parte de quantos - e alguns, como eu, estavam naquela sala -, em momentos diversos do passado, nas últimas décadas, estiveram em “barricadas” opostas a Daniel Proença de Carvalho. No meu caso, sempre e só no plano político, onde creio que, desde sempre, nunca tivemos a felicidade de ver as nossas escolhas coincidirem. Coisa que a nenhum de nós minimamente interessa.

Dito isto, que é um facto, devo dizer que, ao ter vindo a conhecer melhor, nos últimos anos, Daniel Proença de Carvalho, acabei por nele encontrar uma pessoa muito diferente da caricatura que tradicionalmente às vezes dele se faz: descobri um homem livre, frontal, com opinião própria, dependente apenas de si próprio, com fortes preocupações de justiça. E também, o que apenas confirmei, uma pessoa superiormente inteligente, divertida, olhando de forma saudável alguns aspetos lúdicos da vida, que ambos comungamos. E, vale a pena dizer, apenas me relaciono com Daniel Proença de Carvalho no plano pessoal, não tendo nunca tido com ele a mais leve ligação profissional.

Sei que este retrato impressionista não convencerá quantos mantêm uma visão preconceituosa sobre Daniel Proença de Carvalho. Estou certo que essa é a última coisa que o preocupa, que vive bem com essas “idées reçues”, que o seu muito cheio percurso de vida ajudou a criar - na justiça, no jornalismo, na política. E até me permito especular que o seu permanente sorriso, a sua imagem de marca, de onde transparece o modo sereno como encara a vida, não agradará a muitos, como imagino que os comentários que aí virão vão revelar. É a vida!

Um forte abraço de parabéns pelo livro, caro Daniel!

Mais claro?

“Estarei cá mais quatro anos e seis meses à espera de si”, disse ontem António Costa numa resposta (provocatória) a Rui Rio. Se isto não significa que o primeiro-ministro português acabou por se comprometer assim a ficar até ao fim do mandato, então não sei o que ele deva dizer.

Jorge Coelho


“Então o meu querido amigo o que é que manda?”. A possibilidade de receber, do outro lado do telefone, esta bem disposta frase era muito elevada.

Jorge Coelho era assim, uma figura cordial, aberta, sem truques, imune à intriga, que nos desarmava pela franqueza. Quanto mais se conhecia o Jorge, mais gostávamos dele, melhor entendíamos a maneira de ser de um homem com um imenso bom senso, um forte sentido de interesse público e, acima de tudo, um amigo do seu amigo, muito respeitado por toda a gente, mesmo pelos adversários.

Faz hoje precisamente um ano que Jorge Coelho nos deixou. Ontem, Vitor Melícias recordou-o numa cerimónia religiosa que juntou mais de uma centena de pessoas. Um ano sem o Jorge é um peso imenso de perda para todos quantos o conheciam e admiravam.

quinta-feira, abril 07, 2022

“A Arte da Guerra”


Em “A Arte da Guerra”, o podcast do “Jornal Económico”, analiso esta semana, com o jornalista António Freitas de Sousa, a evolução da situação na Ucrânia, as consequências europeias da nova vitória esmagadora de Viktor Orbán na Hungria (lembrando também o caso da Sérvia) e o estado da arte na política brasileira, com Bolsonaro e Lula na “pole position” para as eleições presidenciais de novembro.

Pode ver aqui.

Oslo e o crime



Acabei de ler, há minutos, um romance policial, com o título “Sem Rasto”, escrito por Margarida Utne.

O nome ilude. Trata-se de um pseudónimo. Estamos perante um livro de Margarida Ponte Ferreira, uma economista portuguesa que conheci, em 1979, na capital da Noruega, cidade onde ambos então vivíamos. 

No dia 12 de abril, com Mário Mesquita, vou apresentar o livro. No ISEG, na rua do Quelhas, às 18 horas. Apareçam.

Há minutos, no Twitter, surgiu-me um fotógrafo de Oslo. Chega-se lá através de @MortenClicks . Deixo uma imagem sua.

quarta-feira, abril 06, 2022

A Ucrânia, ainda e por muito tempo


Hoje, na CNN, a comentar a situação na Ucrânia.

Aqui.

Ganda rabino!

Ao que atestou o rabino que apoiou a concessão de nacionalidade portuguesa a Roman Abramovich, ele tem uma ligação sentimental a Portugal e hábitos alimentares sefarditas. Deve ser isso: ele tem saudades da salada russa.

Avante…

É estranho o destaque dado ao voto negativo do PCP quanto à audição do presidente ucraniano no nosso parlamento. Notícia - isso sim! - seria a anuência dos comunistas a tal proposta. Mas como é preciso fazer notícias sobre tudo…

Genial

Devo dizer que, há uns anos, quando vi publicado este título, passou-me um ligeiro frio pela espinha. O jornalista que o construiu deve ter ...