Numa noite de 2006, tive o presidente Lula e sua mulher, Marisa, com outros convidados, a jantar na residência da embaixada em Brasília, que eu então chefiava.
A nossa cozinheira, a excelente Delfina, uma moçambicana mãe de trigémeos, de um dos quais tenho orgulho de ser padrinho, raramente era substituída na sua função. Porém, para essa noite, num dos poucos jantares numa embaixada a que o casal presidencial se dignava ir, eu havia decidido convidar uma jovem “chefe” brasileira que, além de ser nossa amiga, estava a fazer, por esse tempo, bastante sucesso em Brasília.
E o jantar esteve, de facto, muito bom. O presidente e a sua mulher fizeram tantos elogios à comida que, à saída, pedi à “chefe” para vir conhecê-los e com eles tirar uma fotografia. Notei que, quando apresentei e disse o nome da já reputada cozinheira, Lula fez um leve esgar, de uma aparente estranheza.
À despedida, junto ao carro, o presidente meteu-me o braço e, ao ouvido, inquiriu: “Ela chama-se mesmo Mara Alckmin?”. Sorri e sosseguei-o: “Não, presidente! É Mara Alcamim, não é Alckmin!”. Lula soltou uma gargalhada e disse: “Ah! Entendi mal! E até me assustei!”
Geraldo Alckmin era o candidato da oposição que, escassos meses depois, Lula viria a defrontar na reeleição. Um sufrágio em que Alckmin foi derrotado estrondosamente.
Ontem, ao ver confirmado que Geraldo Alckmin se prepara agora para ser o vice-presidente na “chapa”, chefiada de novo por Lula, que pretende ser eleita para o Palácio do Planalto, no próximo mês de novembro, dei comigo a pensar que este mundo dá mesmo muitas voltas!
1 comentário:
Quem diria!? "Deus escreve certo em linhas tortas" ou "Não cuspas para o ar que te pode cair na cara"
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