quarta-feira, abril 20, 2022

Belicista?

Sobre o caráter xenófobo do poder ucraniano, alegado pelo PCP, para explicar sua recusa a estar presente no discurso de Zelensky na AR, a discussão é possível. Mas apelidar de “belicista” o regime de um país hoje devastado pela agressão militar estrangeira é muita imaginação.

11 comentários:

Luís Lavoura disse...

Pois a mim parece-me que o regime ucraniano é mais belicista do que xenófobo.
Se não fosse belicista, aceitaria negociar, eventualmente ceder território, para parar a agressão.
Aquilo que me parece observar é a Ucrânia com uma posição cada vez menos transigente em relação às reivindicações russas.

João Cabral disse...

A discussão sobre a xenofobia resumida: o Svoboda, o partido ultranacionalista ucraniano, teve 2% nas eleições de 2019. E é isto.

Lúcio Ferro disse...

Por uma vez, tem razão. Zelensky é, a nível individual, um corrupto que escondeu milhões e milhões em off-shores, algo que é factual. O regime de Zelensky é um regime fascista, que ilegalizou todos os partidos da oposição e que prendeu inúmeros opositores políticos, muito antes até do princípio das hostilidades, algo que é factual. O regime de Zelensky é xenófobo, incorpora no seu exército elementos neo nazis e muitos deles em posições chave, algo que é factual e a própria natureza do regime é tendencialmente racista, como se viu pelo tratamento dispensado a milhares de asiáticos de outras nacionalidades (pessoas mais escuras) que apenas pretendiam fugir deste conflito, algo que é factual. Para além disso, o regime de Zelensky é homofóbico, como o atestam as inúmeras restrições 'legais' a pessas LGBT, o que é factual. Porém, Zelensky não é belicista, de todo, é um pacifista nato, um homem que todos os dias, ao invés de pedir armas, armas, armas, pede paz, paz, paz. É, ao pé dele, qulquer Mandela ou Ghandi corariam de vergonha. Aliás, Prémio Nobel da Paz para Zelensky - já!

aamgvieira disse...

Se há regime que actualmente mais põe em risco os países vizinhos é o regime russo, um regime belicista, criminoso e muito perigoso. Os historiadores o classificarão pelo que não me arrisco a antecipar se será nazi, ou simplesmente demencial.

A.Vieira

António disse...

João Cabral, não é assim tão simples. Os partidos mais "institucionais" de poder na Ucrânia já absorvem perfeitamente a xenofobia e o nacionalismo extremo. O Svoboda e movimentos como o Azov e outros são apenas apêndices. Os heróis nacionais da Ucrânia, celebrados em milhares de ruas e praças e nos manuais escolares, são tipos que diziam que judeus, russos e polacos eram animais que mereciam ser exterminados. E é isto.

Tony disse...

Eu sabia. Tinha, quase a certeza. Que havia de vir um dia, que estaria de acordo com o A. Vieira!!!

Joaquim de Freitas disse...

"Mas apelidar de “belicista” o regime de um país hoje devastado pela agressão militar estrangeira é muita imaginação."

Realmente ! Que devemos dizer dos EUA com as suas 84 guerras desde 1945...

Jaime Santos disse...

Só para chatear os que justificam a agressão russa com o carácter supostamente fascista do atual regime ucraniano (longe de ser uma democracia perfeita, claro) deixem-me que lhes faça uma pergunta (retórica) em estilo whataboutist...

E a pergunta é a seguinte:

Saddam Hussein era um ditador sanguinário e belicista (lançou guerras contra o Irão e o Kuwait) e que chegou a usar armas químicas contra o seu próprio povo (não falamos aqui de supostos programas de armas biológicas que visariam apenas grupos étnicos específicos, uma fantasia que faria Trofim Lysenko corar de inveja, mas de ataques bem reais).

Bastante pior do que Zelensky, convenhamos, apesar de tudo um político eleito, por mais defeitos que tenha.

Seguindo a vossa lógica, os EUA tiveram então toda a razão em violar o direito internacional e invadir o Iraque.

Concordam? É que se não concordarem, são os hipócritas do costume. Se concordarem, não passam de gente cruel que defende que a única lei que conta é a do mais forte.

Nesse caso, vá lá, assumam-se e saiam lá da toca, seus fascistas.

E passem muito bem...

João Cabral disse...

Mais argumentos (às vezes é bom fazer trabalho de casa):

«Zelenskyy grew up as a native Russian speaker in Kryvyi Rih, a major city of Dnipropetrovsk Oblast in central Ukraine.»
«Zelenskyy's first language is Russian, and he is also fluent in Ukrainian and English.»
«As president, Zelenskyy has been a proponent of e-government and unity between the Ukrainian- and Russian-speaking parts of the country's population.»
«In August 2014, Zelenskyy spoke out against the intention of the Ukrainian Ministry of Culture to ban Russian artists from Ukraine.»
«Zelenskyy worked mostly in Russian-language productions.»
«Zelenskyy opposes targeting the Russian language in Ukraine and banning artists for their political opinions (such as those viewed by the Government as anti-Ukrainian).»
https://en.wikipedia.org/wiki/Volodymyr_Zelenskyy

Em resumo, um perigoso nazi...

Nuno Figueiredo disse...

Belicista.

Anónimo disse...

João Cabral, um país e uma sociedade são muito mais do que o seu presidente. Não vale a pena transcrever a nota biográfica da wikipedia. Também já sabemos que ele é judeu, mas veja o que os isrealitas pensaram e muitos disseram sobre a sua invocação, no parlamento deles, no Holocausto. No mínimo, disseram "é preciso ter lata...". Se quiser, pode ir ao mesmo sítio e procurar história da Ucrânia, seria talvez mais útil.

O futuro