sábado, abril 16, 2022

Aleluia


No local onde agora estou, só se consegue ouvir os sinos de uma igreja se acaso o vento estiver muito de feição. Verdade seja que, usando sempre, nas férias em Vila Real, o “fuso de Caracas”, em termos daa minhas horas matinais, não consegui esclarecer se, num sábado de Aleluia como este, ainda se manteve o velho ritual dos sinos tocarem em uníssono, logo pela manhã. 

Mas será que isso importa alguma coisa, nestes tempos em que maioria dos sinos que se ouvem são uns “genéricos” em gravação, porque já não deve haver verba para contratar sineiros? (Os muçulmanos também padecem dos males do défice: ainda não há muito tempo, numa capital de tementes a Maomé, ouvi a convocação para orações, o azan, a ser feito pelo muezin da mesma forma). 

Noutras eras desta pátria, em que outros costumes se impunham, na Semana Santa, todas as rádios (televisão não havia) suspendiam as suas emissões à hora de almoço de quinta-feira, entrando em “black out” durante toda a sexta-feira, dias em que não passava pela cabeça de ninguém abrir as portas de qualquer loja comercial e, claro, em que o bacalhau e o peixe eram de regra nas refeições. Mas, mais do que isso: nesses tempos, em que não havia secadoras de roupa, até não era de “bom tom” estender roupa lavada a secar. Imaginem! 

O que Portugal mudou! 

7 comentários:

Flor disse...

Até o tempo mudou! Antigamente na Semana Santa o tempo estava sombrio, chuvoso, triste.

Só havia um canal de TV, a RTP e só passavam programas e filmes religiosos. Vi N vezes a vida de Cristo. Agora vejo que nem sequer mudaram a programação.

Achei graça à expressão "fuso de Caracas" porque eu vivi uns anos em Caracas e trouxe comigo esse horário.inclusive nos meus últimos afazeres profissionais funcionavam só da parte da tarde.:)

Luís Lavoura disse...

o bacalhau e o peixe para quem tinha dinheiro para os pagar, claro. Não pouca gente alimentava-se só de vegetais...

Flor disse...

O bacalhau, antigamente, era o comer dos pobres.

Anónimo disse...

Ainda me lembro que os altares das Igrejas eram cobertos com panejamentos roxos, os sinos não tocavam e as procissões eram ao som das matráculas e eu estava desejoso de ouvir outra vez o Rádio Club Português nos sábados de Aleluia!

Flor disse...

Anónimo também me lembro! Nas portas das igrejas estava, não sei se ainda está um "manto" roxo.

Flor disse...

O meu sacrifício em toda a Quaresma era comer peixe todas as sextas feiras.

Nuno Figueiredo disse...

Vila Real...!

O outro lado do vento

Na passada semana, publiquei na "Visão", a convite da revista, um artigo com o título em epígrafe.  Agora que já saiu um novo núme...