O Centro Nacional de Cultura (CNC), nos dias de hoje presidido pelo Dr. Guilherme de Oliveira Martins, que tem décadas de dedicação àquela casa, é uma instituição cultural de elevado mérito que, com descrição mais notável eficácia, tem levado à prática um trabalho muito importante pela cultura portuguesa. Comemora agora 75 anos de existência.
Foi-me pedido que, para publicação no seu site (cuja consulta recomendo aqui), desse testemunho de como “cheguei” ao CNC, o que aconteceu precisamente há 50 anos.
Aqui fica a breve mensagem que enviei:
Aqui fica a breve mensagem que enviei:
“ “Tens a certeza que é ali?”, foi a pergunta que fiz quando um amigo me convidou para ir ouvir Salgado Zenha ao “Centro Nacional de Cultura”. “Na rua da Pide?”. Assim era. Na Lisboa do boca-a-boca que então prosperava, assente nos cafés e nas livrarias, nesse início dos anos 70, começou a certa altura a constar que uma estrutura de raiz monárquica, “tomada” por uma onda democrática, estava a organizar debates políticos, procurando testar as margens da legalidade, já após a frustrada aventura eleitoral de 1969. Ao mesmo tempo, havia por lá uns cursos ao final da tarde, da Semiologia ao Marxismo (é verdade!) e outros temas interessantes. As salas, a certa altura, eram pequenas para o interesse que tudo aquilo já despertava, a muitos de nós e a uns cavalheiros que, à légua, se notava que estavam ali vindos da vizinhança... Não gosto de falar em “bons tempos”, porque o não foram, de todo! Mas que havia algo de divertido, de um saudável entusiasmo cívico, em toda aquela agitação no CNC, lá isso havia! Foi assim que eu lá cheguei, há meio século.”