segunda-feira, julho 15, 2024

França

"La France Insoumise", de Mélenchon, abandonou as conversas para encontrar um nome dentro do "Nouveau Front Populaire" para primeiro-ministro, acusando os socialistas de intransigência. Este foi sempre um exercício de "geometria no espaço": Macron nunca aceitaria um nome do NFP.

7 comentários:

Luís Lavoura disse...

O problema da França é que herdou de de Gaulle, e da guerra na Argélia, um sistema constitucional muito mau. O presidente não deveria ter tanto poder quanto tem, e o sistema eleitoral é uma porcaria.
Foram coisas que deram jeito a de Gaulle, mas que atualmente só prejudicam.

Anónimo disse...

É uma pena, mas a grande negociata entre a Nova Frente Popular(já ela própria resultado de uma negociata) e o Ensemble, visando impedir a vitória de Le Pen (negociata asquerosa, diga-se), vai dar muito mau resultado. Sobretudo para a Esquerda. Le Pen deve estar a sorrir, nos próximos dois anos o pequeno Napoleão vai ter que impor a vontade por decreto, a Esquerda vai dissover-se nas suas lutas intestinas, as condições económico-sociais vão piorar a todos os níveis e, quando vierem as presidênciais....
M.Prieto

Joaquim de Freitas disse...


A lógica constitucional ditaria que o cargo de primeiro-ministro viesse da coligação de esquerda. Este foi “o acordo tácito dos republicanos” até hoje. Macron acaba de romper com este espírito republicano. Ele está dando mais um passo em frente num sistema ditatorial ao querer manter o poder que perdeu nas eleições. Perigo para a democracia francesa!

Assistimos à decadência do regime presidencialista e da Quinta República. A decomposição do Macronismo põe fim ao tão difamado sistema. Falta a etapa final, que é a renúncia do monarca. É provável que isso aconteça antes de 2027.

Todas as forças políticas estão se preparando para isso, daí as pequenas ou grandes manobras.

Luís Lavoura disse...

a grande negociata entre a Nova Frente Popular e o Ensemble, visando impedir a vitória de Le Pen, vai dar muito mau resultado

Pois vai. Quiseram (e conseguiram) falsear a vontade do povo e destruir a proporcionalidade da representação eleitoral, agora vão-se lixar.
(Não deixa de ser engraçado ver portugueses que sempre defenderam a proporcionalidade da representação eleitoral, aliás incrita na nossa Constituição, apoiarem e exultarem com as manipulações feitas em França para falsear o resultado da votação.)

disse...

Concordo com o anónimo das 22:44. O désistement foi uma péssima estratégia. Devia ter-se optado pelo mal menor: deixar o RN governar. O RN tem a maioria do eleitorado. Admira-me que os franceses queiram ter como PM um miúdo de 28 anos que nunca trabalhou fora do partido e passa a vida no TikTok. Mas são os tempos que vivemos...

Em todo o caso, estes 2/3 anos dariam tempo à direita e esquerda moderada para se reconfigurarem. É urgente partir ao meio a macronie e pôr fim a essa estratégia política desastrosa que é o "au même temps". Édouard Philippe, Bruno Le Maire, Gérald Darmanin, Rachida Dati etc têm de regressar à direita, tal como o Gabriel Attal, Elisabeth Borne etc têm de regressar à esquerda. É preciso deixar o RN governar para que o eleitorado perceba que não é de facto um partido de governo...

Joaquim de Freitas disse...

Luis Lavura disse: "...apoiarem e exultarem com as manipulações feitas em França para falsear o resultado da votação.). Absolutamente !

O movimento popular não permitirá que lhe roubem a vitória eleitoral.

carlos cardoso disse...

Li um comentador, não me lembro quem nem onde, que dizia que a nomeação por Macron de um primeiro ministro da France Insoumise seria uma passadeira vermelha para a Sra Le Pen ser eleita presidente da república daqui a dois anos. Penso que esse comentador é capaz de ter razão…

João Miguel Tavares no "Público"