“Se eu soubesse que o PS ia ter uma maioria “assim”, talvez tivesse mantido o voto que, em 2019, dei ao PCP”, disse-me um amigo muito próximo. “Tarde piaste!”, como diz o provérbio.
Nunca se deve votar "útil". Deve-se sempre votar naquilo que se quer. Se o amigo do Francisco queria PCP, era PCP que deveria ter votado. Não se deve votar em função daquilo que os outros presumivelmente votarão, mas somente em função daquilo que nós queremos.
Em 2011, o poder tinha passado da esquerda para a direita. Passos Coelho fez-se porta-voz de uma política de austeridade e de reformas ainda mais drásticas do que a defendida pelo PM. Sócrates. A vitória da direita foi adquirida graças a uma vasta abstenção, e não das transferências de votos do PS para o PSD, mas sim do PS para a abstenção. Tratava-se de ir ao encontro das exigências da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para pagar um empréstimo de 78 mil milhões de euros em três anos. Mas a política anunciada não traz nenhuma mudança, senão pior.
E chegou a alternância. Em 2015 com António Costa à frente de um governo minoritário composto por membros do Partido Socialista, com o apoio sem participação do BE e da CDU.. A famosa "Geringonça. Se alguma evolução foi verificada, não correspondeu às esperanças dos batalhões da Esquerda Radical, que esperavam melhor dum governo de Esquerda… Os batalhões sabiam que não teria havido Geringonça sem a esquerda, à esquerda do PS. Que o serviu mais que a eles mesmos.
Exactamente o que se passou em França, quando o PS e o PCF resolveram aliar-se, mas num Programa Comum de Governo. E François Mitterrand chegou ao poder. Alguma evolução notável foi verificada, porque o PCP participava no Governo. Algumas leis importantes datam dessa época, como as 35 horas de trabalho e as cinco semanas de férias pagas., entre outras vantagens.
Como após a Revolução de Abril, em Portugal, muito ficou por fazer, porque entretanto a febre da social-democracia penetrou lentamente mas seguramente no PS francês. Eram os tempos da “Terceira Via” de Tony Blair…
Como era diferente o espírito no Congresso de Epinay em 1971). “"Violenta ou pacífica, a revolução é antes de tudo uma ruptura... Quem não consente em romper com a ordem estabelecida... com a sociedade capitalista, esse, eu digo, não pode ser membro do Partido Socialista. (François Mitterrand no Congresso de Epinay em 1971).”
Quando o PSF “sentiu” que podia passar à velocidade superior sem o PCF, que no fundo viria a ser, no futuro, um obstáculo na marcha para a “social-democracia”, que é o objectivo de todos os partidos socialistas quando chegam ao poder com os votos dos batalhões da esquerda radical, sacrificou estes, para ficar com os movimentos livres.
Para onde quer que olhemos na Europa, a esquerda – PS e os outros, - está em estado de decomposição avançada, até mesmo morte clínica.
Converteu-se ao capitalismo neoliberal, dando as costas ao que deveria ser a sua essência política: a emancipação do povo através do advento de um projecto socialista. As classes trabalhadoras, sentindo-se constantemente traídas por promessas vazias, afastaram-se da esquerda para se refugiar na abstenção, ou para se voltar para os chamados partidos “populistas” de extrema-direita.
A situação saída das urnas em 31 de Janeiro em Portugal, corresponde ao que se passou em França em 1973. A partir de 1973, o PS ganhou terreno eleitoral sobre o PCF, o que provocou críticas do PCF contra um Mitterrand “autoconfiante e dominador”. O PCF quis ir mais longe, pediu em 31 de Março a actualização do programa comum tendo em vista as eleições legislativas de 1978. A crise vinha desde 1973, e o PCF queria fortalecer o aspecto social do programa comum pedindo, em particular, o alargamento do âmbito das nacionalizações. Ele também quer impor uma restrição aos poderes do Presidente da República, uma extensão do controle de gestão das empresas públicas, um aperto na faixa salarial e uma forte revalorização do salário mínimo. O PSF está mais hesitante quanto a esta actualização do Programa Comum, ansioso por manter uma imagem eleitoral de “moderação”. Em 1978, nas eleições legislativas, o PCF é reticente em retirar-se a favor do PS no segundo turno. O PS é, pela primeira vez desde 1936, maioria dentro da esquerda. François Mitterrand ganhou a aposta. (A suivre) -----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
A. Costa copiou a estratégia de Mitterrand para se fazer eleger, criando a Geringonça, largando-a no campo de batalha quando não precisava mais dela. B. Costa sente o sopro quente do neoliberalismo, que sopra da Europa. C. Na política económica, o neoliberalismo repousa sobre uma onda ideológica à qual o PS adere. Mesmo na política externa, a fusão é total quando apoia Guaido e os nazis de Kiev. D. Baseia-se na crença de que os princípios do mercado livre e competitivo levam à ordem económica mais eficiente e racional. A diminuição dos diversos papéis do Estado, por meio da privatização de empresas e cortes nas políticas de protecção social, é típica das políticas neoliberais. O neoliberalismo está atacando os sindicatos, com o objectivo de aumentar a liberdade empresarial. Por isso penso que a destruição dos batalhões da esquerda radicalia será fonte de agitação social para a economia no futuro. O sentimento profundo destes batalhões é que só servem de apoio para a conquista do poder ao PS. O ressentimento será grande. Em França, o resultado deste assalto da social-democracia ao PS foi a sua destruição como partido de governo. Os socialistas, estarão ausentes das eleições de Maio próximo.E por muito tempo... Quem beneficia é a extrema-direita. Como em Portugal.
Penso com tristeza naqueles alentejanos, nessa terra vermelha de sangue dos combates contra a ditadura slazarista, que viram desaparecer a sua bandeira, na capital regional,substituida pela do representante do racismo, da xenofobia, do fascismo.
Joaquim de Freitas, o futuro está aberto. Já quanto ao passado nada há a fazer. Como quando o PCP se juntou ao BE e à Direita para nos trazer onde estamos, chumbando o OE2022, que poderia ao menos ter deixado chegar à especialidade.
Não se queixem porque o PS não quer o que vocês querem, fá-lo porque os seus votantes estão contentes com o seu programa. Se eu quisesse o socialismo de BE ou PCP, teria votado neles.
Vocês são arrogantes e não veem um palmo à frente do nariz. Leia a crónica de Boaventura Sousa Santos ontem no Público e perceberá o que eu quero dizer.
Não haverá socialismo porque o povo (a grande maioria) não o quer. E em democracia, manda a maioria, capiche?
Da net:
Esquerda alemã: Às vezes, estar no poder é mesmo difícil...
Esquerda espanhola: A quem o dizes...
Esquerda portuguesa: Sim, mas no final as pessoas votam em nós...
Esquerda francesa: O quê, vocês ganham eleições?
A esquerda francesa é mesmo a mais burra do mundo. Mesmo mais do que Corbyn...
Jaime Santos: Você é o mesmo que escrevia há dois anos, neste blogue: "Justamente aquilo que o PS deve também evitar. Preocupem-se antes em governar e falem lá com os Presidentes de Câmara, com o BE e mostrem alguma humildade democrática. Mas se os outros esticarem a corda, não tenham medo de que ela se parta...
Os governos são como a fruta. Quando ficam maduros, caem. Se já chegamos a essa fase, essa é outra questão..."
Tinha notado neste comentário seu: "se os outros esticarem a corda, não tenham medo de que ela se parta..." O conselho que dava ao seu partido socialista foi o que o PCP e o Bloco seguiram. Que um governo de esquerda, no poder graças ao apoio de partidos mais à esquerda, não tenha tido a vergonha de propor um aumento salarial de meia dúzia de euros, quando a inflação nos produtos de maior necessidade – alimentação, energia, -leva três vezes mais do que propõem e que os milionários dobraram os benefícios durante a pandemia, é indigno.
Eu sei, por ter negociado durante anos frente a 5 sindicatos, como é sentido pelos interessados, este género de proposição miserável, numa negociação salarial: é considerado como um insulto e torna a negociação mais difícil.
Mas A. Costa “desenrascou-se bem, apesar de tudo, como escreveu, nos incêndios e nas greves dos professores e dos camionistas. E para você foi o essencial.
Quanto ao conselho de diálogo com o BE, não sei até que ponto existiu ou não. Mas, como escreve, é preciso humildade democrática. Mas é pena, porque quando leio o Senhor Embaixador escrever sobre Louçã, neste mesmo blogue:
“Sinto por aí um certo mal-estar com a proeminência pública de Francisco Louçã, seja pela presença regular na comunicação social (imprensa, rádio e televisão), seja pelos lugares que ocupa no Banco de Portugal e no Conselho de Estado. Pena é que não se destaque, com igual nota, a sua atividade académica, em que, por um indiscutível mérito próprio, chegou ao topo da carreira letiva, com amplo reconhecimento dos seus pares. Louçã é, além disso, autor de uma bibliografia muito assinalável, também publicada no estrangeiro.
Esta atitude anti-Louçã - chamemos as coisas pelos nomes - apoia-se num pouco subliminar juízo de "ilegitimidade". Porque as ideias políticas de Louçã são minoritárias, dar-lhes relevo não tem o menor sentido e representa uma injustificável cedência de espaço ao Bloco de Esquerda - é esta a "lógica" do raciocínio.
Ora Louçã tem todo o direito de pensar o que pensa. Não concordo com muitas coisas que ele defende, sentir-me-ia mesmo pouco confortável se algumas das suas ideias fossem levadas à prática, nomeadamente nos temas europeus. Mas reconheço que o seu pensamento tem uma indiscutível racionalidade e coerência, mesmo quando ataca aquilo que eu próprio penso. E fá-lo com uma inteligência e uma preparação intelectual muito raras.
Num país em que o pensamento económico dominante é um ecoado por um "coro" que papagueia uma linha quase uniforme, difundindo um "template" que surge vendido como verdade indiscutível nas salas das nossas universidades (isto sabe-se?), de que algum "jornalismo" económico é apenas um subproduto para "dummies", fico muito feliz pelo facto de poder existir, com visibilidade nacional, um contraditório, mediático e não só, feito por alguém com a estatura de Francisco Louçã.
By Francisco Seixas da Costa à(s) segunda-feira, Fevereiro 26, 2018 Tenho muita pena, também, que um homem político desta qualidade, tivesse sido substituído por André Ventura.
Mas como você vê um palmo à frente do seu nariz e nao é arrogante, em democracia, manda a maioria, capiche?
O "coro" que papagueia uma linha quase uniforme, socialista, ou que tem esse nome, tem agora o campo livre. Wait and see.
5 comentários:
Nunca se deve votar "útil". Deve-se sempre votar naquilo que se quer. Se o amigo do Francisco queria PCP, era PCP que deveria ter votado. Não se deve votar em função daquilo que os outros presumivelmente votarão, mas somente em função daquilo que nós queremos.
António Costa, aluno de Mitterrand
Em 2011, o poder tinha passado da esquerda para a direita.
Passos Coelho fez-se porta-voz de uma política de austeridade e de reformas ainda mais drásticas do que a defendida pelo PM. Sócrates.
A vitória da direita foi adquirida graças a uma vasta abstenção, e não das transferências de votos do PS para o PSD, mas sim do PS para a abstenção.
Tratava-se de ir ao encontro das exigências da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), para pagar um empréstimo de 78 mil milhões de euros em três anos.
Mas a política anunciada não traz nenhuma mudança, senão pior.
E chegou a alternância. Em 2015 com António Costa à frente de um governo minoritário composto por membros do Partido Socialista, com o apoio sem participação do BE e da CDU.. A famosa "Geringonça.
Se alguma evolução foi verificada, não correspondeu às esperanças dos batalhões da Esquerda Radical, que esperavam melhor dum governo de Esquerda…
Os batalhões sabiam que não teria havido Geringonça sem a esquerda, à esquerda do PS. Que o serviu mais que a eles mesmos.
Exactamente o que se passou em França, quando o PS e o PCF resolveram aliar-se, mas num Programa Comum de Governo. E François Mitterrand chegou ao poder.
Alguma evolução notável foi verificada, porque o PCP participava no Governo. Algumas leis importantes datam dessa época, como as 35 horas de trabalho e as cinco semanas de férias pagas., entre outras vantagens.
Como após a Revolução de Abril, em Portugal, muito ficou por fazer, porque entretanto a febre da social-democracia penetrou lentamente mas seguramente no PS francês. Eram os tempos da “Terceira Via” de Tony Blair…
Como era diferente o espírito no Congresso de Epinay em 1971).
“"Violenta ou pacífica, a revolução é antes de tudo uma ruptura... Quem não consente em romper com a ordem estabelecida... com a sociedade capitalista, esse, eu digo, não pode ser membro do Partido Socialista. (François Mitterrand no Congresso de Epinay em 1971).”
Quando o PSF “sentiu” que podia passar à velocidade superior sem o PCF, que no fundo viria a ser, no futuro, um obstáculo na marcha para a “social-democracia”, que é o objectivo de todos os partidos socialistas quando chegam ao poder com os votos dos batalhões da esquerda radical, sacrificou estes, para ficar com os movimentos livres.
Para onde quer que olhemos na Europa, a esquerda – PS e os outros, - está em estado de decomposição avançada, até mesmo morte clínica.
Converteu-se ao capitalismo neoliberal, dando as costas ao que deveria ser a sua essência política: a emancipação do povo através do advento de um projecto socialista. As classes trabalhadoras, sentindo-se constantemente traídas por promessas vazias, afastaram-se da esquerda para se refugiar na abstenção, ou para se voltar para os chamados partidos “populistas” de extrema-direita.
A situação saída das urnas em 31 de Janeiro em Portugal, corresponde ao que se passou em França em 1973.
A partir de 1973, o PS ganhou terreno eleitoral sobre o PCF, o que provocou críticas do PCF contra um Mitterrand “autoconfiante e dominador”.
O PCF quis ir mais longe, pediu em 31 de Março a actualização do programa comum tendo em vista as eleições legislativas de 1978. A crise vinha desde 1973, e o PCF queria fortalecer o aspecto social do programa comum pedindo, em particular, o alargamento do âmbito das nacionalizações.
Ele também quer impor uma restrição aos poderes do Presidente da República, uma extensão do controle de gestão das empresas públicas, um aperto na faixa salarial e uma forte revalorização do salário mínimo.
O PSF está mais hesitante quanto a esta actualização do Programa Comum, ansioso por manter uma imagem eleitoral de “moderação”.
Em 1978, nas eleições legislativas, o PCF é reticente em retirar-se a favor do PS no segundo turno. O PS é, pela primeira vez desde 1936, maioria dentro da esquerda. François Mitterrand ganhou a aposta. (A suivre)
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A. Costa copiou a estratégia de Mitterrand para se fazer eleger, criando a Geringonça, largando-a no campo de batalha quando não precisava mais dela.
B. Costa sente o sopro quente do neoliberalismo, que sopra da Europa.
C. Na política económica, o neoliberalismo repousa sobre uma onda ideológica à qual o PS adere. Mesmo na política externa, a fusão é total quando apoia Guaido e os nazis de Kiev.
D. Baseia-se na crença de que os princípios do mercado livre e competitivo levam à ordem económica mais eficiente e racional. A diminuição dos diversos papéis do Estado, por meio da privatização de empresas e cortes nas políticas de protecção social, é típica das políticas neoliberais. O neoliberalismo está atacando os sindicatos, com o objectivo de aumentar a liberdade empresarial.
Por isso penso que a destruição dos batalhões da esquerda radicalia será fonte de agitação social para a economia no futuro.
O sentimento profundo destes batalhões é que só servem de apoio para a conquista do poder ao PS. O ressentimento será grande.
Em França, o resultado deste assalto da social-democracia ao PS foi a sua destruição como partido de governo. Os socialistas, estarão ausentes das eleições de Maio próximo.E por muito tempo... Quem beneficia é a extrema-direita. Como em Portugal.
Penso com tristeza naqueles alentejanos, nessa terra vermelha de sangue dos combates contra a ditadura slazarista, que viram desaparecer a sua bandeira, na capital regional,substituida pela do representante do racismo, da xenofobia, do fascismo.
Joaquim de Freitas, o futuro está aberto. Já quanto ao passado nada há a fazer. Como quando o PCP se juntou ao BE e à Direita para nos trazer onde estamos, chumbando o OE2022, que poderia ao menos ter deixado chegar à especialidade.
Não se queixem porque o PS não quer o que vocês querem, fá-lo porque os seus votantes estão contentes com o seu programa. Se eu quisesse o socialismo de BE ou PCP, teria votado neles.
Vocês são arrogantes e não veem um palmo à frente do nariz. Leia a crónica de Boaventura Sousa Santos ontem no Público e perceberá o que eu quero dizer.
Não haverá socialismo porque o povo (a grande maioria) não o quer. E em democracia, manda a maioria, capiche?
Da net:
Esquerda alemã: Às vezes, estar no poder é mesmo difícil...
Esquerda espanhola: A quem o dizes...
Esquerda portuguesa: Sim, mas no final as pessoas votam em nós...
Esquerda francesa: O quê, vocês ganham eleições?
A esquerda francesa é mesmo a mais burra do mundo. Mesmo mais do que Corbyn...
Jaime Santos: Você é o mesmo que escrevia há dois anos, neste blogue: "Justamente aquilo que o PS deve também evitar. Preocupem-se antes em governar e falem lá com os Presidentes de Câmara, com o BE e mostrem alguma humildade democrática. Mas se os outros esticarem a corda, não tenham medo de que ela se parta...
Os governos são como a fruta. Quando ficam maduros, caem. Se já chegamos a essa fase, essa é outra questão..."
Tinha notado neste comentário seu: "se os outros esticarem a corda, não tenham medo de que ela se parta..."
O conselho que dava ao seu partido socialista foi o que o PCP e o Bloco seguiram. Que um governo de esquerda, no poder graças ao apoio de partidos mais à esquerda, não tenha tido a vergonha de propor um aumento salarial de meia dúzia de euros, quando a inflação nos produtos de maior necessidade – alimentação, energia, -leva três vezes mais do que propõem e que os milionários dobraram os benefícios durante a pandemia, é indigno.
Eu sei, por ter negociado durante anos frente a 5 sindicatos, como é sentido pelos interessados, este género de proposição miserável, numa negociação salarial: é considerado como um insulto e torna a negociação mais difícil.
Mas A. Costa “desenrascou-se bem, apesar de tudo, como escreveu, nos incêndios e nas greves dos professores e dos camionistas. E para você foi o essencial.
Quanto ao conselho de diálogo com o BE, não sei até que ponto existiu ou não. Mas, como escreve, é preciso humildade democrática. Mas é pena, porque quando leio o Senhor Embaixador escrever sobre Louçã, neste mesmo blogue:
“Sinto por aí um certo mal-estar com a proeminência pública de Francisco Louçã, seja pela presença regular na comunicação social (imprensa, rádio e televisão), seja pelos lugares que ocupa no Banco de Portugal e no Conselho de Estado. Pena é que não se destaque, com igual nota, a sua atividade académica, em que, por um indiscutível mérito próprio, chegou ao topo da carreira letiva, com amplo reconhecimento dos seus pares. Louçã é, além disso, autor de uma bibliografia muito assinalável, também publicada no estrangeiro.
Esta atitude anti-Louçã - chamemos as coisas pelos nomes - apoia-se num pouco subliminar juízo de "ilegitimidade". Porque as ideias políticas de Louçã são minoritárias, dar-lhes relevo não tem o menor sentido e representa uma injustificável cedência de espaço ao Bloco de Esquerda - é esta a "lógica" do raciocínio.
Ora Louçã tem todo o direito de pensar o que pensa. Não concordo com muitas coisas que ele defende, sentir-me-ia mesmo pouco confortável se algumas das suas ideias fossem levadas à prática, nomeadamente nos temas europeus. Mas reconheço que o seu pensamento tem uma indiscutível racionalidade e coerência, mesmo quando ataca aquilo que eu próprio penso. E fá-lo com uma inteligência e uma preparação intelectual muito raras.
Num país em que o pensamento económico dominante é um ecoado por um "coro" que papagueia uma linha quase uniforme, difundindo um "template" que surge vendido como verdade indiscutível nas salas das nossas universidades (isto sabe-se?), de que algum "jornalismo" económico é apenas um subproduto para "dummies", fico muito feliz pelo facto de poder existir, com visibilidade nacional, um contraditório, mediático e não só, feito por alguém com a estatura de Francisco Louçã.
By Francisco Seixas da Costa à(s) segunda-feira, Fevereiro 26, 2018
Tenho muita pena, também, que um homem político desta qualidade, tivesse sido substituído por André Ventura.
Mas como você vê um palmo à frente do seu nariz e nao é arrogante, em democracia, manda a maioria, capiche?
O "coro" que papagueia uma linha quase uniforme, socialista, ou que tem esse nome, tem agora o campo livre. Wait and see.
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