Falar sobre a situação na Ucrânia é como tentar atingir um alvo em movimento (peço desculpa pelo uso de uma figura de cariz bélico, mas está no “l’air du temps”). O podcast “A Arte da Guerra”, a conversa com António Freitas de Sousa para o “Jornal Económico”, foi, esta semana, gravado na manhã de terça-feira, dia 22. Como só hoje foi para o ar, alguma desatualização era inevitável, nomeadamente a que decorre do ataque russo à Ucrânia. Mas acho que o que ficou dito vale a pena ser ouvido.
Pode ver e ouvir aqui.
4 comentários:
É chato para os ucranianos. Mas têm de se aguentar à bomboca. E é mais um tiro na pata da diplomacia americana. O que virá depois, armas nuclares? OMG.
O pensamento comuna está cada vez mais elaborado:
- eles são pela paz
- eles são contra a guerra
- eles são contra a invasão
- eles são contra as reações à invasão
- eles acham que o Putin é um czarista capitalista
- eles são contra quem está contra o Putin
- eles acham que isto é tudo uma guerra entre capitalistas
- eles acham que é tudo culpa dos americanos
- eles sentem saudades das maravilhas soviéticas que o Putin está a destruir
Ora, no meio desta conversa de chacha, redonda e bafienta, a única parte que me faz rir é acusar o Putin (o herói anti-americano de "ontem"), de estar a atacar a bela herança soviética que manteve a paz entre os povos durante 70 anos.
"(...) decisões que, no quadro da União Soviética, resolveram a questão das nacionalidades reconhecendo os direitos dos povos e garantindo a paz por mais de 70 anos"
(in https://www.pcp.pt/defender-paz-travar-escalada-de-confrontacao)
A Ucrânia, com os seus milhões de mortos de fome, as deslocações forçadas de populações inteiras (da noite para o dia), a criação de bolhas artificiais de russófonos (estamos, agora, a lidar com essa herança - semelhante, aliás à promovida em Espanha para "abafar" bascos e catalães), tudo isso, meu deus foi, para o PCP, uma coisa gloriosa! Direitos dos povos, chamam-lhes eles! Paz!
O que vale é que este partido é - dizem -, essencial para a democracia...
Lúcio Ferro, não se faça de engraçado, que isto não tem graça nenhuma. Os ucranianos não obedeceram às ordens do Czar e agora sofrem as consequências, não é verdade?
Só que isso é um bocadinho mais do que chato. Estão a morrer pessoas.
Como é característico dos leninistas de sofá e amadores da geopolítica com inclinações esquerdistas, a pimenta no rabo dos outros é refresco.
Ou uma morte é uma tragédia, mas um milhão é uma estatística, se quisermos ser menos vernaculares...
Sempre gostava de saber como se sentiria se os tanques rolassem nas Avenidas Novas e você tivesse que correr pela vida. Mas suspeito que não haveria de ter problemas, ia logo a correr cantar umas loas ao Putin...
Vá mas é morrer longe, sim?
Oh Jaime Santos : Esqueceu o resto do espectáculo : e os cossacos a chegarem com a faca nos dentes, depois de ter comido criancinhas a pequeno almoço…
“Só que isso é um bocadinho mais do que chato. Estão a morrer pessoas.” Escreve! Ah, Por acaso não esqueceu os 46 fechados na Casa dos Sindicatos, em Odessa, queimados vivos, pelos nazis do Grupo Azov, o mesmo que deu espectáculo na Praça Maidan?
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