sexta-feira, fevereiro 11, 2022

É isto que eu penso!

Aqui vai um texto que desagradará a gregos e, decerto, também a turcos, já que os troianos há muito saíram de cena.

Cá por Portugal, os fanatismos estão a ser assim.

Por um lado, temos o patético fanatismo russófilo dos órfãos do “muro” e da URSS, para quem o autoritarismo de Putin funciona hoje como uma espécie de “revanche” anti-ocidente, na raiva pela “banhada” que apanharam na Guerra Fria, embrulhados no seu anti-americanismo doentio.

Por outro lado, temos o fanatismo subserviente a quase tudo o que for ordenado por Washington, dos que gostavam de ver a NATO na Antártida e no Burkina-Faso, dos herdeiros do anti-comunismo “coldwarrior” e do triste “catering” das Lajes, ansiosos por humilhar uma vez mais Moscovo e, talvez, até de “molhar a sopa“, desde que as ogivas não se mexam.

Os primeiros, fazem de conta que não houve nenhum “golpe de mão” à Crimeia, que a História absolverá tudo ao nacionalismo caduco de Moscovo.

Os segundos não admitem que a Rússia condicione a Ucrânia, para preservar a leitura que tem da sua segurança, embora não gostem que se lhes lembre o que os EUA continuam a fazer a Cuba. 

É isto que eu penso.

10 comentários:

Lúcio Ferro disse...

Parece-me que é uma visão um tanto ou quanto maniqueísta. Agora, que os principais responsáveis por esta crise e pela possibilidade de uma guerra de consequências imprevisíveis são, sem qualquer margem para dúvidas, esta administração norte-americana e os seus cães de fila, sobretudo os de uma comunicação social de bandalhos acéfalos e/ou vendidos, parece-me indubitável. E isto é o que eu penso.

José disse...

Ontem fiquei arrepiado ao ver um general (na reserva, penso), a debitar, na RTP3, a cassete do PCP (que é a cassete do Kremlin), sobre a situação da Ucrânia. Palavra, por palavra, estava tudo lá: o golpe de estado contra um governo legítimo, os grupos neonazis a tentarem começar uma guerra... enfim, é ouvir e confirmar. Do princípio até ao fim, é tudo culpa dos ucranianos, para este oficial superior.

A certa altura, o Bernardo Pires de Lima comentou sarcasticamente que, afinal, apesar da anexação da Crimeia, o Kremlin é que era a vítima.

O general comentou que era pena que não fossem publicados relatórios da OSCE que provam a má fé dos ucranianos (jamming de drones). O jornalista de serviço, dando provas da sua imensa competência, esqueceu-se de perguntar ao general como é que ele tinha tido acesso ao conteúdo de relatórios não publicados...

Arrepiante!!! Um major-general.


Quanto à defesa da Rússia... Há algumas diferenças aqui:
- os EUA, apesar de tudo, nunca invadiram Cuba. A Rússia já invadiu a Ucrânia.
- os EUA ajudaram Cuba a tornar-se um estado independente. Os russos querem acabar com a independência da Ucrânia.
- as armas dos americanos contra Cuba foram políticas e económicas. As armas dos russos são das que rebentam com pessoas.
- os americanos não têm às costas um genocídio de cubanos como os russos têm um genocídio de ucranianos

aguerreiro disse...

E entre o vodka e o bourbon, com ou sem rum, eu continuo a preferir Pedras Salgadas com sabor de limão.

Francisco Tavares disse...

Caro Embaixador, meu amigo, este seu blog é mesmo uma referência, nomeadamente de equilíbrio. É claro que o Putin and companions nada têm de anjos, mas imaginar mísseis apontados aos EUA colocados na fronteira mexicana ou na fronteira canadiana, é obviamente impensável. De qq modo, o seu comentário fez-me lembrar o que disse há dias William Astore, um ex tenente coronel da Força Aérea dos Estados Unidos: Only Fools Replay Doomsday - qualquer coisa como Só Loucos Querem Retomar o Apocalipse. É que as armas nucleares - um inimaginável Armagedão, como se viu em Hiroshima e Nagasaki - são um negócio "da China" como se diz aqui em Portugal. Vale a pena ler o que ele conta.
Abr. Francisco Tavares

João Cabral disse...

Já por aí haverá muitos saudosos de Trump, senhor embaixador?

Joaquim de Freitas disse...

José devia informar-se melhor... quando escreve " os EUA, apesar de tudo, nunca invadiram Cuba."


O plano está pronto Sr. Vice-Presidente. Estamos esperando sua luz verde. Allen Dulles, o chefe da CIA, anunciou assim a Richard Nixon em 1960 a possível eclosão da invasão de Cuba. Por várias semanas, o departamento de acção da sede norte-americana vinha desenvolvendo a operação: recrutamento de emigrantes cubanos, colaboração com a máfia, preparação para bombardeios de aeronaves camufladas estacionadas na Nicarágua. "

O presidente Eisenhower advertiu Nixon, candidato à sua sucessão: “Deixe a eleição passar. Assim você terá as mãos livres. Richard Nixon perdeu a votação por um fio (algumas dezenas de milhares de votos) para John F. Kennedy. A CIA programou o desembarque para 17 de Abril de 1961. Kennedy aprovou.

“Esse Fidel, vamos metê-lo no bolso. Ele é um idealista, não um comunista. Faremos o nosso potiche, como os outros. Com o passar das semanas, o discurso anti-imperialista do líder cubano cresceu a cada dia.

Acima de tudo, a revolução deu início a uma nova política agrária, recuperando as terras de grandes empresas estrangeiras, principalmente norte-americanas. É facto conhecido. E quando as novas autoridades de Havana forjaram - no meio da Guerra Fria - laços com Moscovo, a raiva tomou conta da elite política e económica norte-americana.

Os Estados Unidos decidiram bloquear a ilha: o infame embargo penaliza no mesmo movimento as empresas europeias e internacionais que desejam manter uma relação económica com Cuba. Todo o comércio entre os Estados Unidos e Havana foi cancelado, relações diplomáticas rompidas por Eisenhower que confidenciou aos seus assessores: "Aquele idiota do Nixon não viu nada chegando, cabe à CIA jogar".

Os preparativos para o desembarque em Playa Larga e Playa Giron na parte inferior e na entrada leste da Baía dos Porcos, 200 quilómetros a sudeste de Havana, foram realizados a toda velocidade. E foi J. Kennedy quem recuperou - não muito feliz com o presente, diz-se - o caso e deu sinal verde para uma lamentável operação.

O desembarque foi precedido por uma campanha de propaganda. A opinião internacional tinha que se convencer de que o povo cubano, esmagado pela ditadura de Fidel Castro, estava se revoltando, pegando em armas e pedindo ajuda internacional.

Miami não estava longe. Começar a expedição a partir desta cidade emblemática da máfia e de todo o submundo ligado ao antigo regime não agradou aos chefes da CIA. “Isso seria uma nódoa”, afirmou aos seus colaboradores Allen Dulles que escolheu a Nicarágua como ponto de partida. O ditador local, Somoza, não podia recusar nada aos seus protectores ianques.

Na manhã de sábado, 15 de Abril, seis bombardeiros B26 estado-unidenses repintados com as cores cubanas, em violação às convenções internacionais, descolaram da Nicarágua lançaram-se contra os aeroportos de Havana e Santiago

" as armas dos americanos contra Cuba foram políticas e económicas.", diz o José..."os EUA ajudaram Cuba a tornar-se um estado independente."" Ah,ah,ah. José, e todos os americanofilos por esse mundo fora, preparam a cama do imperialismo americano, numa ignorância total do que se trama no seu nome. Pouco lhes importam as vítimas que se amontoam ao longo da história.

Joaquim de Freitas disse...

“Embrulhados no seu anti-americanismo doentio.”

Senhor Embaixador: Já pensou no papel da média na criação dos dois campos?
É por não relê-los que a média pode castigar a média que outrora fustigou os seus leitores, sem insistir no facto de que eles estavam entre eles e que o seu lembrete da ética os torna virtuosos para nós quando são na verdade viciosos.

É porque os nomes de quem os paga não são publicados que especialistas, politólogos, sinólogos, russófobos, analistas, economistas, virologistas, pesquisadores, todos vestidos de cândida probidade, podem discutir na imprensa escrita, rádios, televisões, para parecerem credíveis.

É porque as sondagens nunca desmentem as suas manipulações, é porque apagam os seus preconceitos, confessam depois dos factos, justificando-os; alguns "erros" (mentiras?) que ainda mantêm uma credibilidade cujo declínio está longe de ser suficiente e longe de ser rápido o suficiente para que os portadores da verdade possam arrancar as ferramentas da desinformação das suas mãos para quebrá-las de uma vez por todas.

A média são os malandros que, apanhados com a mão no pote de geleia, se arrependem e deixam colocar a tampa de volta enquanto eles vão abrir e saquear o buffet de bolos onde serão vistos, se arrependem, deixam fechar a caixa e ir em direcção ao armário de doces

Não sei como se chamam em Portugal. Mas aqui, por terras de França, os jornalistas desta raça são Fénix que ardem no “Libération” para melhor renascer no “Point”, no France Inter, via BFM-TV, CNews ou Arte, não importa: trata-se de se vender a um dos oito ou nove bilionários donos da imprensa, ou ceder ao pensamento único que irriga a média pública.
Quantos terão a coragem de escrever nos seus jornais ou nas TV’s, que:
Os EUA massacram os povos da América Latina; que a Rússia não é um país inimigo; que a França não fará guerra à China; a política externa dos Estados Unidos constitui um perigo real; que temos de sair da NATO; que a França não deve respeitar os tratados europeus que são contrários à nossa Constituição e aos nossos interesses; que a polícia deve ser reformada, de cima a baixo, e que os “éborgneursr” (os que arrancam os olhos dos manifestantes) e outros culpados de abusos mortais serão identificados e punidos.

Os otários desconhecem que se baseiam nas informações veiculadas pelos media de banqueiros, industriais, comerciantes de armas. "As ideias dominantes de uma época nunca foram nada além das ideias da classe dominante" (Karl Marx, Friedrich Engels).
Ah! Malcom X: "Se você não desconfiar da média, eles farão você odiar o oprimido e amar o opressor".
Pois… Como ouvi ontem numa TV nacional, paga por mim e todos os contribuintes, uma jornalista do “internacional” France-Inter dizer: “Porque é que Putin alinha os seus soldados na fronteira russa? Como se eu não tivesse o direito de me postar à minha porta para proteger o seu acesso…Russofobia doentia, isso sim.

Unknown disse...

Não há grandes alterações. O que se vê é uma potente dose de propaganda 'made in States' que circula, furiosamente, no ocidente e que afecta os preguiçosos em buscar outras fontes. O que não vejo escrito nos jornais e TVs do campo ocidental, é que Biden e a NATO estão entalados por terem ido longe demais com tanta mentira e deturpações, que terão dificuldade em voltar atrás pois isso seria visto como fraqueza ou mesmo derrota, sobretudo dentro dos EUA e países satélites do Ocidente, porque se trataria aos olhos da comunidade pro-americana de uma fraqueza. E Biden que se meteu nesta aventura para fazer subir internamente o pouco que lhe dão as sondagens, se for sério e deixar de ser aventureiro, não será reeleito. Pensasse nisso antes ...

Telmo Vaz Pereira
Brasil,SP

Lúcio Ferro disse...

Adenda: se há poucos meses haveria muitos interessados numa 'invasão' russa da ucrânia (coisa que os russos nunca puseram em cima da mesa), a começar pelo próprio regime ucrâniano, a pouco e pouco fomos percebendo que cada vez há menos estados interessados nesse cenário. A Rússsia nunca o esteve (só a logística seria um pesadelo pantagruelico). Alemanha e França nunca o estiveram, não são parvos (apesar da pressão intolerável a que por exemplo o estado alemão foi e é sujeito pelos EUA nesse sentido). Até o regime do cómico ucraniano (que credenciais para chefe de estado) tem vindo a dar sinais de que já chega de dramatizações, que era tudo no gozo, calma e tal. Os chineses, enfim, docemente, já puserem o pé pela paz, e o UK, apesar das bravatas e da estupidez da inenerrável chefe do Foreign Office e da tentativa de desviar atenções do boris, também não será imune ao bom senso. Já os EUA, tsc, tsc, após o desastre do Afeganistão, desejam a guerra, desejam-na como de pão para a boca. Ver: https://www.washingtonpost.com/world/2022/02/12/ukraine-russia-putin-biden-belarus/

Jaime Santos disse...

Eu compreendo a ansiedade russa em não fazer fronteira com mais um País da NATO, mas com franqueza, não me parece que a melhor maneira de conseguir evitar isso seja colocar 130.000 homens nas fronteiras da Ucrânia.

E pior, usar a dita Ucrânia como uma espécie de 'bargaining chip' para falar com o Ocidente.

Eu, se fosse ucraniano e visse isto, ia já a correr pedir a adesão à NATO.

Está essa adesão para breve, assim como uma adesão à UE? Deus nos livre e guarde, dada a situação de segurança no Donbass e na Crimeia e dada a corrupção do próprio regime ucraniano.

Não gosto muito de bullies, sejam eles russos ou americanos, e o comportamento de Putin neste momento parece ser o de um bully nacionalista.

Das duas uma, ou Putin não invade e anda a gozar connosco (mas isso terá custos internos para ele se não ganhar nada com todo este teatro) ou invade e estará a ocupar um Estado Soberano e sempre quero ver os partidários da soberania nacional contra o imperialismo americano, alguns dos quais comentam neste espaço, explicar por que razão os ucranianos precisam de ser invadidos contra a sua vontade para os protegerem do dito imperialismo.

A hipocrisia é transversal ao espectro político... Só é pena a Esquerda anti-americana acabar a abraçar um nacionalista de Direita como Putin à falta de revolucionários românticos a la Che. Ou morreram, ou acabaram os dias como ditadores, vide os egrégios exemplos de Castro, Chaves ou o ainda vivo (e ridículo) Ortega...

É sinal da sua falência ideológica e moral. Como também se viu a 30 de Janeiro...

Enfim, perderam e continuarão a perder... E a servir daquela categoria cujo qualificativo é atribuído a Lenine a gente pouco recomendável que os meteria a todos no calabouço ou pior se tivesse oportunidade disso.

Tal como os Bourbons pós-revolução, não esqueceram nada e não aprenderam nada...



















































































Parabéns, concidadãos !