Foi curioso ouvir Putin dizer que o (implausível) acesso da Ucrânia à NATO poderia redundar numa guerra com a organização, porque o país poderia aproveitar para tentar retomar a Crimeia. Como se tivesse havido a menor legalidade na captura daquele território pela Rússia, em 2014.
4 comentários:
Mas Putin tem toda a razão. Imagine a Ucrânia na NATO. Imagine que a Ucrânia, sabendo-se protegida pela NATO, tenta conquistar a Crimeia. Que poderia a Rússia fazer? Se defendesse a Crimeia, estaria de facto a guerrear um país da NATO, o que a levaria à guerra com a NATO. Se não a defendesse, perderia o acesso ao Mar Negro.
A NATO é uma aliança exclusivamente defensiva, Luís Lavoura, os aliados só são obrigados a prestar auxílio se um (ou mais) dos membros for atacado sem ter provocado a agressão.
A Crimeia é território ucraniano à luz do direito internacional, mas recuperá-la implicaria atacar as forças ocupantes da Rússia. Não sei se os novos aliados da Ucrânia veriam isso com bons olhos.
Quanto ao Donbass, a situação é algo distinta, o território está na mão de insurgentes que gozarão da assistência de mercenários russos, mas seja como for, Putin está farto de saber que a entrada da Ucrânia na NATO só poderá ser discutida depois da resolução de todos esses conflitos, o que depende dele.
Tal declaração é pois feita com o cinismo que caracteriza o Presidente Russo. A Ucrânia está a ser usada como mero bargaining chip para Putin obter concessões do Ocidente.
Jaime Santos disse...
“A NATO é uma aliança exclusivamente defensiva, Luís Lavoura, os aliados só são obrigados a prestar auxílio se um (ou mais) dos membros for atacado sem ter provocado a agressão.”
Jaime Santos não é ignorante. Jaime Santos é impregnado de anti comunismo primário, como se ainda existisse comunismo, e como se a China e a Rússia fossem comunistas.
Mas facilita a sua cruzada dos valores ocidentais e da democracia evidentes quando os fascistas atacam o Capitolio sob as orens do presidente eleito...na Casa Branca !
Mas Jaime Santos ao afirmar que a NATO “é uma aliança exclusivamente defensiva”, vai mais longe: Participa no jogo imundo da falsificação da verdade, participa na fabricação da mais horrível “Fake New” espalhada pelos seus amigos que formataram o seu espírito.
O Iraque atacou quem? A não ser que fosse porque Saddam dispunha de Armas de Destruição Maciça…Pobre Colin Powell ! Mentir ao mundo na ONU sob ordem de Bush…A Líbia atacou quem? A não ser que fosse porque tinha financiado a campanha eleitoral de Sarkozy. ..e a qualidade do seu brent;;;Ou a ideia de Kadaffi de abandonar o dólar e criar a moeda africana para as transacções do petróleo líbio…
O Afeganistão atacou quem? Quando um saudita, Bem Laden (Al Qaida) se naturalizou afegão?
As guerras da NATO são travadas sem que nenhum dos Estados que ela ataque, bombardeie ou mesmo desmembre, represente a menor ameaça, exerça a menor agressão contra qualquer um de seus membros. A NATO age com ou sem a aprovação da ONU, mesmo que isso signifique violar as resoluções aprovadas pelo Conselho de Segurança. Todas essas guerras são travadas em nome dos direitos humanos, mas escondem malos seus objectivos reais, e por trás da fumaça dos "ataques cirúrgicos”?
Tenha a honestidade de dizer que a ausência de uma ameaça comunista deixa os estrategistas ocidentais insatisfeitos e a ameaça do “fim da história” deixa o complexo militaro-industrial temeroso de perder contratos preciosos e acima de tudo esse benefício do qual empresas, Estados e toda a sociedade ocidental são tão dependentes.
Actualize-se Sr. Jaime Santos …A NATO decidiu enfrentar os “novos desafios” redefinindo-se como uma organização internacional com o objectivo de defender a “comunidade internacional” para defender “valores democráticos”. Mais tarde se descobrirá que esta comunidade internacional inclui apenas os estados membros da Aliança e os aliados dos Estados Unidos. O facto é que mais de quarenta anos após a sua criação, a NATO foi engajada pela primeira vez na Bósnia.Privada de um inimigo, ela não será privada da guerra...
O envolvimento da NATO na ex-Jugoslávia foi o bombardeio da Sérvia por 78 dias. Uma guerra travada sem qualquer resolução das Nações Unidas. A NATO revelou assim a sua nova face: uma aliança militar internacional ao serviço dos interesses dos seus membros que não adere ao direito internacional.
Vemos hoje o que deu a “defesa dos valores democráticos no Afeganistão, Iraque e Líbia. E veremos o que dará a eventual guerra na Ucrânia, que os americanos sonham. Basta de propaganda americana que visa a apagar a Europa .
Este parágrafo « saltou ». Com a permissão do Sr. Embaixador, acrescento :
A Ucrânia é hoje o palco do confronto entre a NATO e a Rússia. Este país, dividido entre o oriente e o ocidente, poderia ter a vocação de uma ponte entre o ocidente e o oriente. Mas todo o desenrolar da crise demonstra que o Ocidente está procurando por todos os meios inclinar a Ucrânia para o Ocidente a fim de repelir a Rússia e impedir que Moscovo mantenha relações normais com este país que é historicamente o coração da cultura e civilização russas.
Quem não vê que para defender os seus interesses económicos e geoestratégicos, os países ocidentais – a NATO- estão prontos para tudo, inclusive para a guerra?
Finalmente, e isto não escapou certamente ao diplomata autor deste blogue, a Rússia parece ter recuperado o seu lugar como inimigo designado da NATO. Um círculo parece estar se fechando, a História repetindo-se, a Guerra-fria recomeçando.
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