terça-feira, fevereiro 01, 2022

O gosto do camuflado

Voltaram a estar “na moda” os golpes de Estado militares em África. Foi no Mali, foi no Sudão, foi na Guiné-Conacri, foi no Chad, foi no Burkina Faso e, hoje, na Guiné-Bissau.

2 comentários:

Retornado disse...

Os guineenses são tão intriguistas que náo passam sem um golpesinho de vez em quando.

Carlos Antunes disse...

Patrick J. McGowan, num artigo publicado no Jornal «Diários de Estudos Africanos Modernos», afirma que entre 1960 e 2001, registaram-se 109 tentativas marcadas pelo insucesso e 82 golpes de Estado que vingaram.
Por sua vez, Komi Tsakadi, num artigo publicado no Jornal «Diário de Pesquisa para a Paz», registou o número de 267, entre tentativas e golpes de Estado em África com sucesso, no período compreendido entre 1960 e 1990.
Parece, destarte não haver dúvida de que a tomada do poder pela força em África é regra geral.
Meu caro Embaixador, os golpes de Estado militares em África não voltaram a estar “na moda”, pela simples razão de que nunca deixaram de existir desde que os países africanos acederam à independência a partir dos anos 60 do séc. passado.
Mas claro, a culpa segundo os historiadores contemporâneos, continua a ser do colonialismo!
Permito-me apenas trazer à liça, o nigeriano Chinua Achebe (1930-2013, exilado, primeiro em Inglaterra e mais tarde nos EUA) um dos pais da moderna literatura africana e um dos mais lúcidos narradores do colonialismo europeu em África e, depois da descolonização, uma voz incómoda para alguns intelectuais africanos que a qualquer pretexto continuam a desfraldar a bandeira da “vitimização colonialista” do continente, demitindo-se assim de responsabilidades, e também para um certo Ocidente que não se consegue ver livre de um exacerbado complexo de culpa histórica, e que com essa disfarçada atitude paternalista mais não faz do que legitimar a desgraça dos povos africanos, e a corrupção e violência dos políticos africanos.
De Chinua Achebe estão publicados em Portugal “A Flecha de Deus” (Edições 70, 1978), “Um Homem Popular” (Caminho, 1987) e aquela que é considerada a sua obra-prima “Quando Tudo Se Desmorona” (Mercado de Letras, 2008).


O futuro