quarta-feira, fevereiro 23, 2022

Leonor Xavier


Recordo-me de uma conversa telefónica com a Leonor Xavier, em data que não posso precisar, na qual ela me disse, com grande entusiasmo, que estava a trabalhar num livro feito com base em alguns dos seus primeiros diários. A Leonor estava já muito doente, no meio de ciclos sucessivos de exames e internamentos. Nessas derradeiras conversas, sua voz estava marcada pela enfermidade, comigo a hesitar prolongar o diálogo, para evitar cansá-la. Arguta como era, devia sentir que tinha a vida a prazo. Alimentava-se visivelmente desse tipo incessante de atividade porque, para ela, cada livro era como que uma etapa mais de um percurso que se esforçava por percorrer, que duraria o que tivesse de durar. A Leonor morreu em meados de dezembro do ano que passou.

Ontem, no “ El Corte Inglés”, muitos dos seus inúmeros amigos estiveram no lançamento daquela que será a sua obra póstuma, “Adolescência”. Foi um belo momento. Se bem que muita gente estivesse comovida, fiquei com a sensação de que todos sentíamos que, se acaso a Leonor ali estivesse, não deixaria que perdêssemos o sorriso. Foi assim que o evento se passou num registo alegre, com a falta da Leonor atenuada pela memória imensamente positiva que, para sempre, todos dela conservamos

2 comentários:

Flor disse...

Obrigada. Irei comprar.

Flor disse...

Encomendei á Wook e recebi hoje mesmo. É um presente de aniversário para mim mesma. Vou achar interessante ler sobre a adolescência da Leonor Xavier porque fomos adolescentes quase na mesma altura das nossas vidas.:)

Maduro e a democracia

Ver aqui .