sexta-feira, outubro 27, 2017

A greve



Hoje é dia de greve da Função Pública. Não obstante este ser, porventura, o governo que, de há muito, mais tem feito pelos servidores públicos, os sindicatos decidiram fazer uma greve. À sexta é mais simpático, não é? E, com algum jeito, sempre dá para ligar à semana com feriado. Depois de largos meses em que o PC tinha recomendado alguma contenção para proteger a Geringonça, o avançar da legislatura em direção às legislativas de 2019, a necessidade de mostrar bem quem força o governo às cedências (as autárquicas revelaram muita gente “esquecida” e que, por “ilusão”, votou PS), leva os comunistas a dar uma vez mais “mão livre” ao mundo das Avoilas, Nogueiras & ofícios correlativos. Nada de novo, tudo previsível, embora eu gostasse de ser mosca para estar no Comité Central do partido, essa espécie de “balneário” onde a CGTP recebe (e ajuda a fazer) a “tática”. Mas não há também a UGT?, perguntarão alguns. Pois há, vai tudo no andor, mas não é bem a mesma coisa, como bem sabe o meu amigo e conterrâneo Abraão, do alto do seu branco bigode bíblico.

12 comentários:

Reaça disse...

Os sindicatos das greves selvagens, os sindicatos jurácicos do jurácico pcp, destruiram a pequena indústria nacional, e como agora restam apenas os encostados ao orçamento...é aí que se agarram, à função pública a quem chamam "trabalhadores"...tanto calo!

Lixaram a França e a Itália no tempo da guerra fria, agora só resta esta relíquia jurácica.

Agora vão vir aí os comboios, metro, e cacilheiros.

Vira o disco...!

Anónimo disse...



"It's fryday's night fever.

Ainda por cima pode-se juntar a umas mini férias com o feriado.
Quando é que haverá juizo que ponha termo às greves por um dia às sexta-feira.
O que não querem é trabalhar e desejam para as estatísticas percentagens elevadas para mostrarem quem ainda manda.
Lisboa hoje até agora, estava uma maravilha sem trânsito para se poder circular.

Anónimo disse...

Recorde-me lá um texto seu onde tenha considerado uma greve aceitável, por favor.

Eu não frequento a casa desde o início e admito que haja dias em que tenha falhado a passagem por cá.

Manuel do Edmundo-Filho disse...

As "Avoilas, Nogueiras & ofícios correlativos" perderam o pio no tempo do Passos. A "gerigonça" ressuscitou-os... Consequência inerente ao fim do "arco de governação" que Costa levou a cabo. Agora temos de os aturar...

Anónimo disse...

Quando são os trabalhadores dos 500 e tais euros a fazer greve lá veem os fantasmas do PC e do comité central á baila ! As greves dos srs. Doutores, as alegadas dos Srs. juízes e outras de batas brancas lavadas com Omo são de tal maneira fomentadas pelos Srs. comentadores e outros "ores" pagos a peso de ouro pelos patrões de toda a imprensa, que até lavam mais branco, e se esquecem dos milhares de milhões roubados pelos Srs. banqueiros. Pobre país que tais intelectuais ou embaixadores ou o que for que isso quer dizer, se deixam "arregimentar" de tal maneira!

Joaquim de Freitas disse...

Ao: “Reaça” das 14:36:


Interessante de notar , que ninguém explica como as principais industrias portuguesas a forte utilização de mão-de-obra desapareceu ou foi reduzido à sua mínima expressão. Não somente em Portugal, como na França, e noutros países. Foram as greves? Ou foi a mundialização? Os produtos chineses e asiáticos duma maneira geral, não terão sido os coveiros das indústrias europeias?

Quem assassinou a industria automóvel nos EUA? Que criou a miséria na "rust belt" e a eleiçao de Trump?Foram as greves? Foram os sindicatos?

Ou foi a globalização que permitiu de desmontar as fábricas para as levar para a China?

Na, China, Índia, etc., –, todos os dias, são ali criadas novas empresas para se alcançar o tão desejado desenvolvimento. Na China, serão 10 por dia. Muitas delas, se não todas, fazem directa ou indirectamente concorrência às suas congéneres europeias e norte-americanas.

Resultado:
1 – falência das empresas europeias e norte-americanas cujos produtos serão preteridos aos produtos vindos daqueles países com a mesma qualidade – eles também são inteligentes! – e a muito mais baixo custo, com efeitos devastadores a nível social;

2 – excesso de produtos no mercado, já não havendo consumidores para escoamento desses produtos por muito que a inovação se esforce por criar e oferecer produtos novos ao sempre insatisfeito consumidor com poder de compra, não se prevendo que os que não têm actualmente esse poder – mais de metade a população mundial: uns escandalosos 3750 milhões! algum dia o venham a ter

Anónimo disse...

Um post diletante, mas daquele género que merece sempre muitos aplausos. Fica em excelente companhia.... Eu sou professor. Não faz a mínima ideia das queixas dos professores, ou do que está em causa, pois não? Nunca se deu ao trabalho de trocar dois dedos de conversa com os sindicalistas que despreza, pois não?

Anónimo disse...

manuel do edmundo deixou de vir com foto. o que vale é que a vimos antes e apercebemo-nos que se deverá à progressiva falta de memória q se instala o não se lembrar de greves até gerais no tempo da PàF.

Anónimo disse...

Recorde-nos lá o embaixador dos postados que fez acerca da greve dos médicos desta semana e já agora a propósito da dos enfermeiros bem dinamizada na comunicação social e pela bastonária conselheira nacional do PSD. Não me recordo do que disse aquando dessas.

Reaça disse...

Ao Joaquim de Freitas, quando disse que foram os jurássicos sindicalistas que lixaram a indústria italiana e francesa, foi noutros tempos de Berlinguer e Marchais, ainda a china era do Mao. Enquanto isso a Alemanha e Inglaterra que não tinham esses cancros jurássicos, iam de vento em popa.
Agora connosco temos que "democraticamente" assistir à estupidez da selvajaria sindical, que a itália e frança sofriam naquele tempo.
Só que como já não há a pequena e média metalico-mecânica, a pequena siderurgia,os pequenos lanifícios, os médios empreiteiros (os álvarás foram vendidos a brasileiros, espanhóis e a quem os quisesse)...não há nada para paralisar, os jurássicos param comboios e função pública, gratuitamente, selvaticamente.

Isto há 40 anos, esxcepto estes dois anos de geringonça, até às autárquicas.

Joaquim de Freitas disse...

Ao Reaça : Compreendo melhor a sua diatribe contra os sindicatos e os grevistas. Eram outros tempos. As greves eram o sistema de dialogo entre patrões e trabalhadores. Negociava-se depois, mas nunca antes.
Tive o privilégio de assistir à evolução das lutas sindicais nos principais países industriais, mas particularmente em França. Deixo-o para o fim.

Assisti à decadência da industria britânica, da industria automóvel sobretudo, e constatei que quando as grandes empresas como British Leyland, Austin, especializados nas grandes séries, com Vauxhall e Opel, mas do grupo GMotors, desapareceram, varridas pelas marcas estrangeiras, não foram as greves que os eliminaram mas antes a politica de investimento deficiente, na qualidade e na produtividade .

Hoje, mesmo as grandes marcas de topo de gama; como Rolls-Royce, Jaguar,; Land Rover e Bentley, foram parar , respectivamente, no saco de BMW, o Indiano Tata, o Chinês SAIC e Nanging e Volkswagen. E outras como Talbot no bolso de Peugeot e Reanault-Nissan.

A industria britânica foi vitima da pobreza em management , que não investiu a tempo para ser competitiva.

As minas, foram claramente sacrificadas por Margareth Thatcher, no altar da finança da City, após, aqui, sim, greves intermináveis e violentas. Mas que fazer quando um governo aposta nos serviços financeiros, supostos trazer maior riqueza que a produção industrial e abandona a industria? Hoje, o RU paga esta fraqueza industrial.

Dirigi uma empresa de 300 colaboradores, numa indústria de ponta, em França. Já lá estava em Maio de 1968, ano em que foi posta em causa uma sociedade bloqueada, como era a sociedade francesas.

Vivi greves da empresa e nacionais. As específicas à empresa, são fáceis de negociar. Conhecemos a matéria, concreta, do que é reivindicado. As nacionais, ditadas de algures, no quadro da política entre o governo e o corpo social, não vale a pena perder tempo a discuti-la. O caminho é diferente.

Os sindicatos fazem parte da Constituição. Quando entrava na sala de reunião para o Comité Central d’Entreprise mensal, sabia bem que aqueles que estavam sentados à volta da mesa, representando quatro sindicatos, tinham sido democraticamente eleitos pelo pessoal. A partir daqui, eles desempenhavam o seu papel legal, e eu o meu. Sabendo bem que as três entidades duma empresa que não devem ser descurados são os mesmos para as duas partes: o cliente, o accionista e o trabalhador. Mais nada.

Como sem clientes, a empresa não existe, que sem um accionista satisfeito do seu investimento, a empresa também não existe, e que a empresa também não existe sem trabalhadores, quanto maior for a motivação destes no trabalho, com uma boa organização e enquadramento, a produtividade está ao “rendez-vous” !

A chave de tudo isto é o diálogo. Não se pode impor o que quer que seja sem diálogo e sem o respeito inerente devido às partes em presença.

Os patrões devem estar ao nível dos trabalhadores. E estes devem ser devidamente informados de tudo o que concerne a empresa. Esta é também o seu futuro.
O problema dos tempos modernos nas empresas, é que, cada vez mais, as grandes decisões são tomadas pelo capital, para quem, o trabalho é um valor descartável na medida em que se pode deslocalizar a empresa para o fim do mundo. Onde o valor trabalho é mais competitivo.

E o drama é que os governos são os subalternos ao serviço do capital. As leis vigentes são as suas.

Joaquim de Freitas disse...

Esqueci de mencionar que na Alemanha, (onde dirigi uma filial durante dois anos), o diálogo social é imperativo, porque é neste quadro que discutimos os salários e as condições de trabalho, sem ingerência do Estado.

Claro que os sindicatos são muito mais representativos que em França (não sei em Portugal), da ordem dos 40%.

Trata-se de democracia social directa, imposta pela Lei Fundamental (Constituição Alemã)

E mesmo se o governo se permite, por vezes, de dar certas directivas, elas não têm outro valor.

Direi também que se a grande cidade automóvel de Detroit morreu, foi porque o Capital decidiu de transferir as fábricas para a China. A procura desvairada dos salários mais baixos da multidão chinesa. Foram muitos destes desempregados que levaram o louco capitalista para a Casa Branca.

Um texto sobre a Rússia, já com 20 anos

Publiquei este texto, em agosto de 2004, há mais de 20 anos, em "O Mundo em Português", uma publicação do saudoso IEEI (Instituto ...