A Constituição criou um órgão de consulta para o Presidente da República: o Conselho de Estado. Sem prejuízo do chefe do Estado poder sempre ouvir quem muito bem entende, percebe-se mal que, numa conjuntura política delicada, não recorra a quem, institucionalmente, pode e deve aconselhá-lo. É que por lá estão os antigos presidentes, que Cavaco Silva costuma regularmente citar para confortar as suas decisões, além de diversas figuras indicadas por si próprio para servirem como seus conselheiros, enfim, vozes marcadas por alguma relevância nacional e pluralidade opinativa. Por que diabo Cavaco Silva não convoca o Conselho de Estado? Não quero crer que tal se deva ao facto de, nas últimas reuniões daquele órgão, o presidente ter tido alguma dificuldade de decantar um consenso à medida daquilo que pretendia. Mas a democracia é também a tolerância de viver com aquilo que decorre das ideias dos outros e não apenas das opiniões "à la carte".
1 comentário:
Talvez a marginalização do Conselho de Estado tenha a ver com as razões que aponta, ou talvez a nostalgia de um tempo em que se sentia politicamente integrado, o levem a ressuscitar um sucedâneo da Câmara Corporativa.
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