terça-feira, novembro 03, 2015

Um comentário ainda a tempo

Durante o último ano, ouvimos repetidamente o poder de turno repetir, de forma insistente, que temos (presumo que era um plural majestático) de "agradecer" aos portugueses pelo extraordinário esforço que fizeram ao longo dos últimos anos.

Sempre me irritou esse conceito, que parece reproduzir, mas de uma forma "patronizing", o gesto de reconhecimento que, regularmente, os empresários fazem junto dos seus colaboradores mais aplicados e produtivos. 

Ora os cidadãos não são "empregados" dos governantes. Estes não têm nada que lhes "agradecer"! O que coligação tem de fazer, e ainda não fez, é pedir desculpa aos portugueses pela dose cruel de austeridade que lhes impôs, muito para além daquilo que o "memorandum of understanding" obrigava, apenas para satisfazer a sua agenda ideológica radical. Deviam lamentar que, não obstante os cortes nos salários, nas pensões, o caos e desinvestimento em muitos serviços público, os números record de emigração económica provocada e todo o restante calvário de medidas impostas, a dívida, que devia ter regredido, afinal subiu brutalmente e a destruição de emprego atingiu números impressionantes. Ficar-lhes-ia muito bem fazer um "mea culpa" no momento em que se preparam para deixar o poder. Mas, conhecendo-os, não tenho a menor esperança. Ou, como se dizia antigamente lá por minha casa, "não estamos com gente disso".

8 comentários:

Unknown disse...

Cavaco, Passos Coelho e Portas a pedirem desculpa? Seria simpático mas o mal está feito. Não tenhamos ilusões.

JPGarcia

Anónimo disse...

E os anteriores ocupantes de São Bento, já pediram desculpa pelo buraco em que meteram o país? Pelas despesas escusadas que fizeram, pelos negócios corruptos que patrocinaram, pelas armadilhas que deixaram ao Estado em tantos contratos, pelos elefantes brancos para os quais tanto gastaram em estudos? Como diria o outro, "jamais"!

egr disse...

Senhor Embaixador: "os agradecimentos aos portugueses" são os persistentes restos do discurso salazarento que se podem encontrar nos nossos governantes.

Anónimo disse...

Senhor Embaixador,
O Governo da coligação foi de uma crueldade terrível que impuseram aos portugueses, principalmente, aos mais humildes onde, nestes, estou incluído).
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Depois de servir Portugal por mais de três décadas no estrangeiro, a minha parca reforma também foi crestada que pouco mais recebo de 500 euros mensalmente.
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O oportunista e incompetente Paulo Portas, nas suas "bocas", cinicamente, menciona o sacrifício dos portugueses.
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Durante 4 anos os portugueses foram governados por dois "canalhas" que se colocaram ao lado do capitalismo e ignoraram a miséria por que muitos portugueses passaram e estão a passar.
Saudações de Banguecoque

João Forjaz Vieira disse...

Quando os amigos do embaixador o chamam de "direitolas" é certo que dias depois aparece a cassete em comentário. Subscrevo Catinga.
João Vieira

septuagenário disse...

Uma no cravo, outra na ferradura, ou duas no cravo e uma na ferradura, e vice-versa.

aamgvieira disse...

A propósito:

"Refugiados terão médico de família numa semana

Segundo o diretor-geral da Saúde, as 4.500 pessoas acolhidas em Portugal estarão ainda isentas do pagamento de taxas moderadoras"

Francisco disse...

O estado português necessita de 50 mil milhões de euros de financiamento por ano para operar. Aonde é que vai conseguir esse financiamento?

Igualmente, se o governo da coligação PSD / CDS tivesse ido "além do memorando da troika" Portugal estaria neste momento sem qualquer dívida pública não é verdade?

Imputar a política de austeridade ao governo a título de opção condicional e um acto simplesmente desonesto.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...