sábado, novembro 14, 2015

Paris

1. A França merece toda a nossa solidariedade. A França paga, nestes ataques, o facto de ser o país europeu mais determinado na luta contra o Estado islâmico e organizações similares a ele ligadas. O terrorismo nunca é totalmente evitável, mas os atentados de ontem revelam falhas flagrantes no sistema de "alerta precoce" de um país que sabia ser o principal alvo europeu dos terroristas islâmicos.

2. Estes ataques, pelo seu caráter coordenado e eficaz, demonstram uma sofisticação fora do vulgar. Significam que, no seio da União europeia, o Estado islâmico dispõe hoje de uma rede de notável capacidade, seguramente baseada em cidadãos nascidos no território europeu  mas cuja "pátria" afetiva está algures. Lutar contra inimigo "da porta ao lado" será sempre uma tarefa muito complexa, se se pretende preservar a sociedade de uma onda de islamofobia e de ódio étnico-religioso. 

3. O acordo de Schengen, que representou uma conquista da maior importância para a Europa, na criação de um grande espaço de liberdade de circulação, pode estar ferido de morte. Já antes destes atentados se ouviam as vozes contra Schengen. Agora, os adeptos das fronteiras vão emergir como cogumelos, muito embora, se se provar que, neste caso, a maioria dos terroristas são franceses, as fronteiras valham de pouco. 

4. Não é despiciendo o efeito que estes atentados venham a ter na vida política francesa, com as forças extremistas a beneficiarem de uma onde de medo, que afeta a racionalidade e abre caminho à desconfiança e aos ódios fáceis. Quero crer que a França, onde o culto das liberdades é muito forte, saberá resistir às pulsões "maccartistas" e saberá preservá-las no essencial, na vaga securitária que vai seguir-se. O objetivo dos terroristas é perturbar o nosso sistema de vida, torná-lo tributário dos medos que nos infundem. Quando nossa liberdade vier a ser posta entre parêntesis por virtude de ataques como estes, os terroristas terão ganho uma importante batalha.

28 comentários:

Erk disse...

Totalmente de acordo.

Como cidadão, como português, com a percepção do mundo que aqui me chega, esta noite enviei várias mensagens a twitteiros islâmicos ou árabes, que pediam que não se confundisse a fé, com estes actos terroristas.

Da minha parte, garanti-lhes que não, porque a mim, o medo não me dita a vida ou as decisões. Esta noite, disse-lhes, são meus irmãos.

Anónimo disse...

Gentinha odiosa, nojenta, desprezível... Gentinha... Gente, sequer?!

E lá virão os habituais apelos à calma e à tolerância, tentando esconder o facto de os povos de acolhimento - os que aceitam estes canalhas (ou o fizeram aos seus pais) -, foram, são e continuarão sendo as vítimas e não o contrário. A diabolização daqueles que alertam contra aquilo que é óbvio - quanto menos homogéneas as sociedades, maior é a possibilidade de conflitos -, etiquetando-os de radicais (mas que não matam, não ferem e apenas lutam com palavras), e avisando sempre contra fantasmas que já foram exorcizados mil vezes como forma de paralisar as sociedades pela via da vergonha e da autocensura e sempre em prol de gente que nunca poderá ser credora de valores que ela mesma renega.

Cada vez que este lixo humano dispara ou rebenta cometem-se pelo menos três crimes:
1) o de assassínio, desde logo;
2) o de atentado à liberdade de expressão dos que não querem ser "tolerantes" e se veem mandados calar ainda antes de abrirem a boca;
3) o de atentado à inteligência, praticado pelos imbecis fanáticos que imediatamente afiam a pena para nos explicarem que tudo isto será culpa nossa e - obviamente -, dos EUA e das suas políticas;

Mas o maior dos crimes não é aquele que é praticado em poucos minutos e sim o que tem vindo a ser praticado desde há dezenas de anos com a introdução da diferença onde ela não existia e com a oficialização da ideia de que todos são iguais. Mas não são: os migrantes europeus não são iguais aos outros. São melhores! E é por isso que as migrações internas na Europa funcionam. E é a pensar nelas que a livre circulação de pessoas foi pensada. E é para as facilitar que acabaram as fronteiras. Os bons princípios práticos (!) da UE foram idealizados para servir a Europa como nós a queremos - europeia!

Paradoxalmente, a França não está a ser vítima da sua participação contra o terror islamita. Isso é a primeira camada da cebola. Se a descascarmos, veremos - como tudo indica -, que a França está a ser vítima exatamente do contrário, ou seja da extrema permissividade das suas políticas de imigração no que toca a povos não-europeus e da sua habitual (e muito interesseira... - o Estado francês não é flor que se cheire) política de "amizade" com os países muçulmanos. Como alguém já disse (provavelmente algum radical nazi, antissemita, xenófobo, mafioso, adepto do FCP e com um mau penteado), a França foi um cavalo de Troia para o islamismo (o RU, também), e, agora, paga por isso. No caso da Alemanha, como a especialidade dela é os turcos, a coisa corre melhor.

Parece que a nossa velha Mouraria ganha nova vida. Alguns prédios vão ser demolidos para que haja uma mesquita no coração da cidade velha - com minarete, pois claro!; nas ruas já brincam meninas que apenas têm um bocadinho da cara à mostra (visto por mim!); e já há casas de pasto que não vendem uma cerveja, sequer (tive de ir a outro lado, obviamente).

Não aprendemos nada...

L M D disse...

Para uma maior eficácia no combate a este tipo de bárbaros assassinatos, desconfio que seja necessário abdicar-mos de certas privacidades que tínhamos com garantidas.
Talvez seja inevitável, mas espero que não nos torne irracionais em termos de uma eventual resposta, para que, quando apontarmos o dedo acusador, não o façamos injustamente, para com aqueles que são inocentes.

Majo disse...

~
~~~ Lamento muito as vítimas e estado dos familiares e amigos;

lastimo o estado de insegurança que passará a viver-se no berço

da liberdade cívica; mas também lamento muito a situação dos que

professam o islamismo, não só dos residentes em Paris, como de

todos os que vivem na Europa e dos imigrantes.

~~ Foi muito bem vindo este seu manifesto de solidariedade.
~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~

Flor disse...

Je suis Paris. :(

Abraham Chevrolet disse...

A França o país europeu que mais combate o terrorismo islâmico? Que isto seja um lapsus calami, de outro modo jamais o lerei...

Unknown disse...

Catinga tem razão no seu comentário. Quanto à tal mesquita (com minarete) nunca devia ter sido autorizada. Demagogia bacoca! Em Angola, não é permitida a construção de qualquer mesquita. Há tolerância quase zero para com o islão. E com razão. Por mim, prefiro ter menos liberdade, mas mais segurança. Primeiro está a minha e a dos meus segurança e só depois a tal liberdade. Estou disposto a abdicar de um pouco dessa liberdade e trocar isso por mais segurança. A nossa democracia ocidental não pode pactuar com este tipo de terrorismo. E, se calhar, o melhor é ir ao local onde germina e simplesmente exterminá-lo. Atacar, de forma coordenada, o "Estado Islãmico" onde ele cresce e se desenvolve. Matá-los, um a um. E depois, por muito que custe ouvir isto, passar a controlar, apertadamente, todos os grupos populacionais de origem muçulmana, que vivem nos nossos países. E não lhes dar mais facilidades, quer nos seus hábitos de vida, religiosos, etc. Olho por olho, dente por dente. Um dia, se não formos enérgicos e mortíferos no combate a este tipo de terrorismo, pereceremos perante ele.
David Lencastre

Isabel Seixas disse...

Nem consigo dizer nada.
Quem me dera poder ajudar.

Joaquim de Freitas disse...

Senhor Embaixador: "os atentados de ontem revelam falhas flagrantes no sistema de "alerta precoce": tem razão, mas quando existem 5 milhões de muçulmanos e 4 000 "presumíveis" "contaminados" recenseados pela polícia, parece-me difícil "prevenir" tudo e todos. Para estes últimos 4.000 há já quem preconize (um candidato às primárias dos Republicanos) a criação dum campo de internamento, como fizeram os americanos aos japoneses após Pearl Harbour.

A invasão pacífica da Europa pelo Islão começou no pós guerra e após a descolonização. Eram "cidadãos franceses" que, após terem combatido heroicamente nas batalhas de Monte Cassino, Toulon e Estrasburgo, os Spahis e Atiradores Argelinos, e outros Harkis, vinham do Magreb trabalhar em França e mesmo na Europa.

Hoje, os seus filhos são o Cavalo de Tróia do Islão extremista em França. E a Alemanha o seu : os Turcos.

Na realidade, estamos algemados pelos Direitos do Homem. Quando estes "cidadãos", assobiam a "Marselhesa" nos desafios de futebol, e outras faltas de respeito visíveis por toda a parte, duma minoria, sabem muito bem que se o fizessem na Argélia ou na Arábia Saudita, iam, no mínimo, para a cadeia ou se roubassem um automóvel, tinham a mão cortada.

Muitos muçulmanos conhecem a profecia de Kadhafi que dizia que a Turquia seria o Cavalo de Tróia do Islão na Europa. A França já cá tem o seu.

E é por esta razão que me admirou a viragem ou a acentuação da política estrangeira da França, por Hollande, que foi meter-se na guerra do Iraque, que Chirac tinha evitado, e tomar uma direcção errada na Siria, aliando-se a facções islamistas pouco fiáveis, e que tinham uma única qualidade: serem oponentes a Hassad. Mas pode-se realmente evitar Hassad na Síria?

Ajuntando-se à acção militar na África subsaariana, onde os interesses franceses são consideráveis, a França está no caminho duma guerra interminável que só pode preocupar a sua população.

Só faltava agora, que na próxima semana, em Versalhes, ele peça os plenos poderes para lançar uma guerra ao solo na Síria e encontrar-se frente aos Sírios e Russos. Os Americanos podem dar-lhe alguns conselhos : eles sabem como entrar nas guerras, de onde nunca mais saiem ou muito mal, como no Vietname.

Unknown disse...

Minha Mulher e eu estamos em Amsterdam e já fomos ao Consulado-Geral de França prestar a nossa homenagem e deixar a nossa solidariedade. É horrível, sobretudo para francófilos e francófonos como nós, e que damos à tolerância, à liberdade e à democracia o seu justo valor. Mas as democracias têm também culpa, de várias maneiras, e em várias fases desde há várias décadas.

Francisco Seixas da Costa disse...

Manuel Pereira Barros Meira vai então deixar de ler-me

Francisco Seixas da Costa disse...

... e Catinga vai deixar de ter acolhimento por aqui, se a sua islamofobia, um subproduto irientado do racismo, continuar a poluir os seus comentários. Este é um espaço de tolerância e não acolherá juízos extremistas que ponham em causa o direito à diferença. Ponto

Manuel do Edmundo-Filho disse...

Não percebo, sinceramente não percebo, que diante de um acto terrorismo desta envergadura, mesmo antes de se dar corpo à indignação, senão mesmo à revolta, que este acto ignóbil exige, a primeira preocupação seja quase sempre a de manifestar receio pela eventual suspensão do acordo de Schengen, que aliás o próprio acordo prevê em situações idênticas a esta e que seria sempre um mal menor face ao mal maior que é o terrorismo islamita, e pelo medo de se gerarem certas pulsões islamofóbicas. Receios que se têm mostrado injustificados, como a "reacção" ao ataque terrorista ao Hebdo mostrou, mas, receios e medos, com que os terroristas jogam e exploram com mestria e vão, assim, avançando, avançando, avançando.

É preciso assumir definitivamente que estamos numa guerra -- que nos foi abertamente declarada -- contra a civilização das luzes e da liberdade que é a nossa, a Ocidental (que também teve as suas trevas, é bom lembrar e reconhecer). Mas é preciso assumi-la (a civilização e a guerra) sem medos e sem vergonha (Glucksmann). E uma guerra não se ganha apenas com sistemas e preocupações de índole securitária, a dada altura é preciso passar à ofensiva. É este o momento. Não se pode esperar paulatinamente pelo próximo atentado. Mais, nesta guerra tem que se exigir ao Islão moderado, se o é, mostre de que lado é que está. É muito estranho que face aos sucessivos e monstruosos atentados se tenha mantido quase em silêncio. É estranho, muito estranho, que face a tudo isto não venham em massa para a rua gritar bem alto e de uma forma autêntica, que estes terroristas estão a atentar contra oo seu Islão e a humanidade. Mas se alguém ofender o profeta, por palavras ou caricaturas, já sabem vir para rua em massa, queimar bandeiras e mostrar a sua raiva e o seu ódio infinito. É estranho. Muito estranho.

Estou revoltado. Muito revoltado. Com tudo isto e com a passividade de um certa intelectualidade europeia, quer de esquerda, quer de direita, que, perante os ataques criminosos à sua (e à nossa) liberdade por parte do terrorismo islâmico se agacham refugiando-se no silêncio ou, se falam é para se manifestarem receosos de um eventual islamofobismo, mas que ao mais pequeno gesto ou tique da Igreja Católica menos consentâneo com a LIBERDADE saltam como heróicos e fogosos combatentes da liberdade supostamente em causa. Estou revoltado. Muito. Mas sereno.

António Azevedo disse...

A velha "teoria" da esquerda "florida" do "proibido proibir", se já estava completamente arrasada no mundo com os bárbaros atentados, terminou também neste blog com a proibição dos desbocamentos de catinga. Outros autoflagelam-se deixando de ler com quem não concordam.
Como está mudado o mundo! Salazar resumiu a censura como um mal necessário! Contradições?
Vamos ver o que essa esquerda vai fazer no governo já agora neste aspeto!
antónio pa

aguerreiro disse...

Cá por mim acho que temos obrigação de atender bem todo o forasteiro, nomeadamente o maometano refugiado. Recebamo-los pois com um típico arraial (palavra de etimologia árabe) á portuguesa, com rojoadas, chouriço, paio e presuntos devidamente regado com brancos e tintos verdes e maduros, as grávidas e criancinhas bebem água-pé. Ao mulherio permite-se um lenço na cabeça, mas obrigada a focinho destapado, proibidas as abaias, que vistam uma saia pelos joelhos e claro só assim socializamos e integramos devidamente esta gente. Que não quiser dá a volta ao burro e que roam caroços de tâmara e bebam leite de camela nos penates

diogo disse...

também se queimaram as bruxas na inquisição em nome de um deus , o mesmo que o deles com outro nome e uma forma de adoração diferente , mas com a mesma doença ( fanatismo) .
o problema aqui é só o fanatismo , a religião é comum

carlosroma disse...

PROBLEMA-REACÇÃO-SOLUÇÃO.
Juro que não é uma charada (seria um insulto odioso, face ao horrível momento presente!). É algo que a trágica História humana vem confirmando ao longo de séculos.
Depois acrescentar isto, assinado pela insuspeita SOFREP.com (USA):
"SOFREP is reporting that the attacks were known about in advance, as French national police were meeting with “the German BKA federal police and BND federal intelligence service to discuss an imminent pre-planned terrorist attack in Paris” two weeks ago." [http://sofrep.com/44480/french-and-german-police-knew-paris-attack-was-coming-a-month-prior/#ixzz3rQM86ve0].
Dir-se-á: "isto nada diz!". Diz, e muito.
Ainda, PROBLEMA-REACÇÃO-SOLUÇÃO. Pobre "mexilhão" (desta vez, cento e tal mortos, centenas de feridos), no mar sinistro do Poder! E a solução? Presidentes, ministros, generais, banqueiros, embaixadores, "secretas", agentes duplos, infiltrados, direitas, esquerdas, centros, fascistas, comunistas, ah! e lobbistas, para ajudar à festa. O diabo ao vivo!
O CAOS COMO ORDEM, apregoam alguns (dos nossos!), por aí. E vão-no pondo em prática com múltiplos desenhos de MORTE e de MEDO. A guerra como um negócio. Os "media" como escola do "saber" do povo. A mentira como verdade. Sinistro! Diabólico!
Enfim, é o mundo que temos (com soluções que engendram novos problemas e consequentes reacções... das massas, que pecam quase sempre por demasiado emocionais, e que "inspiram" aos poderosos inadequadas soluções, que levam a novos problemas...)! Não se sai disto!
Homem novo! Homem novo, que este não presta! Porque o mundo vai roto; chove nele como na rua. Ou andará a solução antes do problema??? Para pensar!

Anónimo disse...

Tem piada. Os comentários que se seguiram ao meu e que se apoiam no que escrevi ou vão muito mais longe não tiveram direito a "raspanete" seu. O meu, vá-se lá saber porquê, sim. Até o politicamente fanático Freitas repetiu o que eu escrevi... Não precisa de decretar o fim do meu acolhimento por aqui. Sou eu mesmo que me vou embora. O seu comentário ao que escrevi é ridículo e eu tenho pouquíssima tolerância para quem não não anda a direito.

Joaquim de Freitas disse...

Creio ter compreendido que o Senhor David Lencastre vive em Angola, onde existem 190 000 muçulmanos, ou seja 1% da população total. O Senhor Lencastre ignora que, em França , vivem à volta de 5 milhões , que constituem 8% da população e que estes são quase todos cidadãos franceses , nacionalidade adquirida pelo direito do solo para a maior parte. A política aplicada em Angola não me parece viável nos nossos países europeus, França e Alemanha ( 4 milhões e 5% da população) particularmente.

Quando leio a solução que preconiza para controlar o mundo muçulmano - "Atacar, de forma coordenada, o "Estado Islâmico" onde ele cresce e se desenvolve. Matá-los, um a um" - , o da eliminação pura e simples com uma bala na cabeça, creio ler a solução de Goebbels para os Judeus !

Eu penso antes que se o Ocidente quer realmente resolver o problema , não é pela guerra que encontrará a solução. Basta secar a fonte de financiamento que lhes permitem adquirir o armamento e seduzir com as larguezas do dinheiro a jorros, fácil, que distribuem aos futuros combatentes, para reduzir e finalmente eliminar este poder crescente dos islamistas na região onde prosperam e atraem os nossos jovens. E estas fontes de financiamento são conhecidas.

Menos de hipocrisia nas relações internacionais, e objectivos claros com os mesmos inimigos bem definidos para o mundo ocidental, incluindo a Rússia, para erradicar o islamismo violento , é a solução.

O problema é, portanto, muito mais complexo, na medida em que a grande maioria dos muçulmanos estão integrados nos nossos países e vivem segundo as suas tradições e na sua religião. O problema põe-se numa pequena minoria, jovem, para a qual o mundo actual não foi capaz de encontrar uma solução que evite o sentimento de segregação , que constatam sobretudo quando procuram um emprego.

O Ocidente elegeu desde sempre o Islão ( aprendi-o na nossa História) e não o Budismo, o Confucionismo ou a Ortodoxia, como o inimigo potencial.

Se a guerra foi sempre a solução para a expansão da Europa, e se encontramos sempre o Islão à nossa frente, nas nossas expedições guerreiras até à Ásia, não creio que hoje a guerra seja possível contra esses 1 800 milhões de indivíduos, pela razão simples que já temos uma vanguarda desse povo dentro das nossas portas, fruto precisamente dessa expansão guerreira que deu impérios aos países europeus. Pagamos agora a nota.

Nesses tempos , e sejamos honestos, não combatemos para nos defender, nem para defender os princípios universais dos direitos do homem e da dignidade humana, os chamados valores ocidentais!

Fátima Diogo disse...

Caramba, embaixador, vim hoje aqui e até fico triste ao ler este seu blogue: onde está a vivacidade, a inteligência e a variedade de respostas ip que o senhor provocava no facebook? E a necessidade de eliminação de respostas mantém-se...
Quanto ao conteúdo, de acordo. Apenas acrescento que a França também é um dos mais activos vendedores europeus de armas, que vende a todo o mundo, incluindo os terroristas protegidos pelo ocidente ; quanto aos mais activos países na luta ao terrorismo do Estado Islâmico, destaca-se a Rússia, que já pagou caro por isso, com a morte de 200 e tal civis russos em regresso de férias num avião destruído por esse movimento terrorista - e nunca ouvi por cá dizer que "merece toda a nossa solidariedade", nem vi os políticos vestirem apressadamente os fatos pretos e irem às TVs dizer que " todos somos russos", a propósito dessas desgraçadas famílias russas...o que me leva a interrogar-me sobre a indignação moral selectiva ocidental, que parece ser diretamente proporcional à " indignação" do espetáculo televisivo imparável das TVs ocidentais...

aamgvieira disse...

"A Noruega proibiu a Arábia Saudita de financiar mesquitas, enquanto não permitirem a construção de igrejas no seu país. O governo da Noruega acabou de dar um passo importante na hora de defender a liberdade da Europa, frente ao totalitarismo ISLÂMICO."



Unknown disse...

Joaquim de Freitas,
Não, não vivo em Angola, mas vou lá, de quando em quando, por razões profissionais. Tenho a minha vida por cá. Mas viajo também por essa Europa, Ásia e EUA, fora. Terá a sua opinião. Eu terei a minha. Não pactuo com a rasquice islâmica, que tanto inocente já matou, ou, melhor, assassinou. Como defendi, terão de ser exterminados, refiro-e a esses radicais, um a um, no terreno, sem apelo nem agravo. Mortos. E temos o direito de os passar a vigiar e controlar nos nossos países, de acolhimento. Para nossa defesa. "aamgvieira" tem igualmente razão, no seu comentário.
David Lencastre

Joaquim de Freitas disse...

Ao comentador "aamgvieira" : Evocar o exemplo da Noruega, como o Senhor "amgvieira" faz, é esquecer que a história dos países sendo diferente, a política estrangeira não pode ser a mesma. Se a Noruega tivesse 4 ou 5 milhões de muçulmanos no seu território, não agiria assim.

Joaquim de Freitas disse...

Os rebeldes fazem muito bem o seu trabalho no terreno! Foi assim que se exprimiu o Ministro dos Negócios Estrangeiros francês, Laurent Fabius,( Le Monde du 13/12/2012)
referindo-se ao grupo islamista al-Nosra, afiliado a al-Qaïda, financiado e armado pelo Ocidente, que "perde" as armas de vez em quando, armas que se encontram depois nas mãos dos combatentes de Daesch! que combate o governo legal Sírio, de Hassad... do qual o Ocidente não gosta nada...porque é aliado dos Russos.


Há dois tipos de terrorismo: o nosso e o seu ou o bom e o mau. No Afeganistão, os Talibã eram "bons" terroristas antes de virarem "maus"!
Há dois tipos de guerra: as longínquas e as vizinhas.
Há dois tipos de mortos: os visíveis e os outros.
Há dois tipos de ingerências: as "normais" porque somos nós" e as " onde é que vos ides?"
Há dois tipos de vítimas: as inocentes e as infelizes.
Há dois tipos de horrores: os que são cobertos por um fluxo mediático ininterrompido e os que são objecto dum comunicado de imprensa lacónico (ou nem isso).
Há dois tipos de assassinatos: os próprios , "limpos" graças à alta tecnologia cirùrgica e os selvagens.

E há dois tipos de culpados: os que passam na televisão e aqueles que "devem ser severamente punidos".

Unknown disse...

Joaquim de Freitas,
Gosto de ler as suas opiniões, permita-me desde já que o sublinhe.
Deixo-lhe, já que aqui nos expôs algumas, interessantes, considerações este texto, que não é meu:
"(...) O Estado Islâmico foi o grupo terrorista que mais foi apreciado pelo Ocidente, ajudou Israel a livrar-se do seu grande inimigo (a Síria) e, muito provavelmente, a anexar definitivamente os Montes Golan, daí que sejam muitos os que apontem o dedo à Mossad. Ajudou a Turquia a matar curdos e xiitas. (...)Os inimigos do Irão, da Rússia ou da Síria, do Hezbollah ou dos palestinianos são amigos do Ocidente, de Israel, da Turquia e da Arábia Saudita. Desde que as coisas não passem para a comunicação social podem matar indiscriminadamente, podem matar livremente os alauitas e curdos na Síria, podem fazer desaparecer os Houttis do Iémen, podem eliminar xiitas na Síria, Iraque, Líbano, Israel.
Recordo-me de ver os mesmos chechenos que hoje são os mais extremistas entre os extremistas do Estado Islâmicos serem recebidos na Europa Ocidental como democratas e libertadores vítimas da tirania russa, os fascistas ucranianos que querem fazer desaparecer culturalmente quase metade da população ucraniana e que tiveram um passado de apoio ao Nazismo serem agora aclamados como grandes democratas
Só que os terroristas são mesmo terroristas e não hesitam fazer como a aranha Viúva Negra, não resiste à tentação de se alimentar do seu próprio parceiro. Os franceses não foram apenas vítimas dos terroristas, foram-no também de governos feitos de gente suja, para quem tudo vale. Isto é a versão em política internacional do mesmo a que estamos a assistir na economia e em todos os domínios da sociedade. Estas são as consequências da transformação da velhacaria em ideologia do Ocidente. (...)
David Lencastre

Joaquim de Freitas disse...

Caro Senhor David Lencastre : Posso subscrever quase todo este texto. O problema que se põe no nosso mundo é o facto que os interesses estratégicos que são quase sempre económicos, inerentes ao sistema económico que gera o mundo, onde o dinheiro é o valor central, impõe-se em permanência na política dos países, a começar pelos mais influentes, que são os mais poderosos, claro está. A defesa dos interesses "fundamentais", dizem eles, passa antes da ética, da moral e da simples humanidade.

Neste aspecto, o Ocidente não é um exemplo maravilhoso. Gargarejámo-nos com a democracia, mas não eliminamos a fome e as injustiças mais evidentes no mundo, ao mesmo tempo que a corrupção generalizada corrói a sociedade ocidental, apesar dos seus valores tão apregoados. Duma certa maneira, criamos os nossos próprios terroristas . O bando de Bader e as Brigadas Vermelhas eram amadores comparados com os islamistas de al Qaïda , Daesh e afins.

Temos muito a fazer para erradicar o flagelo. Mas é preciso eliminar o húmus que alimenta esta podridão propícia às ervas daninhas. Mas quem o deseja realmente entre os que detêm o poder real?

A incoerência da política destes mesmos Estados no problema do Médio Oriente, e para lá, aparece à tona da água todos os dias. E se agora, o G20 da Turquia (é preciso muita coragem para se reunir num Estado como a Turquia, que é precisamente o mais incoerente aliado do Ocidente , opressor dum povo, o Curdo, fornecedor de logística e cliente do petróleo de Daesch!), parece querer tomar certas medidas sobre o financiamento do terrorismo, veremos o efeito real, proximamente, a não ser que seja como muitas resoluções da ONU, jamais aplicadas e respeitadas.

O que é preciso compreender é que Daesh não é mais que a forma conjuntural dum problema que existe desde há muito e que continuará a existir quando Daesh desaparecer. Conseguiremos destruir Daesh como os EUA conseguiram destruir al Qaïda!

O Islão produz o fascismo sob diversas formas. Como a Cristandade não impediu a criação do fascismo em países culturalmente avançados, que todos conhecemos , nos quais se perpetraram os maiores crimes de que há memória na humanidade.

O standard radicalizado e obscurantista que Daesh quer impor não é muito diferente daquele que nos quiseram impor no Ocidente há 75 anos

aamgvieira disse...

Sr Freitas:

"Muita parra pouca uva": Uma coisa é a solidariedade e outra .....outra é a ingenuidade !

Joaquim de Freitas disse...

Sr. Vieira : Não vejo onde está a ingenuidade nas minhas palavras. Quanto à solidariedade, é verdade que para mim uma sociedade que não é solidária está condenada ,um dia ou outro, à confrontação violenta.

Prefiro este sentimento de responsabilidade e de dependência recíproca no seio dum grupo de pessoas que são moralmente obrigadas umas em relação às outras. Um pouco como num grupo de combate , onde cada um é directamente confrontado ao problema dos outros, sem o quê, é o futuro do grupo que pode estar comprometido.

Sei que compreende o sentido da frase. Mas sei também que o egoísmo é mais natural para os humanos que a solidariedade.

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