terça-feira, novembro 10, 2015

O guindaste


Notei esse guindaste desde os primeiros tempos em que cheguei a Luanda, no ano de 1982. Muito alto, estava quase no topo da avenida que sai da Mutamba para o hospital Josina Machel, do lado direito. Eu olhava o guindaste sempre que por ali passava. Ao lado, havia um grande prédio por concluir, de que se viam as estruturas em cimento. Quase quatro anos depois, quando parti, o guindaste continuava ali, exatamente na mesma posição, com a obra no mesmo estado. Para mim, essa ficou, para sempre, como a imagem da Angola de então, parada no tempo, à espera de uma paz que só viria muitos anos depois.

Amanhã, 11 de novembro de 2015, passados 40 anos desde o dia em que Angola formalmente se tornou independente, lembrei-me desse guindaste, sei lá bem porquê.  

8 comentários:

septuagenário disse...

Imagem interessante sobre aquilo que se devia evitar ao máximo em África em geral naqueles anos e nos próximos, mas principalmente em Angola:

Construir aldeias (sanzalas, quimbos) na vertical.

Diziam os "vaidosos" do MPLA: "se fossemos independentes faziamos de Luanda uma Nova York!

E de facto tentaram imitar, grotescamente, mas tentaram.

Retornado

Bartolomeu disse...

Estou "seguro" que não se terá lembrado do guindaste, porque Angola ou, em Angola, algo tenha mudado (para os guindastes).
Ou para o governo, que ainda recentemente disse que Portugal pensava ainda estar na época colonialista...
Para rebater isto, só as marcas de luxo da Av. da Liberdade e do Vasco da Gama.
etc.

Anónimo disse...

Ora aí estava um bom sítio onde pendurar o cabeça oca do embaixador itinerante de Angola, como castigo pelos disparates que anda por aí a dizer.

aamgvieira disse...

Outros lembram-se do rosa coutinho que tanto bem fez aos portugueses que nasceram e/ou viviam Angola !

Portugal nunca esquecerá o humanismo, solidariedade demonstrada nesses momentos por esse digno almirante , quase ao nível dos grandes navegadores portugueses.

Francisco Seixas da Costa disse...

É minha impressão ou nestes anteriores comentários há muito saudosismo, muito "Africa adeus"?

septuagenário disse...

Para quem lá passou um tempo portuguesmente fabuloso em que tanto angolanos verdadeiramente portugueses (não como estes ministros e dirigentes angolanos cuja inúmera prole tem BI luso), como portugueses verdadeiramente angolanos, usufruíram de uma vida em paz e progresso e sã convivência, a saudade ninguém nos tira.

Foi maravilhoso!

Retornado (não refugiado)

guida burt disse...

Eu estava lá e que Dia!!! Inesquecível. Maravilhosamente inesquecível! Depois também saí e deixei por lá apenas os meus sonhos. Não voltei para ir buscá-los e foram morrendo, devagarinho. Ou melhor, foram mortos. Quiçá assassinados com requintes de malvadez. Não restou nenhum.

exilada (não refugiada e muito menos retornada)

40? Foi ontem à noitinha ...

António Azevedo disse...

É engraçado!
Por um acaso, num "zapping", assisti a um frente a frente com o embaixador angolano. Fiquei com uma impressão positiva pela sua argumentação, tendo ainda pela frente, para além do opositor angolano-luso, o "moderador".
Quem me pareceu um tanto oco foi o autor de "A Rainha Ginga"!
Perspectivas!... Mas nem me passa pela cabeça sequer pô-lo de castigo virado para a parede, quanto mais num pelourinho com a cara pintada para as transeuntes se rirem...
antónio pa

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...