sábado, novembro 28, 2015

Helder Macedo


Vim a Oxford exclusivamente para estar com o meu amigo Helder Macedo, escritor e professor, uma grande figura de intelectual e um homem de grande integridade, no dia em que a universidade de Oxford o homenageia. 

Conhecemo-nos em Londres, nos idos de 90, pela mão saudosa do Bartolomeu Cid dos Santos e, de então para cá, cultivamos uma amizade sem mácula, partilhando grandes cumplicidades e crescentes ironias. Deixo aqui reproduzido um texto que publiquei num livro organizado em sua honra, há mais de uma década, aquando da passagem formal à reforma, estado que, no Helder, é uma perfeita contradição em termos, como desde então se tem vindo a constatar: 

Confesso ter uma limitação quase dramática quando me proponho dizer algo sobre o Helder Macedo. É que eu mal conheço o Helder. Aliás, não sou o único, mesmo os que o frequentam no dia-a-dia estão muito longe de o conhecer – com a eventual excepção da Suzete, e mesmo assim… E não o consigo conhecer porque o Helder se mantém, para mim, um objecto humano não identificado com o conformismo, uma contínua descoberta, na escrita como na vida. Quanto mais com ele convivemos e tendemos a nos acomodar à imagem que dele criamos, mais o Helder se nos escapa na esquina seguinte, nos reaparece adiante, sempre muito adiante de nós. Há muito que com ele aprendi que a liberdade começa por se forjar dentro de cada um, que a postura e o empenhamento cívicos são um mero prolongamento da nossa íntima disponibilidade para mergulhar no cultivo da diferença, para a viver e a deixar viver nos nossos sonhos, individuais e colectivos. E, no que a estes últimos toca, para forçar com estrondo a porta do circo, escarnecer da gravidade dos palhaços, vaiar os equilibristas do compromisso, patear os prestidigitadores da mentira. O Helder vai-se reformar ? Esperem para ver !

1 comentário:

Isabel Seixas disse...

Sem palavras...Reflexão


"aprendi que a liberdade
começa por se forjar dentro de cada um,

que a postura e o empenhamento cívicos
são um mero prolongamento da nossa íntima disponibilidade
para mergulhar no cultivo da diferença,
para a viver e a deixar viver nos nossos sonhos,
individuais e colectivos.
E, no que a estes últimos toca,
para forçar com estrondo a porta do circo,
escarnecer da gravidade dos palhaços,
vaiar os equilibristas do compromisso,
patear os prestidigitadores da mentira".
In FSC


Grande pensador, grande pensamento.Parabéns


Agostinho Jardim Gonçalves

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