Uma das grandes (imensas, mesmo!) surpresas desta pré-campanha tem sido a fragilidade das prestações do primeiro-ministro Passos Coelho. Todos nos lembramos da frescura argumentativa de Passos Coelho nos debates de 2011, face a um interlocutor nada fácil como era José Sócrates. E pensávamos, também à luz da desenvoltura revelada nos debates parlamentares, que o primeiro-ministro e a sua palavra iriam ser uma arma decisiva da maioria cessante no caminho até às eleições. Por isso muitos se admiraram pelo facto de Passos Coelho ter optado por "esconder-se", recusando entrevistas, indo ao mínimo de debates possível. Por mim, confesso, achei que a estratégia era tentar dar-lhe uma espécie de estatuto "de Estado", libertando-o das polémicas, colocando-o "acima" da "politiquice", tentando que Paulo Portas e os escudeiros televisivos do PSD tivessem de fazer esse "dirty work" a que os rituais democráticos obrigam quem está predestinado a exercer as magnas tarefas do poder.
Nós julgávamos isso, mas Passos Coelho, o seu PSD e os seus vendedores de imagem, afinal, sabiam a verdade e sabiam o que faziam. E essa verdade ficou claríssima na tristeza da sua prestação face a António Costa e, de forma ainda mais chocante, na "abada" que ontem levou de Catarina Martins, num espetáculo que só não foi mais deprimente porque foi num canal de cabo e todos sabemos que o "empobrecimento", um dia dito por ele como necessário, a que Passos Coelho e a sua governação conduziu o país não ajuda muito a que a esmagadora maioria do povo português tenha TV paga e, assim, tenha tido oportunidade de observar essa monumental "coça" e dela tenha tirado as conclusões óbvias.
Mas será que, na verdade, Passos Coelho é assim tão "mau" na passagem da mensagem política? Um ator político não perde qualidades e, pelo contrário, havia muito boa gente que pensava que ele "crescera" no lugar, que melhorara e aprimorara o seu estilo. O que se terá passado, então?
Julgo que é muito simples. Passos Coelho primeiro-ministro não é pior do que o Passos Coelho candidado de 2011. O "script" é que é diferente. Nessa altura, era o tempo das promessas e do "bota-abaixo". Agora é o tempo da prestação de contas. E essas não batem certas com o que foi prometido e isso é um "produto" muito difícil de vender. A grande questão está em saber - e sabê-lo-emos no dia 4 de outubro - se os portugueses ainda estão disponíveis para "comprar gato por lebre".
Mas será que, na verdade, Passos Coelho é assim tão "mau" na passagem da mensagem política? Um ator político não perde qualidades e, pelo contrário, havia muito boa gente que pensava que ele "crescera" no lugar, que melhorara e aprimorara o seu estilo. O que se terá passado, então?
Julgo que é muito simples. Passos Coelho primeiro-ministro não é pior do que o Passos Coelho candidado de 2011. O "script" é que é diferente. Nessa altura, era o tempo das promessas e do "bota-abaixo". Agora é o tempo da prestação de contas. E essas não batem certas com o que foi prometido e isso é um "produto" muito difícil de vender. A grande questão está em saber - e sabê-lo-emos no dia 4 de outubro - se os portugueses ainda estão disponíveis para "comprar gato por lebre".