O tratamento mediático das eleições americanas que nos chega está visivelmente enviesado contra Trump. Mas mesmo descontando isso, fica a sensação de que a campanha deste entrou em desvario e numa onda de quase desespero. Foi extraordinário, em poucas semanas, o efeito Harris!
12 comentários:
Na sua opinião, o tratamento mediático enviesado que identifica por cá, não é o mesmo que é oferecido ao partido Chega e principalmente ao próprio líder partidário André Ventura?
(Sou sempre obrigado a esclarecer que nunca votei nesse partido ou na criatura em questão, porque os extrema esquerda das caixas de comentários vão já começar com as tradicionais acusações de fascismo)
Não percebo é como as sondagens dão empate.
É tudo farinha do mesmo saco, Trump ou Kamala. E ainda há quem se entretenha a ver diferenças significativas nessas duas figuras de pacotilha. Ambos são financiados pela Oligarquia cujos interesses irão defender quando chegarem à Casa Branca. As nuances situam-se, no caso de Kamala, em manter e continuar a alimentar a fogueira da Ucrânia, o que irá alegrar os invertebrados vassalos europeus, cujas consequências estamos para ver no que irá dar, no caso de Trump, em apoiar o genocídio e massacres de forma mais activa que Israel tem vindo a praticar na Palestina (Gaza em particular) e no Líbano. Em resumo, dois trastes.
a) P. Rufino
O “efeito Harris” é o trabalho do marketing, que ela segue à risca e das boas graças da comunicação social. Trump, por sua vez, é ele próprio o marketing, uma anarquia de frases e ditos, que a comunicação social explora delirantemente.
O que me custa a entender é como a esquerda, a que se move na comunicação social, se entusiasma tanto com a Senhora quando ela defende os mesmos valores do outro, só que mais inteligente, não diz tudo, esconde-se sob o diletantismo de Trump e o que os assessores lhe dizem fazer ou não fazer (entrevistas, por exemplo).
Só o facto da Senhora Harris apoiar o genocídio que Israel promove deveria bastar para que não andasse a ser levada ao colo por quem diz defender os valores básicos da humanidade.
J. Carvalho
Ontem fazendo zapping parei em um canal onde estava Trump completamente desvairado a falar sobre o livro que a Melanie editou. Um horror! Continuei o zapping....
Naquele tempo em que eu era solteiro e bom rapaz (agora não sou uma coisa nem a outra), ainda muitas pessoas consultavam o prior da freguesia a pedir conselhos.
Contava-se então que alguém se teria dirigido ao padre local, dizendo que estava cheio de dúvidas sobre o casamento (hoje ninguém se dirige ao prior e, se casar, logo descasa se for caso disso, outros tempos).
E que o bom do senhor lhe teria dito “Cases ou não cases, vais-te arrepender, portanto faz o que quiseres”.
Ora é isso o que eu penso sobre as eleições americanas, onde não voto e onde ninguém quer saber da minha opinião, votem eles em quem votarem não sei se vão arrepender-se, mas tenho a certeza que nós todos no resto do mundo nos vamos tramar de uma maneira ou da outra com o voto deles, seja numa seja no outro.
Só neste “mundo ocidental” datado é que ainda há quem considere que o Partido Democrata é “de esquerda” e que o Partido Republicano é “de direita” para o que deviam ser os nossos padrões, se não estivéssemos disponíveis para acreditar em tudo acriticamente só porque continuamos a achar que tudo é a preto e branco, o mesmo tipo de análise “séria” que nos está a levar pelos bons caminhos que sabemos.
Claro que os Democratas têm umas ideias que são mais à esquerda (e não se fala nunca nas que são mais à direita, enviesa-se) e claro que os republicanos têm umas ideias que são mais à direita (e não se fala nunca nas que são mais à esquerda, enviesa-se).
Portanto passo á frente e digo ao que venho.
E aquilo a que venho é que considero uma catástrofe para todos os jornalistas e comentadores de política (e não só) a vitória de Kamala Harris.
Já viram bem os milhões e milhões de notícias, mais os milhões e milhões de tempos de antena qua a vitória de Donald Trump iria proporcionar durante 4 anos (fora os restinhos) a toda uma multitude de opinadores que, tal como as coisas estão, se arriscam a ter que inventar todos os dias novos temas para sobreviverem, só porque ficaram sem aquele precioso manancial diário e contínuo?
Estão a matar a galinha dos ovos de ouro, a deles!
Lêem-se e ouvem-se tantas histórias contadas pelos trumpistas e pelos mais variados comentadores que estou quase a deitar fora o meu volume do soldado Sveijk, por obsolescência e redundância agravadas.
Faço minhas as suas palavras.
Tony Fedup
Um fact-checking do NYTimes, notou que Trump, durante uma hora e três minutos, fez 64 declarações falsas ou imprecisas.
Esta é saborosa:
“Isso indica que ela, Kamala Harris, é uma camarada comunista, porque ela é.” “Ela é uma pessoa marxista, comunista, fascista, o que é… Ela é fascista. Quem diabos pensou que votaríamos em um comunista para presidente? Ela é. Veja o histórico dela.”
Escreve marsupilami “que estou quase a deitar fora o meu volume do soldado Sveijk, por obsolescência e redundância agravadas.”.
Muito boa e excelente conclusão da frase.
Mas o “quase” é mandatório aqui e será por isso que lá está, este é um livro que não só se não pode perder como ainda por cima se deve reler periodicamente, mais de 100 anos depois de ter sido escrito continua a ser actual, de uma actualidade que por vezes parece que se vai embora quando constatamos que afinal a temos aí de volta.
Há livros assim e “Uma Campanha Alegre”, parte de Eça de Queiroz em “As Farpas” é outro, que releio todos os 10 anos para confirmar que Portugal mudou muito mas os portugueses (nos quais me incluo) nem por isso.
Tenho “O valente soldado Chveik” de Jaroslav Hasek desde sempre, para mim o “desde sempre” sendo a 1ª edição dos livros de bolso da Europa-América, dos quais creio saber que foi um dos 10 primeiros a serem editados, só não o vou confirmar porque não o tenho ali em 2ª fila de trás, tenho-o em 3ª fila de trás e numa prateleira junto ao chão, seria uma canseira que ninguém me ia agradecer porque de facto não interessa para nada.
Também o tenho na “Livre de Poche”, também da mesma época, também com uma letra que se torna inconveniente com a idade.
Fui relendo o livro ao longo dos anos (ou pelo menos partes dele) mas cada vez com mais dificuldade, é que a letra é muito pequena, nem se consegue perceber à distância de alguns anos e de algumas dioptrias como é que líamos aqueles livros nas calmas.
Felizmente saíu em Dezembro de 2012 a edição completa com o título “O Bom Soldado Svejk”, com as ilustrações de Josef Lada, na “Colecção de Ricardo Araújo Pereira" editada pela Tinta da China, à venda nas casas da especialidade por 19.90€.
Esta edição tem letra de tamanho decentíssimo (estou com ela aqui) para todos os jovens dos 8 aos 88 anos, tem 877 páginas porque tem os 3 volumes e meio dos 4 que constituiriam a obra completa se Hasek tivesse vivido para a acabar.
O título da 1ª parte é “Longe da linha” (1921) e é este o livro habitualmente editado por todo o lado, o da 2ª parte é “Na frente de combate” (1922), o da 3ª parte “O magno enxerto de porrada” (1922), o da 4ª parte (inacabada) “A continuação do magno enxerto de porrada” (este último o tal inacabado).
Sem Jaroslav Hasek nunca teria Joseph Heller escrito "Catch 22".
Alguém que me conhece os hábitos de olhar com frieza a política americana, pois não vendo televisão nem perdendo tempo com artigos de opinião posso dar-me a esse luxo, chama-me a atenção para o facto de poder não estar claro a que jornalistas e comentadores me referi atrás, os tais que considero estarem a matar a galinha que lhes ía dar os ovos de ouro de “inspiração permanente” e "rendimento garantido" por mais uns bons anitos.
Refiro-me obviamente a todos, tanto aos que atacam Trump e defendem Kamala, como aos que atacam Kamala e defendem Trump, sendo evidente que os que querem ver Kamala eleita, sendo muitíssimos mais em número e presença, serão os mais prejudicados se Trump não for eleito.
Pois é, manuel campos, um livro a ler e a reler, e a dar a conhecer às novas gerações. Reli há poucos dias a 1a. parte (li-a originalmente na tal edição de bolso da Europa-América) e a 2a. parte (que tinha lido numa edição poche da Gallimard), e estou a ler o resto que me faltava - tudo na bela edição da Tinta da China.
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