sexta-feira, novembro 25, 2022

Três vintes

O 25 de novembro de 1975 foi o dia em que a Revolução chegou ao seu inevitável termo, garantindo a Constituição de 1976, que consagrou a Democracia. Mas é preciso separar muito bem as águas: é que o 25 de novembro também é o “25 de abril” de quantos ainda apreciam o 28 de maio.

8 comentários:

Ferreira da Silva disse...

Caro Sr Embaixador,
Julgo que o 25 novembro é o "segundo" 25 abril de todos os portugueses que não são do PCP ou dos outros à sua esquerda.
O que é incrível é que o PS, que foi de importância extrema e decisiva no processo que teve por epílogo o 25 novembro, pareça se afastar da data.

Luís Lavoura disse...

O Francisco deve estar-se a referir à Iniciativa Liberal, que todos os anos comemora o 25 de Novembro.
Eu continuo a não entender onde é que o Francisco vê fascismo ("apreciam o 28 de Maio") na Iniciativa Liberal. Eu nesse partido não vejo nada que seja contra a liberdade política.

amadeu moura disse...

Chapeau! Expressão muito bem concebida.

Francisco disse...

Meu caro Francisco, sempre atento à sua salutar prosa, e porque, mesmo quando não parece, isto anda tudo ligado, trago aqui a nota de que, ao que consta, o sr. Ministro Cravinho terá verbalizado que “Estamos longe de uma guerra comercial com os EUA, mas existe um desconforto sem dúvida”. Diz-se também (e entre o tanto que se diz, alguma coisa há-de ser verdade), que alguns grandes interesses económicos europeus vão murmurando de forma mais ou menos ensurdecedora, que a guerra na Ucrânia tem sido uma guerra por procuração, travada apenas no interesse e segundo a vontade dos EUA e dos industriais daquele lado do Atlântico, etc., etc., etc.. Imagine o Francisco que não tínhamos tido os vinte cincos de Novembro e os vinte e oitos de Maio - que o Senhor guarde a sua perpétua memória - e agora, às tantas, corríamos bem o risco de ser governados por extremistas. Quer dizer, que certos partidos (vade retro Satanás!), venham falando há muito tempo de uma guerra por procuração, já nem me admiro: são ortodoxos e está tudo dito. Agora, que apareçam também lustrosos e distintos industriais a dizer coisas parecidas, é que me deixa verdadeiramente apavorado. Se começamos para aí a dizer que aqueles cujo nome não se pode pronunciar, se calhar tinham razão, onde é que o mundo vai parar?

João Cabral disse...

Separar as águas? Acabou de as misturar, senhor embaixador. O 25 de Novembro é o corolário do 25 de Abril.

Flor disse...

Três vintes 20-20-20

Fez bem em lembrar.

manuel campos disse...



Não percebo a ideia daquele jogo de palavras da 2ª frase.
Admito que é um jogo de palavras "bien trouvé" mas para mim é só isso.
Os portugueses de 2022 já não estão "nessa", podem não saber ainda exactamente onde estão, há muita mudança a ocorrer pela Europa que inevitàvelmente nos chegará, mas não é de certeza "nessa" porque isto tudo, em 50 anos, já não tem nada de nada a ver com o que era e a caminhar a uma velocidade ainda maior para mudanças tais na vida das pessoas que se torna imprevisível imaginar como irão reagir.
Não nos leva a nada ficar "lá atrás".

"O passado é um país distante" e há conceitos que se entendem nos da geração que viveu aqueles tempos (nós os dois, por exemplo) mas não fazem qualquer sentido - nem percebem a ideia - para a enorme maioria dos adultos de meia idade e dos jovens(os meus filhos, os meus netos e todos os conhecidos deles, por exemplo).
Há que falar com eles, ouvi-los, discutir pontos de vista de igual para igual, sem paternalismos e sem invocar a nossa própria experiência "revolucionária", muito menos a nossa provecta idade.

São eles o futuro e é com base na maneira de ver deles que aqueles que continuam a lutar, de uma forma ou de outra, têm que re-aprender a "assestar baterias contra o inimigo" pois já não seremos nós a liderar os acontecimentos.
A nossa maneira, seja a "soixante-huitarde" ou a "abrilista" de ver as coisas, já só é uma informação histórica para quem aí ficará e já só nos interessa a nós e pouco conta ou interessa às gerações seguintes.

Francisco de Sousa Rodrigues disse...

Sem dúvida! Quer queiramos quer não, aquilo que cada um dos vintes representa ainda é um diapasão fundamental das diversas posições ideológicas e com muito mais influência do que o passar do tempo pode pressupor.

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...