Num Uber, no Rio de Janeiro. Perante um trânsito intenso, lembrei-me de perguntar:
- Sabe se ainda há pessoas em frente às instalações militares, aqui no Rio?
- Sim. E está lá muita gente.
Pausa, e continuou:
- O senhor não viu nada nos “mídia”, não é?
- Não vi nada, mas também não segui o assunto com cuidado.
- Mesmo que procurasse, não encontrava nada. As televisões não passam isso.
- Será mesmo assim?
- É. No Brasil já ninguém acredita na “mídia”. Só acreditamos nas redes sociais. A verdade só está lá. No país do senhor, lá em Portugal, é também assim, não é?
- Nunca pensei muito nisso, mas, em Portugal, se um canal de televisão escondesse um assunto era um escândalo! Outro canal passava logo a notícia. Não me parece que as redes sociais tragam coisas escondidas pelas televisões ou pelos jornais. Ou, se trazem coisas novas, as televisões “pegam” logo nelas.
- Cá não é assim. O brasileiro já não acredita na “mídia”.
E passou a contar-me, com pormenor, uma “live” que tinha visto na internet, em que um argentino (!) descrevia como metade as urnas eletrónicas mais modernas do Brasil não podiam ser auditadas e permitiam fraudes.
- … é por isso que as pessoas acham que houve fraude e que o Bolsonaro devia ter sido reeleito.
Cansei-me:
- Mas se, por acaso, houve mesmo fraude, como é que pode ter a certeza de que a fraude prejudicou o Bolsonaro? Não pode ter havido fraude para prejudicar o Lula?
Silêncio até ao fim da viagem.
4 comentários:
Exatamente Senhor embaixador! Hoje em dia é realmente cansativo é difícil suportar “o tudo saber” porque viu no Facebook e afins, as pessoas comuns deixaram de pensar/questionar. Isto é muito, muito grave!
Para que raio foi o Francisco chatear o taxista? Não havia necessidade...
falta de pachorra.
Correu o risco de ser maltratado pelo "uberista"
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