quarta-feira, novembro 16, 2022

Míssil

 Um míssil no pé.

13 comentários:

Luís Lavoura disse...

Pois.

Vai acontecer a este míssil o mesmo que aconteceu à destruição dos gasodutos NordStream: vai-se deixar cair o assunto no esquecimento, sem nunca se esclarecer perante a opinião pública de quem foi a culpa. Porque tal esclarecimento seria demasiadamente inconveniente.

É um dano colateral.

A Nossa Travessa disse...

Chicamigo

Depois de mais de três anos de pesadelo é com a maior satisfação que aqui volto. Dito isto resta-me pensar que este missil - contrariamente ao que diz Luis Lavoura - não pode nem vai cair no esquecimento. A zona em que as "coisas" estão a acontecer são tão graves que fechar os olhos ou assobiar para o lado sobre elas seria tão criminoso (ou mais) do que o próprio lançamento!

Quosque tandem Putine?

Abração
Henrique

Lúcio Ferro disse...

Sempre gostaria de saber quem vai compensar as famílias das duas vítimas mortais, cidadãos de um país neutro, civis, que sem nada terem a ver com a guerra ao lado foram ceifados por um míssil ucraniano disparado pela forças armadas da Ucrânia que ainda nem sequer o admitiram. Sobre isso, nada, nadinha, é só um "incidente" causados pelos outros, os verdadeiros culpados por um míssil ucraniano disparado pelas forças armadas ucranianas ter ceifado a vida a dois cidadãos neutros. Sobre isso, nada, mas eu gostaria de saber: quem vai pedir desculpa aos familiares das vítimas e quem os vai compensar?

José disse...

Eh lá! Isto é um verdadeiro docinho para vossemecês, não é?

João Cabral disse...

"Estão a ver? Estão a ver?" Já por aí vejo muitos a rejubilar.

Lúcio Ferro disse...

Se me permite acrescentar, senhor Embaixador, há um precedente diplomático, sendo o senhor um estudioso destes affaires, que poderia e deveria ser considerado para o que se passou aqui. No incidente Panay, militares e civis norte-americanos foram mortos por elementos das forças armadas japonesas, no caos da evacuação ou massacre consoante as fontes, de Nanquim. Na altura, o governo japonês apresentou um pedido formal de desculpas aos EUA pelo engano, pagou uma choruda indemnização e o caso foi encerrado, pelo menos na altura e durante uns anos largos. Exige-se, pois, um pedido de desculpas formal por parte de Kiev à Polónia e, naturalmente, compensação aos familiares das vítimas.

manuel campos disse...


Apropriado título.
Claro que propicia alguns comentários interessantes ou porque foram feitos cedo demais ou porque foram feitos tarde demais.

Deste acontecimento retiro o cuidado com que foi tratado por todos os interessados menos um, precisamente o que mais cuidado devia ter tido, um azar daqueles infelizmente acontece e só erra quem alguma coisa faz.
Felizmente que nos vão chegando notícias de que as partes que decidem já falam uma com a outra por várias vias.
É que os "guerreiros" de sofá que deixam sempre a "guerra" para os outros são muito cansativos.

Francisco disse...

Mantive hoje uma interessante conversa com um Prof. de Direito Constitucional da nossa praça, que a dado passo e desalentado me confidenciava: sabe meu caro amigo, vivemos na mais preocupante idade das trevas de que há memória; e o que mais assusta é que aqueles que controlam o poder e o pensamento, vão perdendo a pouco e pouco todo o pudor. Se é verdade que só os brasileiros têm tido Bolsonaro, também aqui na Europa temos já os sintomas todos do Bolsonarismo, como foi dito pelo Manuel Loff num excelente artigo no Jornal Público. Veio-me isto a propósito do tribalismo acéfalo (também por aqui se encontram bons exemplos), em que o problema já não reside na busca de qualquer verdade, mas apenas na confirmação da minha verdade. Dizem que Pavlov voltou a sorrir e eu não tenho razão alguma para duvidar.

José disse...

A conversa dos defensores de Putin cai em contradições como esta:

- a guerra, embora iniciada pela Rússia, é da responsabilidade do Ocidente, porque aquela foi provocada

- o míssil caído, embora tenha sido uma defesa contra mísseis russos, é da responsabilidade da Ucrânia, apesar de esta ter sido provocada

Alguns dizem que vivemos tempos estranhos mas, na realidade, não é, certamente, por causa da defesa despudorada do terrorismo de Estado russo. Essa defesa sempre existiu, institucionalizada, elogiada, integrada, verbalizada por políticos, artistas, militares ou diplomatas. Hoje, tal como em muitas outras situações, o que acontece é, simplesmente, que, a par dos idiotas, também os criminosos e os que os defendem têm acesso livre e gratuito ao palco mediático, através das redes sociais. E se Pablo Escobar foi alegremente tornado num "produto" para consumo de massas, porque razão os facínoras russos não hão de ser defendidos em público? A mim, só me chateia é a hipocrisia, as "preocupações", as "questões que urge levantar" e outras expressões usadas para esconder o ódio à paz e à democracia.

Que cada um assuma a defesa da sua dama. A minha é uma senhora, bela e corajosa e, se porventura às vezes não parece firme, isso tem mais a ver com a sua natureza pacífica do que com cobardia. Se há quem prefira a natureza rasca de "bas-fond", da briga de rua e navalha guardada entre as mamas, então que o proclame livremente.

Não há é paciência para aqueles que passam metade do tempo a elogiar a Democracia e a outra metade a encontrar defeitos nos que lutam por ela; que passam metade do tempo a defender o direito de todos a expressarem as suas opiniões mas censuram aquelas que lhes desagradam; que se afirmam muralhas perante a intolerância mas dão palco aos que a promovem. Para isso é que não há estômago.

Luís Lavoura disse...

Há ainda a possibilidade de Zelensky ter razão e de efetivamente o míssil não ter sido disparado pela Ucrânia.
Dado que americanos e russos não estão com vontade de lutar uns contra os outros, é bem possível que os EUA tenham decidido encerrar este caso, atirando com as culpas para cima da Ucrânia.

José disse...

Pois é, Lavoura... há, mesmo, essa teoria: o míssil foi um acidente da responsabilidade dos russos mas, precisamente por ter sido um acidente, a NATO prefere não fazer nada e ficar credora de um favor, para o cobrar mais tarde. Daí as declarações da marioneta russa. É que deve ter havido um grande arrepio na espinha, lá em Moscovo.

Quanto ao Zelensky, inocente no caso (sê-lo-ia em qualquer situação), enerva-se com o jogo de bastidores e prefere defender a razão ucraniana. Vamos lá ver se o local do "acidente" é, ou não, aberto aos investigadores ucranianos. Se não for, calculo que os putinheiros não se importem nada...

Entretanto, há que lembrar o encontro entre os patrões da CIA e do FSB, um ou dois dias antes do incidente...

Por falar em mísseis e coisas quejandas: parece que a Ucrânia acertou em cheio num edifício onde estavam 500 russos. Dizem que sairam várias camionetas cheias de malta deitada (devia ser a hora da sesta).

manuel campos disse...


Admitamos que a NATO (30 membros) resolveu "disfarçar" e dizer o que disse sobre a origem do míssil.

Tendo em conta que isso implicaria que umas largas centenas de pessoas, entre presidentes de governo, ministros variados, oficiais superiores, oficiais inferiores e burocratas aos molhos tinham que estar dentro do "segredo", o "segredo" não estaria própriamente guardado num cofre mas provávelmente espalhado num passador.

Se alguém acredita que em 2022 um "segredo" destes, com todos os olhos do mundo posto nele 24 horas por dia, 7 dias por semana, dá para ser guardado muito tempo não sou eu que o vou contrariar.
Não digo que não possa ser verdade, digo só que há pessoas que não contrario.

Há de facto muita gente que devia saír mais de casa, falar com os outros, espairecer um pouco as ideias, perceber o mundo em que está.


José disse...

Quentinho, a sair do forno: dois russos e um ucraniano pró-russo condenados a prisão perpétua na Holanda, pelo assassínio de 298 pessoas no famoso caso do avião da Malaysia Airlines abatido quando sobrevoava a Ucrânia.

Há, desde logo, algumas perguntas a fazer:

1) Qual será a atitude do governo russo? Irá seguir o nobre exemplo dos japoneses em Nanquim, pedir desculpas e pagar uma choruda indemnização às famílias das vítimas?

2) Irão as autoridades russas entregar à Holanda os criminosos ou, em mais este caso, comportar-se-ão como párias?

3) Devemos considerar que o míssil russo, disparado por russos ao serviço dos interesses russos num território que os russos dizem ser agora seu só atingiu o avião malaio cheio de holandeses por causa das provocações da NATO?

4) E a Holanda - que tem e aplica a prisão perpétua -, deve ser considerada um Estado que não respeita os direitos humanos e que está civilizacionalmente abaixo de Portugal?

5) Deveremos conceder asilo aos condenados - caso eles apareçam por cá -, para os poupar a uma pena desumana na Holanda?

6) Que trocadilhos espertalhaços podemos fazer àcerca deste caso? "Salada russa afogada em malaionese holandesa"?

Agostinho Jardim Gonçalves

Recordo-o muitas vezes a sorrir. Conheci-o no final dos anos 80, quando era a alma da Oikos, a organização não-governamental que tinha uma e...