Sei que pode não ir com “l’air du temps” perguntar isto: será que alguém já se lembrou dos prisioneiros que continuam detidos em Guantanamo, alguns há quase 20 anos, sem direitos e sem julgamento?
Bom dia, Sr. Embaixador. A sua reflexão/pergunta, deixa-me confuso; Guantanamo é território cubano, não é? Portanto, os presos que lá estão, sem qualquer respeito por direitos, liberdades, garantias, num regime de "prendam-nos, torturem-nos e deitem fora a chave", devem, obviamente, encontrar-se nessa situação por causa dos malditos dos barbudos fidelistas, os quais transformaram Guantanamo num inferno que a todos indigna, não é? Realmente, tem de acontecer uma mudança de regime em Cuba, e devem ser os americanos a liderar a mesma, tendo em conta o excelente "track record" destes últimos no que toca a "nation building".
São os chamados valores ocidentais tão apregoados pelo farol da democracia. Os outros dois “campos especiais” da Polónia, encomendados pelos mesmos, não são melhores… Mas a “Nova Europa” como lhe chamava um antigo Secretário de Estado, “faz a sua manteiga” com essa vergonha. Rende dólares…
Outra vergonha: prisão sem julgamento e tortura levados a cabo por um chamado ‘estado democrático ’, com o apoio de muitos outros ‘estados democráticos’. Vale a pena ver as páginas e consultar a extensa base de dados do Rendition Project: https://www.therenditionproject.org.uk/, projecto de investigação financiado pelo UK ESRC.
Os democratas, Lúcio Ferro, denunciam as violações dos direitos humanos sejam elas perpetradas por quem quer que seja.
Já os cínicos, remetem-se ao sarcasmo ou ao whataboutism para calar os críticos dos regimes de que mais gostam.
Retire-se o dito sarcasmo e acrescente-se o whataboutism sobre a repressão sobre os protestos por mais liberdade em Cuba e o seu post poderia ter sido escrito por um qualquer Republicano em resposta ao comentário do Sr. Embaixador.
Olhe, Jaime Santos, já não é a primeira vez que se arma em comentador de comentadores. Não tenho nada para lhe responder, porque não me parece que o mereça, a não ser o seguinte: os EUA são, globalmente e desde os primórdios da guerra fria, responsáveis por mais mortes e destruição do que qualquer outra nação à face da terra. Têm, de igual modo, a maior população prisional per capita de todo o planeta. Iniciam guerras sobre pretextos falsos como quem troca de camisa. Prendem, torturam e assassinam impunemente quem lhes dá na real gana (apenas porque podem). Sustentam regimes facínoras e vergonhosos, como a Arábia Saudita, sempre que lhes convém (aí direitos humanos é outra loiça). Fazem a Cuba e à Venezuela (porque têm modelos económicos de que não gostam, que não lhes permitem sacar os recursos desses povos à lagardere), uma guerra brutal, condenando milhões de indivíduos a níveis de pobreza extrema. Tem um império mediático-cultural que todos os dias nos vende a bondade do pesadelo americano, transvertido em sonho. Apresentam dos maiores níveis de desigualdade económica interna de todo o mundo ocidental, para não dizer mesmo a maior. Claro que os EUA não são só isso, mas que o modelo que defendem (democracia imperial e ultra-capitalista) não presta e que a prazo levará o mundo todo para o desastre, não tenho grandes dúvidas. Isso dito, parafraseando uma expressão sua (típica aliás de uma certa forma de estar), vá morrer longe mais as suas pseudo lições de moral e de ética.
Para quem não tinha nada para me dizer, convenhamos que a sua resposta, Lúcio Ferro, foi bastante longa.
E não, não vou morrer longe, e vou continuar a chatear quem vem para aqui comentar com dois pesos e duas medidas, seja de Esquerda ou de Direita.
E sobretudo quem vem para aqui defender regimes que não são outra coisa que não ditaduras (Cuba é mesmo um regime de Partido Único).
Faz sentido, a ética é sempre uma ética de classe ou lá o que é, o que quer dizer que se pode mandar a decência às malvas em defesa do futuro glorioso da Humanidade e da luta contra o imperialismo (o americano, porque o soviético já lá vai).
Evidentemente, comentarei quem quiser enquanto o Sr. Embaixador me aturar... Não me parece que isso esteja fora dos limites do que é permitido fazer neste blogue.
E se você não gostar, não tenho que lhe faça... Ignore-me, que se calhar era o que deveria ter feito. É que assim eu sei que o amofinei (para usar uma expressão sua) e confesso que isso me dá um pequeno prazer egoísta :) ...
Quanto à minha suposta forma de estar, parece que a impaciência o levou a copiá-la, não?
Aliás, Lúcio Ferro, deixo-lhe outra pergunta, mais filosófica, chamemos-lhe assim.
Se a linguagem dos revolucionários era e é agreste e não há mal algum nisso, por que razão não podem eles ser confrontados de modo igualmente agreste?
O que impede os centristas de lhes colocarem as mesmas perguntas? Não deveriam o tempo e as experiências falhadas que são legião (o Afeganistão está no estado em que está por causa de um golpe comunista, afinal) ter-lhes ensinado um mínimo de humildade, a mesma que Biden não demonstra ao culpar os afegãos pelo colapso do seu regime?
Ou existe uma superioridade moral qualquer que vos impede de ouvir umas verdades? Saíram-me cá uns vidrinhos, é o que é, como se diz na minha terra...
e ninguem me explica o que quer dizer: "va morrer longe?"
sai de Portugal ha muito tempo, tive fases em que nao tinha nenhum contacto com a lingua e fiquei fora de muitas expressoes que entretantto tinham aparecido. Portanto agradecia a quem me explicasse a dita.
Falo naturalmente da revolução Saur em 1978, que apeou e matou o Presidente Daoud Khan, que tinha por sua vez apeado o Rei Zahir Shah, monarca constitucional que reinou de 1933 até aos anos 70. As políticas impopulares do Governo comunista que se seguiu ao golpe, assim como as dissensões dentro do próprio Partido no poder, acabaram por levar à invasão pela URSS.
O resto é História conhecida, os russos tornaram-se mais um Império a partir os dentes no Afeganistão...
Seguiram-se os EUA, que no seu apoio aos mujahidin aplicaram a velha máxima, o inimigo do meu inimigo é meu aliado (isso é que é para rir).
Até foram eles e a França, imagine, a facilitar a vitória taliban nos anos 90 na esperança de que isso estabilizasse o Afeganistão depois da vitória afegã contra a URSS e permitisse a passagem de um gasoduto pelo País (se a memória não me falha)...
As coisas correram mal quando os taliban decidiram albergar a Al-Qaeda...
A soberania dos povos é uma coisa muito bonita exceto quando são os nossos amigos a violá-la. Também aconteceu na RDA, na Hungria e na Checoslováquia, que me lembre...
Ou você tem é inveja dos EUA, porque eles derrotaram a URSS nesse jogo imperialista?
E já que também falou no embargo cubano acima, cabe-me lembrar-lhe que existe um meio simples de o PC local acabar com ele na hora. Basta decretar as liberdades cívicas e convocar eleições livres e pluripartidárias.
Não é esse o modelo democrático que o PCP defende em Portugal? Não merece o povo cubano ser consultado, para poder decidir soberanamente como nós? Não conheço outro exercício de soberania que não o do voto...
Prometo-lhe que se isso acontecer e os EUA mantiverem o embargo eu dou a mão à palmatória...
Mesma coisa para a Venezuela, Maduro só tem que respeitar os resultados das eleições em vez de convocar assembleias constituintes para os subverter...
Maite, eu disse-lhe. Mandar à fava ou mandar chatear o Camões é a mesma coisa...
sts, consegue escrever frases como mais de 4 palavras?
15 comentários:
Bom dia, Sr. Embaixador. A sua reflexão/pergunta, deixa-me confuso; Guantanamo é território cubano, não é? Portanto, os presos que lá estão, sem qualquer respeito por direitos, liberdades, garantias, num regime de "prendam-nos, torturem-nos e deitem fora a chave", devem, obviamente, encontrar-se nessa situação por causa dos malditos dos barbudos fidelistas, os quais transformaram Guantanamo num inferno que a todos indigna, não é? Realmente, tem de acontecer uma mudança de regime em Cuba, e devem ser os americanos a liderar a mesma, tendo em conta o excelente "track record" destes últimos no que toca a "nation building".
Já devem estar no Além com o Alá!
Bom dia.
Guantanamo, a tal infra-estrutura que OBAMA ia encerrar logo nos primeiros meses do seu primeiro mandato. Biden, era o vice.
António Cabral
São os chamados valores ocidentais tão apregoados pelo farol da democracia. Os outros dois “campos especiais” da Polónia, encomendados pelos mesmos, não são melhores… Mas a “Nova Europa” como lhe chamava um antigo Secretário de Estado, “faz a sua manteiga” com essa vergonha. Rende dólares…
Outra vergonha: prisão sem julgamento e tortura levados a cabo por um chamado ‘estado democrático ’, com o apoio de muitos outros ‘estados democráticos’.
Vale a pena ver as páginas e consultar a extensa base de dados do Rendition Project: https://www.therenditionproject.org.uk/, projecto de investigação financiado pelo UK ESRC.
Os democratas, Lúcio Ferro, denunciam as violações dos direitos humanos sejam elas perpetradas por quem quer que seja.
Já os cínicos, remetem-se ao sarcasmo ou ao whataboutism para calar os críticos dos regimes de que mais gostam.
Retire-se o dito sarcasmo e acrescente-se o whataboutism sobre a repressão sobre os protestos por mais liberdade em Cuba e o seu post poderia ter sido escrito por um qualquer Republicano em resposta ao comentário do Sr. Embaixador.
Funny, no?
Olhe, Jaime Santos, já não é a primeira vez que se arma em comentador de comentadores. Não tenho nada para lhe responder, porque não me parece que o mereça, a não ser o seguinte: os EUA são, globalmente e desde os primórdios da guerra fria, responsáveis por mais mortes e destruição do que qualquer outra nação à face da terra. Têm, de igual modo, a maior população prisional per capita de todo o planeta. Iniciam guerras sobre pretextos falsos como quem troca de camisa. Prendem, torturam e assassinam impunemente quem lhes dá na real gana (apenas porque podem). Sustentam regimes facínoras e vergonhosos, como a Arábia Saudita, sempre que lhes convém (aí direitos humanos é outra loiça). Fazem a Cuba e à Venezuela (porque têm modelos económicos de que não gostam, que não lhes permitem sacar os recursos desses povos à lagardere), uma guerra brutal, condenando milhões de indivíduos a níveis de pobreza extrema. Tem um império mediático-cultural que todos os dias nos vende a bondade do pesadelo americano, transvertido em sonho. Apresentam dos maiores níveis de desigualdade económica interna de todo o mundo ocidental, para não dizer mesmo a maior. Claro que os EUA não são só isso, mas que o modelo que defendem (democracia imperial e ultra-capitalista) não presta e que a prazo levará o mundo todo para o desastre, não tenho grandes dúvidas.
Isso dito, parafraseando uma expressão sua (típica aliás de uma certa forma de estar), vá morrer longe mais as suas pseudo lições de moral e de ética.
Para quem não tinha nada para me dizer, convenhamos que a sua resposta, Lúcio Ferro, foi bastante longa.
E não, não vou morrer longe, e vou continuar a chatear quem vem para aqui comentar com dois pesos e duas medidas, seja de Esquerda ou de Direita.
E sobretudo quem vem para aqui defender regimes que não são outra coisa que não ditaduras (Cuba é mesmo um regime de Partido Único).
Faz sentido, a ética é sempre uma ética de classe ou lá o que é, o que quer dizer que se pode mandar a decência às malvas em defesa do futuro glorioso da Humanidade e da luta contra o imperialismo (o americano, porque o soviético já lá vai).
Evidentemente, comentarei quem quiser enquanto o Sr. Embaixador me aturar... Não me parece que isso esteja fora dos limites do que é permitido fazer neste blogue.
E se você não gostar, não tenho que lhe faça... Ignore-me, que se calhar era o que deveria ter feito. É que assim eu sei que o amofinei (para usar uma expressão sua) e confesso que isso me dá um pequeno prazer egoísta :) ...
Quanto à minha suposta forma de estar, parece que a impaciência o levou a copiá-la, não?
Aliás, Lúcio Ferro, deixo-lhe outra pergunta, mais filosófica, chamemos-lhe assim.
Se a linguagem dos revolucionários era e é agreste e não há mal algum nisso, por que razão não podem eles ser confrontados de modo igualmente agreste?
O que impede os centristas de lhes colocarem as mesmas perguntas? Não deveriam o tempo e as experiências falhadas que são legião (o Afeganistão está no estado em que está por causa de um golpe comunista, afinal) ter-lhes ensinado um mínimo de humildade, a mesma que Biden não demonstra ao culpar os afegãos pelo colapso do seu regime?
Ou existe uma superioridade moral qualquer que vos impede de ouvir umas verdades? Saíram-me cá uns vidrinhos, é o que é, como se diz na minha terra...
"o Afeganistão está no estado em que está por causa de um golpe comunista, afinal". É para rir? ^_^ ^_^ ^_^
Jaiminho, vai morrer longe.Arre.
e ninguem me explica o que quer dizer: "va morrer longe?"
sai de Portugal ha muito tempo, tive fases em que nao tinha nenhum contacto com a lingua e fiquei fora de muitas expressoes que entretantto tinham aparecido. Portanto agradecia a quem me explicasse a dita.
maitemachado59
Cara Maite Machado. Significa “vai à fava”…
Não, Lúcio Ferro, não é para rir...
Falo naturalmente da revolução Saur em 1978, que apeou e matou o Presidente Daoud Khan, que tinha por sua vez apeado o Rei Zahir Shah, monarca constitucional que reinou de 1933 até aos anos 70. As políticas impopulares do Governo comunista que se seguiu ao golpe, assim como as dissensões dentro do próprio Partido no poder, acabaram por levar à invasão pela URSS.
O resto é História conhecida, os russos tornaram-se mais um Império a partir os dentes no Afeganistão...
Seguiram-se os EUA, que no seu apoio aos mujahidin aplicaram a velha máxima, o inimigo do meu inimigo é meu aliado (isso é que é para rir).
Até foram eles e a França, imagine, a facilitar a vitória taliban nos anos 90 na esperança de que isso estabilizasse o Afeganistão depois da vitória afegã contra a URSS e permitisse a passagem de um gasoduto pelo País (se a memória não me falha)...
As coisas correram mal quando os taliban decidiram albergar a Al-Qaeda...
A soberania dos povos é uma coisa muito bonita exceto quando são os nossos amigos a violá-la. Também aconteceu na RDA, na Hungria e na Checoslováquia, que me lembre...
Ou você tem é inveja dos EUA, porque eles derrotaram a URSS nesse jogo imperialista?
E já que também falou no embargo cubano acima, cabe-me lembrar-lhe que existe um meio simples de o PC local acabar com ele na hora. Basta decretar as liberdades cívicas e convocar eleições livres e pluripartidárias.
Não é esse o modelo democrático que o PCP defende em Portugal? Não merece o povo cubano ser consultado, para poder decidir soberanamente como nós? Não conheço outro exercício de soberania que não o do voto...
Prometo-lhe que se isso acontecer e os EUA mantiverem o embargo eu dou a mão à palmatória...
Mesma coisa para a Venezuela, Maduro só tem que respeitar os resultados das eleições em vez de convocar assembleias constituintes para os subverter...
Maite, eu disse-lhe. Mandar à fava ou mandar chatear o Camões é a mesma coisa...
sts, consegue escrever frases como mais de 4 palavras?
Jaiminho seu inteligentinho,vai morrer longe.
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