quarta-feira, julho 21, 2021

Os amigos de Aristides


Depois de muitos anos de esquecimento, em especial por parte da diplomacia portuguesa (no tempo da ditadura, mas não só), o nome de Aristides de Sousa Mendes, o cônsul rebelde às instruções desumanas de Salazar, tem vindo a grangear um destaque internacional e nacional merecido. A colocação dos seus restos mortais no Panteão Nacional, no próximo dia 5 de Outubro, consagrá-lo-á, em definitivo, entre nós.

Revelar e manter viva a memória das ações de Sousa Mendes foi uma tarefa em que, ao longo dos anos, se empenhou muita gente, em iniciativas frequentemente esparsas, às vezes competitivas entre si, outras vezes subordinadas a algumas agendas e até mesmo a certos egos. Mas tudo parece ir terminar agora da melhor forma.

Neste contexto, gostava hoje de deixar anotado o nome de três cidadãos portugueses que, no estrangeiro, pude testemunhar - em três postos diplomáticos em que servi - como extremamente empenhados, ao longo de vários anos, em relevar a ação meritória de Sousa Mendes. Constatei que o fizeram, ou fazem, sem o menor interesse, por uma mera questão de justiça que decidiram assumir como sua.

Começo por falar de João Crisóstomo, um português que vive em Nova Iorque. Além de muitas outras iniciativas que fui acompanhando, recordo-me de que, há precisamente 20 anos, ele organizou, com a ajuda do então ICEP, uma exposição que tive o gosto de inaugurar e que, mais tarde, se conseguiu viesse a ser apresentada na Argentina, com o empenhamento do embaixador José Augusto Seabra, então em Buenos Aires.

Deixo também uma palavra à memória do jornalista Paulo Martins, já desaparecido, figura que, no Brasil, desenvolveu um trabalho muito interessante para divulgar Aristides de Sousa Mendes. Foi com ele que montei, no Instituto Camões, em Brasília, uma conferência onde se destacava a ação o antigo cônsul português.

Finalmente, falo de Manuel Vaz Dias. A partir de Bordéus, tem revelado uma extrema dedicação à memória de Aristides de Sousa Mendes. Durante o meu tempo como embaixador em França, pude apreciar e apoiar o seu esforçado labor organizativo, nomeadamente com eventos desenvolvidos em Bordéus e em Paris.

Estou certo que outros cidadãos portugueses, por esse mundo fora, terão sido sensíveis à necessidade de preservar a memória de Aristides de Sousa Mendes. Mas estes três foram aqueles cujo trabalho pude apreciar de perto. Aqui fica esta nota que lhes é devida, “for the record”.

2 comentários:

Lenah disse...

Devia ser ainda mais conhecido do que o Schindler pois salvou mais pessoas

Portugalredecouvertes disse...

Sr. Embaixador
Também interessante de saber que a casa do Cônsul Aristides de Sousa Mendes, em Cabanas de Viriato, Portugal
A Casa do Passal, foi restaurada
talvez venha a ser um museu como explicam nos seguintes vídeos
https://www.youtube.com/watch?v=YXLf0O5W6oM
https://www.youtube.com/watch?v=Pk4vvG5ANOM

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