quinta-feira, julho 15, 2021

Gonçalo Reis

Gonçalo Reis lançou o livro “Serviço Público”, memória do seu tempo na administração da RTP. Ausente de Lisboa, não pude estar na ocasião, como gostaria.

Foi uma experiência única, aquela que Gonçalo Reis teve na RTP. Tendo já feito parte, como vogal, de uma anterior administração, então nomeada pelo governo, ele viria a assumir, desde 2015 e até há semanas, a chefia dessa mesma administração, por um período de seis anos, em dois mandatos sucessivos e completos.

Rompendo com o modelo de designação pelo poder político, que esteve em vigor durante décadas, a escolha de Gonçalo Reis para essas novas funções, foi feita, pela primeira vez, em 2015, pelo Conselho Geral Independente (CGI), órgão de composição diversa e plural, entretanto instituído para tutelar a empresa e ao qual compete designar ou exonerar as administrações, bem como definir as orientações gerais pelas quais elas devem reger a sua ação. Tendo feito parte do CGI durante os últimos três anos, lugar do qual entretanto saí, tive o ensejo de votar, em 2018, pela recondução de Gonçalo Reis para o seu segundo mandato.

Durante estes últimos anos, pude acompanhar - não diria dia a dia, mas com grande regularidade e bastante atenção - a ação da administração da RTP. Nessa tarefa, pude constatar ter ela levado a cabo uma gestão de grande rigor, com resultados de equilíbrio financeiro que falam por si. Esta é uma das imagens de marca que ficam coladas à passagem de Gonçalo Reis pela empresa.

A RTP é uma empresa cuja estrutura e cultura funcional parecem, desde há muito, condenadas a potenciar conflitos e a adubar tensões, parte dos quais sempre vi como algo artificiais, algumas vezes fruto de agendas políticas, outras vezes de mero despeito e mediocridade profissional, outras ainda da tentativa deliberada de levar a cabo uma ação destrutiva do trabalho da empresa, como é patente naquilo que certa comunicação social cuida em fazer, com quase diária e matutina regularidade. Deixo, porém, essa análise para um tempo em que me apeteça vir a fazê-la. 

Testemunhei o modo empenhado como Gonçalo Reis e a sua equipa enfrentaram os diversos escolhos que se colocaram ao seu trabalho, tendo criado uma grande admiração pela infinita paciência com que sempre geriu a procura das soluções para os vários ciclos de problemas que foram emergindo, para o que, aliás, sempre teve o concurso positivo e a lealdade do CGI, como, estou certo, o seu livro confirmará.

A minha limitada experiência na RTP foi de uma natureza e de uma dimensão que nada têm a ver com as responsabilidades de Gonçalo Reis. Mas julgo ter sido suficiente para me aperceber das dificuldades essenciais que marcaram o seu trabalho. Os extratos conhecidos do livro que Gonçalo Reis agora publicou abrem-me o “apetite” para conhecer ainda melhor aquilo que ele decantou dessa sua experiência. 

2 comentários:

amf disse...

Integrei uma das muitas administrações da rtp, de onde saí de cabeça levantada e sem glória ou frustrações que se vissem.
Foi com a maior alegria que vi as nomeações das Administrações subtraídas ao arbítrio dos Governos e o cuidado inicial na designação dos membros do CGI.
"Cheirou-me" a injustiça que o Sr. Embaixador tivesse omitido que tal se deveu a uma proposta / decisão do Prof. Poiares Maduro.
Como me surpreendeu a designação (por unanimidade!9 do actual PCA - oxalá me engane!
Cumprimentos
amf

Francisco Seixas da Costa disse...

AMF Não posso andar sempre a referir as mesmas coisas: https://duas-ou-tres.blogspot.com/2021/06/a-vida-da-rtp.html

Tarde do dia de Consoada