terça-feira, julho 13, 2021

Paulo Tarso


Quando cheguei a Brasília, em 2005, uma das primeiras pessoas que fiz questão de visitar foi o embaixador Paulo Tarso Flecha de Lima.

Recordava-me de que, nos anos 90, quando ambos tínhamos coincidido em Londres, ele tinha sido de uma grande generosidade para com o então jovem conselheiro da embaixada de Portugal que eu era. O Paulo e a Lúcia acolheram-nos, por mais de uma vez, na residência brasileira em Londres, com imensa simpatia. Ambos tinham, à época, uma projeção muito rara no seio da vida político-social britânica, sendo Lúcia uma conhecida amiga íntima da princesa Diana.

Paulo Tarso foi um dos mais proeminentes diplomatas brasileiros. Membro do “staff” de Juscelino Kubitschek quando jovem, ocupou o posto de embaixador em capitais como Londres, Washington e Roma, entre outras, bem como secretário-geral do Itamaraty. Foi sempre tido como um brilhante operador diplomático. A sua mulher, Lúcia, que teve cargos políticos de governo de Brasília, viria a ser uma peça indispensável para o sucesso profissional do seu marido.

Atingido, nos anos finais da sua carreira, por uma doença que muito o limitou fisicamente, Paulo Tarso soube, com imensa coragem, enfrentar o infortúnio e, retirado das lides diplomáticas, viria a criar um gabinete de consultoria de investimentos. 

Falou-me um dia da vida que criara após a reforma, aconselhando-me a pensar na minha (eu estava então ainda a uma década de distância), recomendando que me mantivesse sempre atualizado face às grandes questões globais, que as fosse acompanhando, com leitura e boas fontes abertas de informação: “O conselho independente de um diplomata experiente, que tenha decantado bem aquilo por que passou ao longo da sua carreira, pode ser extremamente interessante para o setor privado, que tem necessidade de pensar a prazo e de ter quem o ajude a olhar o futuro. É o que eu faço aqui, com algum sucesso”. Nunca esqueci esta lição e segui exatamente o que me disse. Não me arrependi.

Durante os quatro anos que passámos em Brasília, vimos com muita frequência o casal Flecha de Lima, com mantinhamos uma relação de grande proximidade, não obstante a nossa diferença de idades, assim prolongando a amizade criada em Londres.

Lúcia morreu em 2017. Tenho agora a notícia de que Paulo Tarso morreu ontem, aos 88 anos. Deixo um abraço de grande pesar a toda a sua Família.

2 comentários:

Flor disse...

Que descansem em Paz.🖤🖤

maitemachado59 disse...

Amen to that

maitemachado59

Sai um Kennedy!

Kennedy na equipa de Trump! Ouviram-no durante a campanha? Tudo isto pode vir a ser dramático, mas lá que vai ter piada de observar, lá isso...