terça-feira, maio 22, 2018

Do Porto? (1)



A designação de “vinho do Porto” nem sempre foi consensual para as gentes da região. 

Tempos houve em que os lavradores sentiam necessidade de marcar distância face à cidade em que os exportadores tudo controlavam. 

O meu amigo Manuel Cardona, à mesa de um almoço este domingo, recordou uma quadra que ouvia na família:

Vinho “velho” para os antigos,
“tratado” para os lavradores,
“generoso” para os amigos,
“do Porto” para os doutores

5 comentários:

Anónimo disse...

Vinho fino p’rá família
Tratado p’ros lavradores
Generoso p’ros amigos
Do Porto p’ros doutores!

Anónimo disse...

Neste livro de 1833 chamam-lhe vinho velho do Porto

https://books.google.pt/books?id=NUa15G9zNNYC&pg=PA260&dq=vinho+velho+douro&hl=fr&sa=X&ved=0ahUKEwjJ0fj_55rbAhXCJMAKHY8PDm8Q6AEILjAB#v=onepage&q=vinho%20velho%20douro&f=false

uns conselhos do barão de Forrester

https://books.google.pt/books?id=CrQ6AQAAMAAJ&pg=PA16&dq=vinho+velho+porto&hl=fr&sa=X&ved=0ahUKEwj2lYGa6JrbAhXLDcAKHXsFAVAQ6AEILjAB#v=onepage&q=vinho%20velho%20porto&f=false

e por fim esta maneira de converter vinho do Porto novo em vinho velho de 1827

https://books.google.pt/books?id=3z9XAAAAcAAJ&pg=RA1-PA187&dq=vinho+velho+porto&hl=fr&sa=X&ved=0ahUKEwj2lYGa6JrbAhXLDcAKHXsFAVAQ6AEINDAC#v=onepage&q=vinho%20velho%20porto&f=false


cumprimentos

Anónimo disse...

Caro anónimo:
Excelentes documentos históricos pelo que li em diagonal!

Pareceu-me trata-se precisamente da época da "invenção" do Vinho do Porto atual, que não é o Vinho do Porto daquela época.

A designação de vinho velho ou novo daquela época é diferente da atual.
Hoje só há Vinho do Porto quanto é velho! Dizer que um Vinho do Porto é velho ou novo, é uma redundância ou uma contradição!

Parece, do texto, que uma adulteração teve como resultado a invenção do Vinho do Porto. Há males que vêm por bem!

Vou ler estes textos com muito interesse!

Anónimo disse...

O anonimo creio refere-se ao texto do barão de Forrester?

Também o não conhecia. Procurei ver se encontrava uma qualquer versão antiga da quadra que lembra o embaixador. Não encontrei. Encontrei os textos acima.

Cumprimentos



Anónimo disse...

Também não conhecia este texto do Barão de Forester que esclarece com muito precisão o processo conjuntural (comercio, lavoura e tendências gustativas) que levou à "descoberta" do atual Vinho do Porto (Como sabe existe a controvérsia sobre quem criou o Vinho do Porto, se os ingleses se os portugueses.)
Atual porque, pelo texto, todo o vinho que saia do Porto era Vinho do Porto. Mas, para se manter em boas condições ou para disfarçar o mau fabrico, era tratado (para ele a palavra correta, embora forte, devia ser adulterado).
Segundo o texto, o Vinho do Porto puro era totalmente fermentado não necessitando de aguardente ou muito pouco para se manter bom e melhorar por muito tempo. Ora, um vinho totalmente fermentado é um vinho de mesa.

Obrigado pelos textos
cumprimentos

Confesso os figos

Ontem, uma prima ofereceu-me duas sacas de figos secos. Não lhes digo quantos já comi. Há poucas coisas no mundo gustativo de que eu goste m...