quarta-feira, abril 22, 2020

Uma televisão pública



Os portugueses descobriram agora que a RTP conseguiu montar, num prazo curto, um espaço de ajuda educativa que permite, em tempo de pandemia, suprir algumas das aulas presenciais que é inviável realizar. O êxito desta operação é revelado pela generalidade das apreciações e até pelo nível de audiências.

Toda a gente achou normal que fosse a RTP a fazer isso, ninguém se perguntou por que não foram os canais privados a ter esta iniciativa. Porque os portugueses sabem que a RTP é a sua televisão, que é a ela que se recorre para ações de serviço público. E talvez as pessoas desconheçam que o Estado não colocou nem um euro extra para a montagem deste novo projeto, que tem como parceira a Fundação Calouste Gulbenkian.

A RTP - e quando escrevo RTP, quero significar também as diversas rádios, todas sem receitas de publicidade, num conjunto de 19 canais, alguns servindo as Regiões Autónomas e várias zonas pelo mundo – é um serviço eminentemente público, financiado por uma contribuição ínfima dos cidadãos, inferior à que, lá fora, sustenta empresas congéneres.

Hoje, a tutela da RTP é um Conselho Geral Independente (CGI), que escolhe a administração, dá linhas genéricas de orientação e vela pelo cumprimento das obrigações de serviço público, sem se imiscuir na informação e na programação. A RTP é uma televisão “pública”, não é uma televisão “do Estado”, como foi no passado, onde os governos intervinham a seu bel-prazer.

A RTP vive hoje com metade do tempo de publicidade dos canais privados e tem as suas contas em dia. É, também com as suas rádios, um instrumento indispensável de ligação às comunidades portuguesas pelo mundo, um importante promotor da nossa língua, um auxiliar da projeção externa do país. E onde é que hoje se pode ouvir música clássica na rádio, sem ser na Antena 2? E quantos elogios não testemunhamos, todos os dias, à qualidade da programação da RTP 2?

A RTP é um “oásis“? Longe disso! Pode discutir-se a sua linha da informação? Pode e deve. A programação pode ser melhorada? Claro que sim! Em tempos normais, há por ali futebol a mais? Como espetador, sou dessa opinião. Como membro (não remunerado) do CGI da RTP, órgão a que é vedado intervir na informação e na programação, apenas nos cumpre velar por que as regras de serviço público sejam cumpridas pela empresa E é com gosto que constato que, nesta crise, a RTP esteve bem à altura daquilo que se lhe pode pedir, como televisão de todos os portugueses. E se começássemos a pensar num canal permanente RTP Educação?

11 comentários:

Anónimo disse...

Nada a opor ao que escreveu, e reforço que nas centenas de canais á disposição, é na RTP2 onde mais paro. Mas todos sabemos que os órgãos de informação públicos, são uma tentação para "A Voz do Dono". Aliás como os canais privados ostensivamente o são.

Unknown disse...

Pergunto por não ter a certeza
Não foi no governo de passos coelho que a nossa rtp passou a
Depender do tal conselho independente?
Na minha opinião bem
Obrigado
Liberal correia

Anónimo disse...

Se não foi do Passos a criação do "concelho independente" imita tão bem como se tivesse sido ele Próprio a nomear a dedo os fazedores e leitores de telejornais.
O tom acusador da leitura de casos feito de forma directa, indirecta, subjacente, subentendida ou entre-linhas ao actual governo é tão constante que irrita um santo.
Para não falar do "pisca-pisca" do JRdS, o escritor de tijolos e suas exacerbadas nuances faciais e expressões e perguntas parvas de xico-esperto quando tenta culpar o governante à sua frente todo o resto do noticiarismo o imita, mais ou menos. A Felgueiras imita a Moura Guedes no tempo de Sócrates; menos louca mas mais insidiosa, menos espalhafatosa mas mais narcisista, menos exibicionismo mas mais exibicionista.
E até parece que é caso de ressabiamento desse tempo relativamente ao caso da mamâ Presidente.

jose neves

Anónimo disse...

Bem, Embaixador, se eu fizesse parte do Conselho Geral de uma tv pública que passa a informação como a rtp o faz e não pudesse fazer nada para alterar isso, denunciava publicamente com todas as letras o péssimo serviço informativo em causa e demitia-me na hora. Mas isso era eu, que não tenho jeito ( nem paciência ) nenhum para certo tipo de diplomacia.

MRocha

Anónimo disse...

E viva a TeleEscola que conseguiu destronar a audiência da CMTV; acho que veio para ficar, tão bons resultados está a obter em boa hora activada pelo Governo para salvar o ano lectivo.

Antonio Lourenço disse...

A RTP é (nomeadamente o seu noticiario) o covil de toda a direita reacionária e neo liberal.Uma coisa intragavel que não se entende e que custa a admitir

Anónimo disse...

A TV2 , que é na verdade a única que se safa , também vai transmitir a “ palhaçada “ do 25 de abril ! Oh , please , não !
O que vale é que restam centenas de canais estrangeiros para quem quiser ver televisão nesse dia .
Porque é que não decidiram fazer uma cerimónia simbólica e digna para comemorar esse dia , respeitando todos os portugueses que não podem sair de casa ? Aí sim , a televisão teria uma audiência bombástica , com direito a palmas daqueles que assistissem em casa . Como no Domingo de Páscoa , o Papa a celebrar na Catedral de São Pedro . O mundo inteiro a assistir !

Anónimo disse...

Lá tinha que vir o Passos.

Portugalredecouvertes disse...

A RTP está de parabéns com os programas escolares!
também gosto muito da RTP2!

Anónimo disse...

Em homenagem ao dia da Terra
deixo aqui a sugestão,
se em Portugal, a nível nacional, não poderia ser feito um grande esforço para a recolha de lixo orgânico que é reciclável, em contentores separados de modo a criar adubo a utilizar nas culturas de maneira mais saudável, mais amiga do ambiente, e mais barata,
não devemos esquecer que vamos ter que poupar para pagar a falta de rendimentos

Anónimo disse...

Anónimo das 07, 47
Tem toda a razão , uma pessoa faz parte dum conselho de administração quando quer , mesmo que não ganhe nada , como é o caso , o prestígio é mais importante , e fica agarrado àquilo , grudado , não vai embora mesmo que discorde . Há pessoas assim . Outras pelo contrário , quando discordam dizem , boa tarde meus senhores , não estou aqui a fazer nada , passem muito bem . Mas isso tem um nome , e poucos o fazem , falta-lhes a tal ...

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...