quarta-feira, abril 08, 2020

Fundos para gatunos, já!

Um amigo, que reside em Lisboa, teve a sua casa assaltada, num destes dias de confinamento. Os ladrões forçaram a porta de entrada e fizeram uma “limpeza”, embora apenas no hall, provavelmente por sentirem que o resto do apartamento estava ocupado.

Sabendo do facto, telefonei-lhe. Estava sereno e construtivo: “Deve tratar-se de rapaziada que ficou sem ocupação, pelo fim da atividade no 28, onde “aliviava” turistas”. Referia-se ao pessoal que, esforçado, desde manhã cedo, se dedicava a operar no elétrico 28, que parte dos Prazeres para outros locais mais animados.

Pensando bem, a culpa não é dos larápios, é do governo. Porquê? Porque as nossas autoridades, que tenha sido anunciado, ainda não criaram uma linha de financiamento compensatório da suspensão da atividade dos carteiristas, pequenos gatunos e ofícios correlativos. Dir-se-á que não é admissível apoiar atividades ilícitas. É verdade. Mas nada impede - pelo contrário, tudo o recomenda! - que o governo financie os potenciais delinquentes. Financiar delinquentes? Leu mal. Eu não proponho que se financiem pessoas que cometam ilícitos, sugiro que se subsidiem essas pessoas a montante da execução do delito. Um carteirista, impossibilitado de subtrair uma bolsa a uma americana de passagem, nunca poderia beneficiar de uma compensação financeira se o tivesse feito. Seria imoral! Mas se receber uma ajuda financeira antes de cometer o delito, não apenas isso ajudaria a economia como, muito provavelmente, evitaria a consumação do delito (a verdade é que a americana já “desandou” de cá). Era “dois em um”! De uma coisa tenho (sempre) a certeza: a culpa de tudo isto é do governo!

Pense nisto, leitor, enquanto eu me delicio com uns gambozinos preparados de escabeche pelo Alain Ducasse, que encontrei, de máscara à Zorro, na fila para o pão no Gleba, ali em Alcântara.

4 comentários:

Luís Lavoura disse...

Eu estou preocupado com as prostitutas. Estão desempregadas, impedidas de consumar o ato ilícito. Muitas delas têm filhos a quem têm que dar de comer. Alguns desses filhos saberão no futuro alimentar-se a si próprios, mas por enquanto ainda não sabem.

Luís Lavoura disse...

O amigo do Francisco deve ser uma pessoa de classe nem alta, para ter na casa um "hall" que pode ser assaltado sem que se note no resto da casa!

Lúcio Ferro disse...

Muito bom, é uma medida preventiva da mais essencial natureza. Um fundo financiado preferencialmente pela banca para os amigos do alheio já!

Anónimo disse...

Devemos fechar a porta por dentro. Abrem-na com uma radiografia, ou algo semelhante. já me aconteceu, sem estar em casa e remexeram em tudo e levaram roupa e ouro, menos um relógio, com "matricula"que não dava para derreter, na Roménia. Foi o que me disseram.

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