sexta-feira, abril 17, 2020

“À poeta”

Alguns, poucos, eram mesmo poetas, mesmo que apenas nas horas vagas. De outros, em tempos idos, na minha terra, só se dizia que tinham um “cabelo à poeta”. Era um estilo de penteado “négligé”, usado por homens de idade madura, que deixavam o cabelo crescer na parte traseira da nuca, subindo pela gola. Raramente isso lhes ficava bem, em geral dava-lhes mesmo um ar desmazelado.

A pergunta que se me coloca, nestes tempos de confinamento, é saber quando é que poderei, finalmente, ir visitar o meu barbeiro, o senhor Joaquim Pinto, com vista a evitar que alguém, gente da minha idade e da minha terra, me possa vir a mandar a “boca” de que ando já com “um cabelo à poeta”.

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