sábado, abril 25, 2020

O voto


8 de novembro de 1925, foi o dia das últimas eleições para a Câmara de Deputados, sob a Constituição da República. Livres.

Depois, veio a ditadura militar, sucedida pelo Estado Novo. Não podendo fugir ao ritual do voto, a “democracia orgânica”, no fascismo de trazer por casa que nos saiu em rifa, organizou ritualmente “eleições”, umas fantochadas em que nem eles próprios acreditavam, mas que, no pós Segunda Guerra, obrigou o “manholas” de Santa Comba, num discurso que poluiu de hipocrisia o espaço nobre onde hoje se comemorou a liberdade, a garantir, “para inglês ver” e para que os aliados lhe salvassem a pele no dealbar da Guerra Fria, que elas seriam “tão livres como na livre Inglaterra”. Viu-se! Vieram depois as “chapeladas”, as falcatruas, com os Legionários a votarem em várias mesas. Até que, numa certa madrugada, os pusémos com dono.

Hoje, Eduardo Ferro Rodrigues, na sua intervenção na Assembleia da República, lembrou - e creio que foi o único a fazê-lo - que, faz hoje 45 anos, se realizaram eleições livres, que por cá não tinham lugar há meio século.

A partir daí, Portugal é tido no mundo por um dos países onde o sistema eleitoral é mais fiável, sem mácula democrática, tendo escolhido presidentes, deputados e autarcas de todas as principais tendências políticas.

Para o que hoje nos importa, o Movimento das Forças Armadas prometeu, no dia 25 de abril de 1974, organizar eleições livres para uma Assembleia Constituinte, a terem lugar um ano depois. No dia 25 de abril de 1975. Há precisamente 45 anos. E assim aconteceu. Convém lembrar.

6 comentários:

Unknown disse...

Portugal é tido no mundo por um dos países onde o sistema eleitoral é mais fiável. Mas também é considerado, e justamente, como um dos países mais pobres da União Europeia. O que é melhor?

Margarida Palma disse...

Margarida Palma disse

"no fascismo de trazer por casa que nos saiu em rifa", diz.

E ainda bem que foi o de trazer por casa que nos calhou!Olhe se fosse outro!
De qualquer forma:Fascismo Nunca Mais.E que Deus me ouça.

Anónimo disse...

Pobrezinhos, mas honestos.Companheiro e irmão de luta.

Carlos Diniz disse...

Também convém não esquecer que Ferro Rodrigues pertenceu a um partido que se opunha a eleições livres, por eles apelidadas de eleições burguesas.
Porque há muita gente sem memória do forrobodó do PREC.

Fernando Martins disse...

Mais ou menos livres - todos os partidos de direita foram previamente proibidos e até o o Partido da Democracia Cristã (PDC) o foi, quase na véspera. Na extrema-esquerda os partidos de que o PC não gostava tiveram idêntico castigo - Movimento Reorganizativo do Partido do Proletariado (MRPP) e Aliança Operária Camponesa (AOC).

Anónimo disse...

Unknown, antes do 25 de Abril Portugal era já o país mais pobre da Europa ocidental e muito mais longe do que a média europeia. Convém por outro lado esclarecer que é muito melhor ser um dos países mais pobres da Europa do que um dos mais ricos da maioria do resto do mundo. E é melhor ser pobre numa democracia do que numa ditadura como a do Maduro ou o Obiang
O 25 de Abril foi a melhor coisa que aconteceu a Portugal, porque só a part daí foi um país que passou a incluir todos os portugueses.
Fernando

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...