domingo, abril 12, 2020

O caminho de Moss


A rua, que depois passa a estrada, chamava-se, e chama-se, Mosseveien. Significa, literalmente, “caminho de Moss”, sendo que Moss é uma localidade a sul de Oslo. 

Estávamos na Noruega, em 1981. Eu conduzia o meu carro. Comigo ia o vila-realense Álvaro Magalhães dos Santos, que desde há muito tinha migrado para Lisboa, ali de visita. Quando lhe disse que estávamos no “caminho de Moss”, esse meu amigo reagiu: “Quem não deve gostar desta estrada é o Behra!”. As nossas “respetivas” ficaram a olhar para nós, sem perceber. Nós sorrimos, crípticos.

Em 1958, Stirling Moss venceu o circuito internacional de Vila Real. Jean Berha ficou no segundo lugar no pódio.

Moss era uma estrela da Fórmula Um, sendo que a história da competição automóvel o consagrou como o grande campeão que nunca conseguiu ter um título mundial. Behra, comparado com ele, como “corredor de automóveis”, estava a grande distância.

As “corridas” de Vila Real, por esse tempo, trazendo à cidade algumas figuras relevantes do automobilismo mundial, não contavam para qualquer prova. Eram apenas exibições, embora magníficas.

Só muitos anos mais tarde vim a saber que esse resultado, em 1958, tinha sido combinado, que a vitória de Moss sobre Behra já estava decidida à partida. Senti-me frustrado. Não sei se cheguei a comentar isso com o Álvaro, que já se foi há muito.

Repito aqui a fotografia, a cores!, de Moss e Behra, em Vila Real. Moss à frente, Behra já atrás, como combinado.

Stirling Moss morreu hoje, aos 90 anos. Behra morreu, num acidente numa prova, em 1959, no ano seguinte à sua presença em Vila Real.

6 comentários:

Anónimo disse...

Às vezes é melhor não saber o que se passa realmente !

Cícero Catilinária disse...

Moss, um grande campeão, mas um "rei sem coroa".
A imagem, se não erro, é da zona de entrada na Timpeira, não será Sr. Embaixador?

Anónimo disse...

Se não estou em erro, o Moss chegou a correr também no circuito da Boavista no Porto.

Reaça disse...

Como é que gente desta, até o Fangio, vinham correr ao Portugal piolhoso daquele tempo, e que nem vinha no mapa?

E hoje, com estes luxos todos, nem lhe pomos a vista em cima a esses monstros?

Sinceramente, há histórias muito mal explicadas!

Anónimo disse...

Em 1958 Moss ganhou o Grande Prémio do Porto e o Jean Behra ficou em quarto.
Fantástica corrida que assisti na Vilarinha, em casa de Manuel de Oliveira.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Grande_Pr%C3%A9mio_de_Portugal_de_1958

Anónimo disse...

Deliciosas as suas histórias, como de resto já nos habituou. Bem haja

Poder é isto...

Na 4ª feira, em "A Arte da Guerra", o podcast semanal que desde há quatro anos faço no Jornal Económico com o jornalista António F...