Cada vez mais, as viagens aéreas
estão transformadas num tormento, com as crescentes exigências de segurança.
Depois da tragédia de Paris, posso crer que esses controlos devem estar hoje no
máximo, com toda a inevitável incomodidade que isso provoca em quem viaja. Cada
vez tenho menos paciência para aquela cena de tirar os computadores, para os
saquinhos dos líquidos, para os sapatos e os cintos e tudo o resto que tilinta.
Mas é inevitável, para quem tem de viajar.
Nos dias que correm, há que ir para
os aeroportos com uma imensa antecedência e, no caso das viagens entre Lisboa e
Porto, prefiro cada vez mais os comboios, de que não gosto por aí além, à ideia
de duas "revistas" desagradáveis. Ainda no que toca a aviões, dou-me
por feliz por não ter de fazer, nas próximas semanas, duas deslocações de
trabalho que estavam planeadas ao estrangeiro.
Mas nem sempre foi assim. Recordo-me bem da minha primeira ida aos Estados Unidos, logo no início dos anos 70.
O "shuttle" aéreo entre Washington e Nova Iorque funcionava da
seguinte forma:
1. Entrávamos no aeroporto e
dirigiamo-nos, sem qualquer reserva prévia, à porta de embarque. Aí, num
balcão, colocávamos a bagagem para despachar.
2. Recebíamos uma senha numerada,
para recuperar a bagagem à chegada.
3. Davam-nos uma outra senha,
também numerada, mas de outra cor, para embarcar.
4. Não havia lugares marcados,
era "free sitting", com a ordem de chamada para o avião pelo número.
5. Pagava-se o bilhete durante a viagem, como hoje acontece com as compras a
bordo.
6. À saída do avião, mostrávamos o talão eram-nos entregues as malas.
Controlo de metais, identificação
dos passageiros, revista de bagagens – nada disso existia nesses voos internos.
Agora, vou contar-lhe uma
experiência mais recente, cerca de dois anos, num determinado aeroporto. Vou
referir os controlos por que passei:
1. Entrada do aeroporto:
radiografia de toda a bagagem e controlo de metais nas pessoas que acediam ao
hall, mesmo que não fossem viajar.
2. Balcão de
"check-in": apresentação do passaporte e da reserva. Recebemos o
cartão de embarque.
3. Balcão, ao lado, de
"conferência de documentos": apresentação do passaporte e do cartão
de embarque. Carimbo no cartão de embarque. Recebemos o boletim de saída, para
preencher.
4. Polícia de fronteira:
verificação e carimbagem do passaporte, do cartão de embarque e entrega do
boletim de saída preenchido.
5. Segurança: radiografia da
bagagem de mão, controlo pessoal de metais, controlo separado de líquidos, de
computadores e telemóveis.
6. Alfândega: apresentação do
passaporte e cartão de embarque. Conferência apenas.
7. Porta de embarque:
apresentação do passaporte e cartão de embarque, que nos é devolvido. Registo
informático do passageiro.
8. Início da "manga" (a
três metros do controlo anterior): conferência do passaporte e cartão de
embarque, deste ficando retida a parte mais larga.
9. Final da "manga",
junto à porta do avião: um funcionário faz a abertura e verificação manual de
toda a bagagem de mão.
10. Também no fim da
"manga", junto à porta do avião: outro funcionário procede à revista
manual, com detetor de metais, do vestuário.
11. Já dentro do avião: é
verificada por um funcionário a conformidade do talão correspondente ao assento
com o passaporte.
Uma nota final: este caso
passou-se no aeroporto da capital de um país muçulmano.
As viagens aéreas já não são o
que eram! Com justificada nostalgia se pode delas dizer: "bons velhos
tempos!"
2 comentários:
Caro Francisco
Sem ser saudosista, que saudade das viagens desse tempo.
Utilizar os aviões transformou-se, hoje, num martírio. Além de se ter a certeza de não ser bem tratado.
Na última saída que fiz, não houve nada que não fosse passado a pente fino...
E sou clarinha. O que seria se fosse morena!
Ou muito me engano ou foi na Turquia onde há uns dois anos passei por coisa semelhante!
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