Não sou muito de luas, mas ontem, ao ouvir que a próxima “boa lua” só seria daqui a 105 anos, tive um sobressalto: esta lua, com eclipse e tudo, não me ia escapar! É que, daqui a 105 anos, o céu pode estar nublado e nunca se sabe.
Porém, o evento lunar coincidia com um jantar em casa de amigos, cujo menu evito detalhar, porque o país, em matéria de inveja, já teve a sua dose de fim-de-semana com “a minha casinha” do Robles. Fui assim para o repasto, mas sempre com a cabeça na lua. Pelo caminho, fui olhando à volta, mas nada de lua! Do lado, no carro, ouvi, a ironizarem: “Não é um eclipse? Então não se vê a lua!”.
Chegámos. O jantar lá avançou, o champanhe que antecedeu um belo alvarinho estava no ponto de fresco. A conversa e as vitualhas (não insistam, não digo o menu!) foram marchando, até que, sobremesa passada (grande ameixas do quintal da casa e umas cerejas de truz, queijos e gelado à parte!), o apelo da lua foi maior do que eu.
Fui ao jardim e o céu dali nada tinha de excitante. Voltei para dentro, pedi desculpa e saí para a rua. Lua, nada! Meti-me no carro, abri o tejadilho (às vezes, as coisas caem do céu) e fui andando até uma daquelas rotundas sem saída, aí a trezentos metros. Olhei para cima e lá estava ela, ao fundo, rosada como uma moçoila corada perante um piropo (é proibido, eu sei!). Gandalua! Como não sou egoísta, voltei logo à casa, ao pessoal do jantar, e convidei todos a virem comigo (de carro, claro!), ver a lua, cujas maravilhas de aspeto fui descrevendo. Todos se acomodaram, cintos postos e lá fomos, para uma viagem para ver a lua.
Arranquei e, 20 metros depois, não mais!, um dos viajantes do passeio à lua exclamou: “Lá está ela!”. E estava! A “olhar para nós”! Estaquei o carro. Saíram todos. A gozarem-me. Afinal, a lua via-se dali, quase da saída da porta, e eu, antes, tinha andado 300 metros até levantar a cabeça e olhá-la. A missão lua acabou um minuto depois. Aviada assim aquela bem sucedida expedição astronómica, perguntei se alguém queria “regressar” casa, de carro! E não é que duas senhoras se instalaram no banco de trás, só para terem o gosto de andarem os vinte de metros, conduzidas por um embaixador humilhado?! Saiu-me cara, em dignidade, esta minha ida à lua!
Arranquei e, 20 metros depois, não mais!, um dos viajantes do passeio à lua exclamou: “Lá está ela!”. E estava! A “olhar para nós”! Estaquei o carro. Saíram todos. A gozarem-me. Afinal, a lua via-se dali, quase da saída da porta, e eu, antes, tinha andado 300 metros até levantar a cabeça e olhá-la. A missão lua acabou um minuto depois. Aviada assim aquela bem sucedida expedição astronómica, perguntei se alguém queria “regressar” casa, de carro! E não é que duas senhoras se instalaram no banco de trás, só para terem o gosto de andarem os vinte de metros, conduzidas por um embaixador humilhado?! Saiu-me cara, em dignidade, esta minha ida à lua!