sábado, setembro 07, 2024

"De Rodriguez"


Todos os espanhóis de uma certa idade sabem bem o que significa "estar de Rodriguez". Há mesmo um filme sobre isso. Trata-se da situação de um cidadão que permanece na capital enquanto a família passa férias de verão em outro local. Não faço ideia quem possa ter sido o "señor Rodriguez", mas a verdade é que ganhou o seu lugar no imaginário social madrileno e espanhol.

Na leitura clássica que consagrou a expressão, estar "de Rodriguez" pressupõe a potencial adoção de comportamentos, em termos de entretenimento pessoal por parte dos maridos, eventualmente algo disruptivos face àquilo que uma cultura matrimonial tradicional poderia recomendar. (Espero tenham apreciado o eufemismo da fórmula que acabam de ler. Deu trabalho a construir!)

Pois, para mim, no dia de hoje, o estatuto "de Rodriguez", como se vê pela imagem junta, levou-me simplesmente a ir às compras. Quanto gastei? Toda a virtude tem o seu preço.

6 comentários:

Flor disse...

Lá vem mais livros : ) : )

manuel campos disse...

“Adorei, adorei, adorei” como nos legou João César Monteiro no filme “Recordações da Casa Amarela”.

“Potencial tentação para adotar comportamentos, no tocante ao entretenimento pessoal dos maridos nessa penosa solidão temporal, eventualmente algo disruptivos face àquilo que uma cultura matrimonial tradicional poderia recomendar.” deveria a partir de hoje estar em todos os dicionários.

No da Real Academia Española já está, ainda que de forma muito formal e sem as enormes possibilidades que esta sua definição traz.
“La aceptación de esa imagen fue tan absoluta que la Real Academia Española (RAE) acabó incluyendo en la vigésima edición de su diccionario (1985) el término rodríguez, cuya definición es: "Hombre casado que se queda trabajando mientras su familia está fuera, normalmente de veraneo".” (El Mundo, 19/01/2023).

mário matos e lemos disse...

Quando os maridos ficavam em Madrid e as mulheres e os filhos iam de férias, costumavam frequentar a zona de recoletos, a que, por graça, se chamava a Praia de Recoletos. Aí, os circunspectos veraneantes tinham as suas aventuras a<morosas mas quando as pequenas lhes perguntavam o nome a resposta era sempre a mesma: Rodriguez. Daí, a expressão estar «de Rodriguez».

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Mário Matos e Lemos. Que é feito do meu amigo?

Francisco Seixas da Costa disse...

Caro Mário Matos e Lemos. Que é feito do meu amigo?

Nuno Figueiredo disse...

19:58 se me permite, é "um homem com qualidades"...

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