quarta-feira, setembro 18, 2024

A importância de um comissário

Para avaliar a importância de uma pasta no colégio de comissários europeus importa saber se o seu "portfolio" controla, nos termos dos tratados, competências próprias da União ou se apenas temáticas que ainda relevam dos poderes nacionais. É nas primeiras que reside o verdadeiro poder.

Contrariamente ao critério saloio de que, para um país, o importante é que ao "seu" comissário seja atribuída uma pasta que cubra os seus interesses nacionais diretos, a experiência prova que muito mais relevante é que ele controle áreas em que os outros Estados lhe tenham de vir "comer à mão".

Finalmente, um critério simples, e quase "numérico", para avaliar a importância de uma pasta no colégio de comissários é conhecer o envelope financeiro que por ele passa a ser diretamente controlado. Há comissários que não dispõem de quaisquer verbas dessa natureza.

8 comentários:

Luís Lavoura disse...

Resta também saber se as "competências próprias da União" podem efetivamente ser exercidas, ou se são sistematicamente vetadas pelos Estados, ou sabotadas pelos mais poderosos de entre eles.
No caso da União dos serviços financeiros que Maria Luís Albuquerque irá tutelar, há muito se sabe que na União Europeia deveria em princípio haver liberdade de prestação de tais serviços mas que, na prática, tal liberdade não existe, pois que os Estados não abrem mão dos seus monopólios.

Anónimo disse...

Pelas reações ao Pelouro atribuído à ex-ministra, e provavelmente, ainda quadro da Morgan Stanley, trata-se de uma pasta muito importante. O Primeiro-ministro diz mesmo que é “uma pasta crucial”, aguardo que alguém lhe pergunte, e ele responda, “crucial” em quê e para quem.

Curioso é que Portugal tenha dado um Presidente à Comissão, que, findo o mandato, transitou diretamente para a Goldman Sachs e que agora indique uma Comissária que segue diretamente da Morgan Stanley para cuidar da “união do mercado de capitais” e do “fomento do investimento privado”. É um só um detalhe.

Preocupante parece ser o que, segundo o Jornal Económico, “Ursula Von der Leyen pede à nova Comissaria, que se debruce sobre o potencial das pensões privadas e profissionais para ajudar os cidadãos da UE na sua reforma”.

Não corresponderá a uma orientação para a privatização da Segurança Social? Se for, o Mercado de Capitais agradece.
J.Carvalho

Anónimo disse...

Tudo dentro do maior respeito pela LIBERDADE e DEMOCRACIA!
Tony Fedup

manuel campos disse...

Não me vou "estender" que tenho outro dia "maluco".
A Segurança Social, tal como a concebemos até hoje, baseada no "esforço intergeracional" acabou, daqui a 25 anos (uma geração) haverá 3 idosos (mais de 65 anos) para cada jovem (menos de 15 anos).

Preocupo-me com isto há muitos anos porque tenho filhos todos com mais de 50 anos (e vão ter, em termos relativos, talvez metade da pensão que eu tenho) e netos todos com mais de 20 anos (mas isso é uma questão "mais longínqua").
Há excelentes exemplos por aí de que há "outros caminhos" e claro que passam por soluções mistas publico/privado, como já passam na saúde (há um milhão e meio de pessoas que nunca irão ter médico de família porque até alguns que o tinham desde sempre deixaram de o ter por não irem lá muito - nós aqui em casa, por exemplo).
Mas claro que é preciso ter filhos e netos e/ou preocupar-nos com eles para pensarmos para além dos anos de vida que nos restam.

manuel campos disse...

Adenda porque anda tudo muito nervoso.
Não nos "tiraram" o médico de família.
Fomos informados por escrito (não foi de boca, tenho as cartas) há já uns anos que o nosso médico de família tinha-se ido embora e que não era possível substitui-lo, pelo que nos deveriamos dirigir aí a "outro local lá indicado" e ser atendidos por quem calhasse (suponho eu pois felizmente posso ter seguro de saúde e nunca lá fomos).
Isto aconteceu a mais pessoas aqui na zona, em idênticas circunstancias.
Estou totalmentede acordo que, na falta de médicos, sejam redistribuídos pelos médicos existentes os utentes que realmente precisam deles e que os que nunca precisaram muito (tenho seguro de saúde desde 1990) e portanto pouco lá foram, fiquem numa "bolsa" como esta. Repito: totalmente.
Só contei a história porque este é o presente e será o futuro para muita gente, mas quem não passa por estas coisas não sabe (e muitas vezes prefere não saber).
Nota- Filhos e netos têm "médico de família" nos respectivos "centros de saúde", curiosamente todos eles vivem em zonas por assim dizer "ricas" comparadas com esta onde eu vivo.

Joaquim de Freitas disse...

Pasta importante ou não, o que é certo é que Ursula von der Leyen « sacudiu” o Comissário francês, Thierry Breton, com o qual não se acordava! ““à luz dos últimos desenvolvimentos – que mais uma vez demonstram uma governação questionável – devo concluir que já não posso exercer as minhas funções no Colégio”. Úrsula não gostou. Ela não foi eleita por ninguém, mas manda…e comanda!

Emmanuel Macron, baixou a cabeça e propôs outro francês! Esta é mais uma “amostra” da decadência da influência da França nas instâncias europeias.

Nunca Chirac ou Sarkozy, e muito menos De Gaulle, teriam aceite o “dicktat” alemão !

Anónimo disse...

Tudo dentro do maior respeito pela LIBERDADE e DEMOCRACIA!
Tony Fedup

manuel campos disse...

Dia mais calmo até ver e “Errata” que se impõe pois não faz o meu estilo não emendar os erros quando dou por eles, o “toca e foge porque ninguém viu” não é comigo e gosto de escrever sobre coisas que possam ser úteis a outros.
Como ainda um dia destes aqui disse, se alguma destas minhas “crónicas” contiver informações ou descrições que forem úteis ou do agrado de 10% dos leitores já estamos a falar de uma 200 pessoas, se 30% assim o acharem já serão 600.

Fui procurar as cartas de que falei acima e a última não diz que o médico se tinha ido embora (eu sei porque fui lá perguntar), diz que não temos médico atribuído e “…que não será possível de imediato atribuir-lhe um novo…” e “…que a mesma não dispõe de recursos para assegurar o seguimento de utentes sem médico de família…” pelo que transferiram a nossa inscrição para uma “unidade especial” (expressão minha).
E prometem tentar arranjar outro tão rápido quanto possível.
Em carta anterior uns anos (também a tenho) tinha sido alertado para o Despacho nº 4389/2015 de 30 de Abril do Ministério da Saúde, tendo cumprido com o mesmo no dia seguinte a receber a carta apesar do prazo ser de 90 dias.
Dado que minha mulher é tratada na Fundação Champalimaud praticamente desde a inauguração (tem um número de utente que a “classifica como veterana” na nossa gíria) e eu não tenho nada no coração, nos pulmões nem nas análises (tirando a habitual “glândula” crescida mas benigna), não fomos de facto grandes frequentadores dali.
Por isso é de elementar bom senso que não estejamos ali a empatar o lugar de quem precisa mesmo de lá ir, como é de elementar bom senso que quem pode ter um seguro de saúde “liberte” espaço nos centros de saúde mais complicados não indo lá só porque não tem mais nada que fazer, pois nem sempre é assim, conheço muita gente com dinheiro e seguro que continua a caminho dos centros de saúde por tudo e por nada, num espirito de algum “miserabilismo” que neles não me espanta, são também assim noutras coisas.
Ora em conversa com um neto (que vive em Alvalade) e que aí jantou ontem, enquanto procurava as tais cartas acima referidas veio-me à cabeça que haverá uma certa lógica para que as “zonas ricas” tenham mais facilidade de acesso a estes serviços pois há menos gente no limiar de subsistência (e portanto mais seguros de saúde) e muito menos imigrantes a viver do que aqui em zona antiga.

Quanto às reformas que obrigam a um repensar total nesta UE num processo de envelhecimento acelerado das populações e de morte menos lenta do que se gostaria do Estado Social tal como ele existe hoje, não sei se uma geração chega, mas que prefiro que seja gente com experiência da vida financeira a burocratas à espera da reforma, lá isso prefiro e de longe, quem está aí a 15 anos da reforma (os meus filhos, por exemplo) já não irá a tempo de grandes melhorias mas quanto mais depressa isso começar a ser resolvido melhor (é um problema de toda a Europa, relembro).
Ou pensam que os actuais reformados suiços vivem como vivem com uma pensão de reforma oficial com aqueles plafonamentos se não tivessem alternativas privadas (mas eles não estão “pendurados” de burocratas).


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